As idéias de Platão e a Educação no Brasil
Um pouco de história: Muitos estudiosos consideram Platão o primeiro pedagogo que existiu. O filósofo grego, discípulo de Sócrates, viveu no século IV a.C., tendo concebido um sistema educacional integrado a uma dimensão ética. Platão começa por defender uma sólida formação básica que evolui até elevados estudos filosóficos, considerando que só indivíduos especialmente dotados poderiam chegar à filosofia. Para se chegar a este nível de educação, seria necessário passar por um nível de formação básica, ao qual deu o nome de educação preparatória, que teria por função desenvolver de forma harmoniosa o espírito e o corpo. Segundo relatos de Platão, a cidade de Atenas negligenciava a educação de sua juventude, desinteressava-se e deixava-a nas mãos dos particulares. Segundo ele, o Estado deveria se preocupar mais com a formação daqueles que seriam os seus futuros cidadãos.
De volta ao século XXI: Segundo uma pesquisa sobre a educação brasileira divulgada na revista VEJA em Agosto de 2008, 60% dos estudantes chegam ao fim da 8ª. série sem saber interpretar um texto ou efetuar operações matemáticas simples e algo em torno de 16% repetem a 1ª. série do ensino fundamental. Em uma lista de 57 países, o Brasil está em 52º lugar em Ciências e em 53º lugar em Matemática. Exames nacionais e internacionais mostram que nossos estudantes têm dificuldade em formular suas ideias, escrever e de compreender o que leem. Em uma outra pesquisa, o Brasil se colocou em 136º lugar no ranking de repetência do Ensino Fundamental entre 150 países pesquisados. A taxa de reprovação brasileira caiu nos últimos anos, mas ainda é alta, 19% contra apenas 3% da média mundial.
Reflexão: Infelizmente, vivemos em um país onde a educação vem sendo tratada, há décadas, como política de governo e não como política de estado, de forma que regras são mudadas a cada novo presidente, sendo inventados novos modelos e novas formas de avaliação e regulação. Nos últimos tempos, nem política de governo estamos tendo, pois cada vez que muda o Ministro da Educação, no mesmo governo, muda tudo outra vez! Estamos vivendo uma “política de ministros” no setor da educação ! Acho que o leitor há de concordar comigo que, desta forma, não conseguimos os avanços nesta área, que é tão necessária e fundamental ao nosso país ! Ao invés de sempre “reinventarmos a roda”, deveríamos nos espelhar em exemplos de países com características semelhantes ao Brasil e que implementaram políticas educacionais de sucesso, como Coreia do Sul e Chile. Eles estavam há algumas décadas atrás em situação idêntica à brasileira, mas hoje estão muito à nossa frente, graças a políticas públicas sérias e duradouras na área educacional.
E o governo Lula ? Ao meu ver, vem tratando o assunto de trás para frente. Primeiro focou o ensino superior e só agora voltou os olhos para a educação básica. Começou mudando o sistema de ingresso ao ensino superior através do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e o polêmico sistema de cotas raciais, além de financiar o estudo das classes menos favorecidas através do programa de crédito educativo chamado PROUNI e aumentar o número de universidades públicas em todo o país. São medidas importantes, não restam dúvidas, e que seguramente vão melhorar os índíces relativos ao ensino superior do país.
Entretanto, um questionamento é importante realizar: qual o nível destes alunos que estão chegando ao 3º grau ? Pesquisas revelam que algo em torno de 50% dos jovens que estão tendo acesso à universidade através destes programas não passam no primeiro período dos cursos escolhidos, mesmo nas faculdades mais fracas, pois falta-lhes uma base mais sólida do ensino fundamental e médio, normalmente cursados em escolas públicas. A solução certamente passa pelo fortalecimento dos anos escolares iniciais das escolas públicas, de forma que as vagas então geradas nas universidades possam ser ocupadas por alunos mais bem preparados e menos sujeitos a reprovações e evasão escolar.A educação preparatória conceituada por Platão, básica para a formação sólida do cidadão, nunca se fez tão necessária como no Brasil deste novo século. Também suas preocupações no que diz respeito ao desprezo das autoridades pela educação básica e ao papel dos particulares no ensino também ecoam como sérios problemas do nosso país. O tempo passa, o tempo voa. E parece que as angústias que afligem a humanidade continuam as mesmas. E a Filosofia, mãe de todas as ciências, nos prova ser capaz de nos ajudar, olhando o passado, conduzindo o presente e iluminando o futuro. Nos vemos em Abril. Um abraço a todos e até lá.
Este Blog foi concebido para que sejam publicadas as colunas mensais de nome "Filosofia & Cia", escritas para o Jornal Cultural "Conhece-te a ti mesmo", as colunas mensais "Gestão e Liderança" escritas para a Revista Ideia e a coluna semanal "Falando de Educação", do Jornal Expressão Regional, todas publicações veiculadas na cidade de Conselheiro Lafaiete - MG.
terça-feira, 17 de março de 2009
terça-feira, 3 de março de 2009
Gestão e Liderança - Ano I - Número 1 - Fevereiro de 2009
A Gestão do Conhecimento no mundo moderno
O que é, o que é ? Quanto mais eu compartilho, mais eu tenho ... Quantos mais usarem, maior o valor ... Acertou quem disse: conhecimento, considerado o bem mais valioso do mundo moderno e o principal fator de produção do século XXI. O conhecimento possui uma lógica econômica que difere radicalmente de todas as outras, pois não segue a teoria da escassez, e sim, a da abundância. Segundo o guru da administração, Peter Drucker, “os grandes ganhos de produtividade, daqui para a frente, advirão das melhorias na gestão do conhecimento” . Especialistas afirmam que, no mundo atual, o conhecimento gera cerca de 55% da riqueza mundial.
Vejamos alguns exemplos interessantes: a banana Sigatoga amarela tem exatamente o mesmo sabor da banana tradicional. Entretanto, é 20% maior e amadurece 3 meses antes que a original, além de ser possível produzir 70% a mais de fruta por hectare. As latas de alumínio, por sua vez, são 20% metal e 80% tecnologia. Gastam menos energia e menos matéria-prima para serem produzidas, pois são 80% mais finas do que as primeiras latas que surgiram para armazenar cervejas, refrigerantes e similares. Isto sem falar no poder de manter o valioso líquido de seu interior gelado por muito mais tempo! O que têm a banana Sigatoga e a lata de alumínio em comum é o uso intensivo do conhecimento e da inovação nas atividades produtivas modernas.
As transformações estão se dando em tamanha intensidade e tão rapidamente que ninguém duvida que já vivemos na chamada “Sociedade da Informação e do Conhecimento”. Alguns especialistas não temem em dizer que já vivemos em uma Economia do Conhecimento. Neste tipo de economia, a produção é flexível, acontece em tempo real e valoriza os ativos intangíveis, ao contrário da produção em escala, de longo prazo e de ativos tangíveis da Economia Industrial, reinante até bem pouco tempo atrás.
Mas, com certeza, a maior transformação está acontecendo no perfil das pessoas no mercado de trabalho. O profissional especialista da Economia Industrial está sendo substituído pelo trabalhador do conhecimento, um ser polivalente, que deve ser especialista e generalista ao mesmo tempo. Ambas as características são desejáveis em uma só pessoa, pois ela deve conhecer muito de sua área, onde teve sua formação específica, mas deve também ser possuidor de uma ampla cultura geral e domínio de áreas afins à escolhida. Sua principal tarefa é pensar e suas principais habilidades são mentais. Seu poder não está nos músculos, mas sim em seu cérebro. Seu processo de trabalho é não-linear e, além de utilizar intensamente as informações disponíveis, cabe a ela também criar novas informações e conhecimento.
Todas estas mudanças acarretam também alterações importantes no papel do líder ou da pessoa que deve gerenciar estes novos trabalhadores do conhecimento. Aliás, dizem que não “gerencia-se” pessoas, mas “lidera-se” as mesmas. O objetivo passa a ser então tornar produtivos as forças internas e o conhecimento específico de cada trabalhador. Para encerrar, sugiro uma reflexão, a partir de uma frase muito interessante, de autor desconhecido, encontrada em uma oficina mecânica de uma cidade do interior:
“Prática é quando tudo funciona e ninguém sabe por que. Teoria é quando nada funciona, mas a gente sabe por que. Neste recinto, se conjugam teoria e prática: nada funciona e ninguém sabe por que”.
O que é, o que é ? Quanto mais eu compartilho, mais eu tenho ... Quantos mais usarem, maior o valor ... Acertou quem disse: conhecimento, considerado o bem mais valioso do mundo moderno e o principal fator de produção do século XXI. O conhecimento possui uma lógica econômica que difere radicalmente de todas as outras, pois não segue a teoria da escassez, e sim, a da abundância. Segundo o guru da administração, Peter Drucker, “os grandes ganhos de produtividade, daqui para a frente, advirão das melhorias na gestão do conhecimento” . Especialistas afirmam que, no mundo atual, o conhecimento gera cerca de 55% da riqueza mundial.
Vejamos alguns exemplos interessantes: a banana Sigatoga amarela tem exatamente o mesmo sabor da banana tradicional. Entretanto, é 20% maior e amadurece 3 meses antes que a original, além de ser possível produzir 70% a mais de fruta por hectare. As latas de alumínio, por sua vez, são 20% metal e 80% tecnologia. Gastam menos energia e menos matéria-prima para serem produzidas, pois são 80% mais finas do que as primeiras latas que surgiram para armazenar cervejas, refrigerantes e similares. Isto sem falar no poder de manter o valioso líquido de seu interior gelado por muito mais tempo! O que têm a banana Sigatoga e a lata de alumínio em comum é o uso intensivo do conhecimento e da inovação nas atividades produtivas modernas.
As transformações estão se dando em tamanha intensidade e tão rapidamente que ninguém duvida que já vivemos na chamada “Sociedade da Informação e do Conhecimento”. Alguns especialistas não temem em dizer que já vivemos em uma Economia do Conhecimento. Neste tipo de economia, a produção é flexível, acontece em tempo real e valoriza os ativos intangíveis, ao contrário da produção em escala, de longo prazo e de ativos tangíveis da Economia Industrial, reinante até bem pouco tempo atrás.
Mas, com certeza, a maior transformação está acontecendo no perfil das pessoas no mercado de trabalho. O profissional especialista da Economia Industrial está sendo substituído pelo trabalhador do conhecimento, um ser polivalente, que deve ser especialista e generalista ao mesmo tempo. Ambas as características são desejáveis em uma só pessoa, pois ela deve conhecer muito de sua área, onde teve sua formação específica, mas deve também ser possuidor de uma ampla cultura geral e domínio de áreas afins à escolhida. Sua principal tarefa é pensar e suas principais habilidades são mentais. Seu poder não está nos músculos, mas sim em seu cérebro. Seu processo de trabalho é não-linear e, além de utilizar intensamente as informações disponíveis, cabe a ela também criar novas informações e conhecimento.
Todas estas mudanças acarretam também alterações importantes no papel do líder ou da pessoa que deve gerenciar estes novos trabalhadores do conhecimento. Aliás, dizem que não “gerencia-se” pessoas, mas “lidera-se” as mesmas. O objetivo passa a ser então tornar produtivos as forças internas e o conhecimento específico de cada trabalhador. Para encerrar, sugiro uma reflexão, a partir de uma frase muito interessante, de autor desconhecido, encontrada em uma oficina mecânica de uma cidade do interior:
“Prática é quando tudo funciona e ninguém sabe por que. Teoria é quando nada funciona, mas a gente sabe por que. Neste recinto, se conjugam teoria e prática: nada funciona e ninguém sabe por que”.
Marcadores:
Conhecimento,
Gestão do Conhecimento,
Gestão e Liderança
Coluna "Gestão e Liderança" da Revista Ideia
A partir de agora você pode acompanhar, aqui no Blog, a coluna "Gestão e Liderança", que é publicada mensalmente na Revista Ideia, em Conselheiro Lafaiete.
Assinar:
Postagens (Atom)