sábado, 23 de outubro de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 69 – 23 de Outubro de 2010

Tecnologia a serviço de Deus !

Por de Deus, tenham um blog!, disse recentemente o papa Bento XVI aos padres católicos, afirmando que eles devem aprender a usar novas formas de comunicação para espalhar as mensagens do evangelho. "Os padres são assim desafiados a proclamar o evangelho empregando as últimas gerações de recursos audiovisuais - imagens, vídeos, atributos animados, blogs, sites – que, juntamente com os meios tradicionais, podem abrir novas visões para o diálogo, evangelização e catequização", disse ele.

Em sua mensagem para a Igreja Católica no Dia Mundial da Comunicação, o Papa, 82 anos, conhecido por não amar computadores ou a internet, reconheceu que os padres devem aproveitar ao máximo o rico menu de opções oferecido pelas novas tecnologias. Os padres, disse ele, precisam responder aos desafios das mudanças culturais de hoje se quiserem chegar aos mais jovens. Mas Bento XVI alertou os padres de que não tentem tornarem-se estrelas da nova mídia. "Os padres no mundo das comunicações digitais devem ser mais chamativos pelos seus corações religiosos do que por seus talentos comunicativos", foi a sua mensagem.

No ano passado, um novo site do Vaticano, www.pope2you.net, foi lançado, oferecendo um novo aplicativo chamado "O Papa se encontra com você no Facebook", e outro permitindo acesso aos discursos e mensagens do Papa nos iPhones ou iPods dos fiéis. Bento XVI ainda escreve a maior parte de seus discursos à mão, em alemão, e seus ajudantes mais jovens ficam a cargo de colocá-los em conteúdo digital.

Os meios de comunicação de todo o mundo também estão anunciando a notícia de que o reverendo italiano Paulo Padrini desenvolveu um aplicativo para e-books que permitirá aos padres celebrar missas com o aparelho em vez do tradicional livro missal. Padrini, que é consultor do Conselho de Comunicação do Vaticano, disse que o aplicativo gratuito será lançado neste segundo semestre, em inglês, francês, espanhol, italiano e latim.

Dois anos atrás, Padrini criou o iBreviary, um aplicativo para iPhone que trazia o livro de orações diárias utilizado pelos sacerdotes. O reverendo disse que o aplicativo para iPad é similar, mas que trará o missal completo - contendo tudo que é dito e cantado durante as missas em todo ano litúrgico. Tudo isto faz parte de algumas tentativas que o papa Bento XVI tem feito para se aproximar dos jovens por meio das novas tecnologias.

O papa vem constantemente convidando a Igreja Católica a aderir às novas tecnologias, como a internet, mas adverte sempre sobre perigos existentes, como o controle das pessoas e o relativismo moral e intelectual. Bento XVI recebeu há algumas semanas em audiência cerca de 8 mil participantes do Congresso ‘Testemunhas digitais. Rostos e linguagens da era da crossmedia’. "Sem temores, temos de nos aventurar no mundo digital, de coração aberto e com a mesma paixão que há 2 mil anos conduzimos a barca da Igreja", disse o papa aos participantes à audiência. O Pontífice ressaltou que "os meios modernos estão há tempos inseridos em nossas vidas, através das comunidades eclesiásticas”.

Em seu discurso, acrescentou que a rede, que, em princípio, tem uma vocação "igualitária e pluralista", também "divide". O digital "separa os incluídos dos excluídos e soma-se às outras diferenças já existentes que afastam às nações, disse". Segundo ele, "aumentam também os perigos do controle, do relativismo intelectual e moral, que se reconhece na flexão do espírito crítico, na verdade reduzida ao jogo de opiniões, e nas múltiplas formas de degradação e humilhação da intimidade das pessoas".

Em seu discurso, o papa também indicou os meios que "podem se transformar em fatores de humanização, não só quando, graças ao desenvolvimento tecnológico, oferecem maior possibilidade de comunicação e de informação, mas quando se organizam para e orientados para a luz de uma imagem da pessoa e do bem comum que respeite aos princípios universais".

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 68 – 16 de Outubro de 2010

Curiosidades sobre os E-books ...

O americano James Patterson se tornou o primeiro escritor a vender um milhão de livros digitais, informou a editora Hachette Book Group, filial da francesa Hachette Livres. O criador do detetive Alex Cross (vivido no cinema pelo ator Morgan Freeman) já vendeu 1,14 milhão de livros digitais. "Com cada vez mais pessoas lendo em seus iPads, criar edições digitais que sejam interessantes, agradáveis para o leitor e com características adicionais é cada vez mais importante", disse Patterson. O autor, que já vendeu mais de 205 milhões de livros de papel por todo o mundo, também declarou que "se os livros eletrônicos fazem ler quem não compraria um livro, fico alegre com isto".

A loja online Amazon anunciou no mês passado que as vendas de seu leitor eletrônico Kindle triplicaram desde que seu preço caiu de US$ 259 para US$ 189, no final de junho, e que vendeu mais livros eletrônicos (e-books) que físicos no último trimestre. A companhia não divulgou dados concretos sobre as vendas do Kindle, mas aponta em comunicado de imprensa que o equipamento continua sendo seu artigo mais vendido há dois anos. Segundo a empresa, as vendas do Kindle tiveram crescimento em todos os meses do segundo trimestre do ano. Além disso, uma boa notícia é que a Amazon também informou que as vendas de livros no formato tradicional não pararam, pelo contrário, também continuam crescendo.

Segundo o fundador e executivo-chefe da Amazon, Jeff Bezos, a empresa vende livros há 15 anos e oferece e-books há apenas 33 meses, tendo classificado como "assombroso" o fato de as vendas de livros digitais superarem às de livros em papel, levando em conta o pouco tempo dedicado a esse negócio. A companhia apontou que, nos últimos três meses, para cada 100 livros em papel vendidos pelo Amazon.com, a companhia vendeu 143 eletrônicos, número que aumentou em Junho, quando, para cada 100 livros físicos, foram comprados 180 e-books. Outra informação curiosa disponibilizada pela empresa é que no último dia de Natal de 2009, aconteceu pela primeira vez o fato de que os clientes da Amazon compraram em um só dia mais livros digitais do que físicos.

A brasileira Positivo também está entrando no mercado de livros digitais com o Alfa, o seu leitor de e-books. Segundo informações da empresa, a maquininha tem 8,9 milímetros de espessura e pesa 240 gramas, com uma tela sensível ao toque. Dentro dele cabem 1.500 livros e ele pode ser facilmente carregado no bolso de um paletó. A primeira versão, cujo desenvolvimento foi feito em conjunto com um parceiro de Taiwan, não terá conexão a internet e será importada da China. Um modelo com a tecnologia sem fio Wi-Fi, no entanto, chega antes do final do ano. A venda será feita em livrarias e lojas online, que a Positivo vem negociando desde Agosto. Escolas particulares brasileiras também vão receber o equipamento para testes, segundo os planos da empresa.

Um estudo americano realizado pela empresa Nielsen Norman Group tentou saber qual e-book os leitores americanos estão considerando mais agradável para a leitura. Criado para ser muito mais do que um leitor de livros eletrônicos, o iPad da Apple conseguiu ser mais rápido do que o seu concorrente, o Kindle da empresa Amazon. Vinte e quatro pessoas, escolhidas entre leitores de ficção, leram o mesmo conto do escritor americano Ernest Hemingway usando os dois dispositivos eletrônicos e também um livro de papel.

Na pesquisa, os leitores que usaram o iPad levaram 6,2% mais tempo para terminar a história do que quem leu o livro. Já o Kindle se mostrou 10,7% mais lento. Por fim, a empresa fez uma declaração reveladora: "Nós não podemos dizer ao certo qual dispositivo (entre os eletrônicos) oferece a maior velocidade de leitura. Mas nós podemos dizer que nenhum deles conseguiu superar o livro impresso".

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 67 – 09 de Outubro de 2010

Os E-books não significam apenas uma mudança de mídia ...

Há duas semanas vimos discutindo à respeito dos livros digitais, ou e-books, trazendo ao leitor alguns posicionamentos conflitantes com relação à esta nova tecnologia. Alguns intelectuais são radicais a ponto de acharem que os livros correm o risco de serem "arrastados pela enxurrada" das novas tecnologias e do audiovisual e devem levar a pior na briga pela atenção das pessoas, principalmente dos jovens e crianças.

Outros já acham que ambos podem conviver harmoniosamente e que o fato de as crianças e jovens se interessarem pelos livros digitais não deve ser considerado uma coisa ruim, pelo contrário, pois muitos deles podem passar a tomar gosto pela leitura através da nova mídia, uma vez que não tinham esse hábito no modelo tradicional dos livros feitos de papel.

Dados do Observatório do Livro e da Leitura indicam que pelo menos 3% dos leitores brasileiros são adeptos de mídias digitais. O número corresponde a 4,7 milhões entre os 95 milhões das pessoas que têm o hábito de ler. Segundo a entidade, a tecnologia pode ter um papel importante neste contexto, representando a democratização da leitura. "O livro digital pode trazer uma contribuição formidável para a sociedade na medida em que o livro se torne mais acessível às massas", explicou o diretor do Observatório, Galeno Amorim durante o encerramento do 1º Congresso Internacional do Livro Digital no Brasil, realizado em São Paulo.

Segundo ele, no Brasil 77 milhões de pessoas não têm o hábito de ler livros por razões econômicas e sociais. "É importante ressaltar que o livro digital é uma oportunidade tanto para os ricos quanto para os pobres: se por um lado vamos democratizar o livro para todas as classes, também vamos disponibilizar títulos que não estão mais disponíveis no mercado", afirmou.

O fato é que esta mudança de mídia pode representar muito mais do que simplesmente a alteração da forma de como se lê um livro. Veja só que interessante este exemplo: a Macmillan, uma das cinco maiores editoras de livros didáticos e técnicos dos Estados Unidos, está lançando um software chamado DynamicBooks, que permitirá a professores universitários editar versões digitais de livros didáticos, adaptando-as às necessidades específicas de suas classes, criando uma espécie de Wikipedia dos livros.

Os professores poderão reorganizar ou eliminar capítulos, inserir currículos ou anotações sobre os cursos, nos textos, bem como acrescentar vídeos, imagens e gráficos, e (o que talvez seja mais importante) reescrever e apagar parágrafos, ilustrações ou equações individuais. Professores que já testaram o software DynamicBooks dizem gostar da ideia de realizar sintonia fina em um livro didático, pois sempre existe uma informação aqui e ali que um professor teria redigido de forma diferente.

O assunto não é dos mais fáceis de se lidar, pois até mesmo algumas editoras americanas, que já permitem certo grau de personalização em seus títulos, hesitam em autorizar mudanças em nível de sentença ou parágrafo. Outras editoras se reservavam o direito de "remover qualquer coisa considerada como plágio ou ofensa", e declaram que confiariam nos alunos, pais e outros professores para ajudá-las a monitorar as alterações.

Embora muitas editoras ofereçam livros didáticos em versões específicas para alguns clientes já há anos (o que permite que capítulos sejam reordenados ou conteúdo criado por terceiros inserido em um livro em papel), o DynamicBooks ofereceria aos professores o direito de alterar sentenças e parágrafos individuais sem consultar o autor do original ou a editora responsável. Em agosto, a Macmillan começou a vender 100 títulos abertos ao DynamicBooks, com o detalhe de que as edições eletrônicas alteráveis serão muito mais baratas que os livros didáticos tradicionais em papel.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 66 – 02 de Outubro de 2010

E-book : será o fim do livro de papel ? ( Parte II)

Semana passada começamos a discutir a questão dos e-books ou livros digitais, que já são a nova mania tecnológica lá no primeiro mundo e que começam a chegar em nossas terras tupiniquins. Os grandes produtores mundiais estão lançando sua nova linha de equipamentos, mais modernos e que fizeram muito sucesso na última bienal em São Paulo.

Isto me faz lembrar de outros tempos idos quando foi lançado o vídeo-cassete. Foi um alvoroço só. Todos diziam que o cinema iria acabar. É bem verdade que, nas cidades menores, alguns empreendimentos realmente fecharam, pois as pessoas passaram a assistir filmes em casa mesmo. Passada esta fase, algumas delas voltaram a abrir, muito em função do prazer que a gente tem quando assiste aos filmes numa tela grande, no escurinho, comendo pipoca !

Depois foi a vez do surgimento do DVD e novas previsões pessimistas foram lançadas. Hoje, constatamos que a indústria cinematográfica está ganhando duas vezes: quando se lança o filme no cinema e quando se lança o mesmo filme em DVD ! A questão da pirataria deve ser considerada à parte, pois diminui significativamente os lucros das grandes companhias do cinema, que, apesar de tudo, continuam lucrando muito, com faturamentos batendo astronômicas cifras na casa dos milhões de dólares !

E quando surgiu o CD e, logo depois, a música pela Internet ? Foi anunciado o fim das gravadoras ! Claro que o mercado teve que se reestruturar e até hoje as coisas estão chegando em seu lugar. Pode-se comprar apenas uma música ao invés de um CD inteiro, quando não se gosta do resto ! Apesar dos novos paradigmas, as mídias sobreviveram e se interagem umas com as outras. Hoje podemos ouvir músicas em CDs, equipamentos de MP3 e celulares. Ah, os celulares ! Esta foi eleita a mídia preferida dos consumidores e hoje agrega várias funções. Nestas fantásticas maquininhas podemos ouvir rádio ou a música preferida baixada da Internet, tiramos fotos, filmamos, fazemos compras, acessamos a internet e, acreditem, até falamos com outras pessoas através deles !

Enfim, vivemos mais uma fase de mudanças tecnológicas intensas ! O livro digital já é uma realidade que não deve substituir o livro, conforme o conhecemos hoje em dia. Pelo contrário, acredito que vão co-existir por muito tempo. Acho até que vai virar uma opção para aqueles menos chegados à celulose ou para os mais jovens que lêem muito pouco mas adoram o mundo dos computadores ! Talvez estes até se sintam motivados a ler mais por se tratar de um monitor luminoso ao invés de páginas de papel ! Quem viver verá !

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 65 – 25 de Setembro de 2010

E-book : será o fim do livro de papel ?

Até o final deste ano, 10,3 milhões de pessoas devem adquirir leitores de livros digitais nos Estados Unidos, o que significa uma venda de 100 milhões de e-books, segundo a previsão da empresa de pesquisa de mercado Forrester. É um crescimento considerável, tomando em relação aos 3,7 milhões de leitores digitais e 30 milhões de e-books vendidos no ano passado. Esta tendência está causando grandes transformações no mercado editorial.

Algumas livrarias e editoras estão testando a venda casada de livros impressos com e-books a um preço especial. A livraria americana Barnes & Noble começou a oferecer pacotes em junho em cerca de 50 lojas e planeja ampliar o programa até o final deste ano. O grupo editorial Thomas Nelson, especializado em livros religiosos, oferece e-books gratuitos junto às cópias impressas de alguns títulos. Tal iniciativa agrada aos leitores que desejam compartilhar livros com a família e amigos e preferem ler em diferentes formatos. Os pacotes têm vendido bem e o grupo planeja adicionar outros durante a temporada de compras de Natal.

Enquanto isso, a Amazon.com, produtora do Kindle, tenta convencer os amantes de livros impressos de que a leitura no seu e-book é bem diferente do que a leitura na tela de um computador tradicional. Seu site promete uma tela de exibição na qual o texto "salta" da página, criando uma experiência de leitura muito semelhante ao papel impresso, pois não ofusca os olhos em locais iluminados, nem brilha demais no escuro, coisa que não se consegue em monitores de vídeos tradicionais.

A Sony, que lançou uma nova linha de leitores de livros digitais recentemente, diz que eles estão menores e mais leves do que antes, com textos mais claros e telas sensíveis ao toque, a fim de que se pareçam mais com os livros impressos. O presidente do setor de leitura digital da companhia explicou que o que mais a Sony ouviu do público foi a necessidade de “sentí-lo” como um livro, para que as pessoas esqueçam de que, na verdade, “têm um aparelho nas mãos”.

Esta estratégia de marketing das grandes empresas que produzem e-books no mundo ressalta uma dificuldade maior que é o desejo de manter a indústria de impressão viva, de modo a não alienar um mercado central, ao mesmo tempo em que se estabelece uma base para um futuro que os editores consideram cada vez mais digital. Segundo estas empresas, a tendência é que os livros de papel continuem sendo produzidos, porém, em escala cada vez menor, até se tornarem objetos de colecionadores.

Entretanto, não há dúvidas de que há muito mais ligação emocional com um livro em papel do que com um CD ou DVD. É interessante observar que as pessoas que já têm acesso aos equipamentos ainda estão passando por fases de aceitação de que as versões impressas estão indo embora. Muitas delas dizem que gostam de “sentir” e “cheirar” os livros, sensações impossíveis de se obter através do livro digital.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 64 – 18 de Setembro de 2010

Letra bonita escrevendo no computador

Me lembro bem que, quando criança, minha letra era muito bonita, ao ponto de receber elogios de minhas primeiras professoras. Com o passar do tempo, ela foi ficando feia e cheia de “garranchos”, além de ter adotado uma mania que, vez ou outra, me causa algum problema: escrever tudo usando letras de forma. Não sei bem o porquê mas, com o passar do tempo, normalmente as pessoas pioram a qualidade de suas letras. Ficam mais velhas e mais relaxadas e passam a escrever com pouca qualidade, usando muitas vezes as chamadas “letras de médico”. Certamente foi isto que aconteceu comigo. Tenho até uma certa desculpa pronta: o pensamento trabalha mais rápido do que o punho e a mente pensa mais rápido do que a gente consegue escrever, como conseqüência, a letra sai mal formada na ponta do lápis ou da caneta.

Li há algumas semanas uma notícia que falava sobre a existência (ou não) do fator genético envolvendo as letras das pessoas. A reportagem era muito interessante e afirmava que a qualidade da letra, ao contrário do que muitos pensam, não é herdada geneticamente. A explicação é bastante simples: quando uma pessoa escreve com a mesma letra que sua mãe ou seu pai, seja bonita ou feia, sua escrita é uma mistura de seus dons naturais e do seu aprendizado. Dizem os especialistas que muitos fatores determinam o estilo de escrever de cada pessoa. A caligrafia é moldada por experiências pessoais, o caráter de cada um e como cada pessoa foi ensinada a escrever.

De acordo com Richard Fraser, especialista em análise de escrita, em entrevista ao site Lifes Little Mysteries, "experiências traumáticas na vida podem mudar a letra de uma pessoa". Ele diz que a escrita reflete a personalidade e o estado mental de uma pessoa. "Alguém organizado irá tomar mais cuidado com sua letra, se é legível, bonita", completou.

A genética participa do modo em que as qualidades de cada indivíduo serão moldadas. A anatomia muda o jeito de uma pessoa escrever, com a estrutura dos ossos da mão mudando como se segura a caneta, o lápis. Coordenação entre olhos e mão, memória muscular e habilidade mental influenciam a escrita também. Quando essas características físicas e mentais mudam, a letra pode mudar junto.

Mas a genética se distancia cada vez mais dessa questão. Quem tem a letra extremamente parecida com a de seus pais, na verdade, apenas copiou, mesmo que subconscientemente. Não é algo passado via genes. "Semelhanças na escrita entre membros de uma família apenas existem quando um imita a letra de outro da família", segundo o livro Scientific Examination of Questioned Documents, de 2006. "A tendência a copiar ocorre principalmente na adolescência, quando o jovem está experimentando e desenvolvendo sua escrita", completa Fraser.

O especialista também afirma que é possível melhorar a letra tendo qualquer idade, mas a dificuldade aumenta com os passar dos anos. A memória muscular é o que causa isto, já que terá muito tempo com a mesma maneira de escrita guardada. Portanto, a escrita depende apenas de cada pessoa, não de seus genes.

É. Definitivamente não dá para botar a culpa de letra feia na genética ! Ainda bem que, nos dias de hoje a gente escreve mais no teclado do computador do que numa folha de papel !

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 63 – 04 de Setembro de 2010

A importância de sermos todos educadores de nossos jovens

Há algum tempo atrás, estava lendo uma entrevista com Artur Antunes Coimbra, o Zico, hoje diretor de futebol do clube em que jogou por toda uma vida, o Flamengo, do Rio de Janeiro. Como bom vascaíno, confesso que guardo boas e más recordações do “Galinho de Quintino”, como era conhecido na época áurea de sua carreira futebolística. Confesso que torcia por ele apenas quando atuava com a camisa canarinho da seleção brasileira.

Voltando à matéria, Zico falava sobre a importância de os atletas associarem bom futebol com bom comportamento fora do campo e com a obrigação dos clubes de futebol de zelar e valorizar as boas condutas e punir, se necessário, as más condutas de seus jogadores. Claramente estava falando, mas sem citar diretamente, uma vez que fosse, o caso do goleiro Bruno, que todo o Brasil tomou conhecimento e acompanhou durante as últimas semanas.

Concordo plenamente com Zico. Acho que jogadores de futebol, artistas, atores, cantores, apresentadores e outras celebridades da música, cinema, teatro e TV têm a obrigação de manter condutas moralmente aceitáveis, pois, ao final de contas, são ídolos de muita gente, fãs que não medem esforços e desembolsam o que for preciso para vê-los ou assistirem à suas performances.
Sei que o assunto é polêmico e mexe com algo mais do que a razão das pessoas, afinal de contas, cantores, artistas e atletas mexem com nossas emoções. Concordo que a vida íntima de cada um deve ser preservada e cada um faz do seu tempo livre o que bem entender, que as pessoas se relacionam com quem bem quiserem e podem ir à qualquer lugar à qualquer momento. Porém, é fato que são elevados à condição de estrelas, de celebridades e viram, muitas vezes, padrão de comportamento para muita gente. O assunto se torna mais sério e grave quando são ídolos de crianças e adolescentes, que ainda estão em processo de formação de seu caráter. São, em meu entendimento, educadores, assim como a família, a escola e os professores. Talvez o problema maior esteja na falta de percepção destas pessoas que, ao se tornarem pessoas públicas (e neste rol se incluem os nossos políticos), devem manter uma conduta acima de qualquer suspeita.
Importante o posicionamento do Zico ao chamar para as instituições a obrigação de zelar por estes bons comportamentos, possibilitando condições para a correção de possíveis falhas de caráter e de personalidade de seus membros e afiliados. Quando necessário, descartar estes elementos pode ser a única saída. Mas de nada adianta esta atitude se outras instituições admitirem comportamentos inaceitáveis por parte destas celebridades. Apenas para nos mantermos no campo do futebol, temos também o caso de Adriano, que se envolveu em grandes confusões e chegou a posar para foto com armas na mão, junto com seus amigos traficantes dos morros do Rio de Janeiro. Bastou o Flamengo dispensá-lo que um time da Itália correu para contratá-lo.

Em resumo, acredito que os pais devem ser os primeiros a obrigarem-se na educação de seus filhos. Em seguida, cabe às escolas e aos professores esta função, complementar à educação familiar, apesar de, nos dias de hoje, as famílias estarem “largando” esta tarefa apenas para as escolas, se esquecendo de sua função primeira de educar. Por fim, acredito ser obrigação de todos aqueles que vivem em sociedade a prática de condutas éticas e moralmente aceitas pelos demais e que cabe às estrelas e celebridades uma parcela importante desta conta, que todos devemos pagar.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 62 – 14 de Agosto de 2010

Melhoria do Ensino reduz desigualdades sociais

É preciso melhorar o sistema de ensino no Brasil para que as desigualdades sociais sejam reduzidas e haja mais inclusão social. Esta é a avaliação dos participantes de plenária sobre o tema, na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que aconteceu em São Paulo no mês de Julho.

Luiz Davidovich, físico e secretário-geral do evento lembrou que os cientistas e a comunidade acadêmica não podem resolver todos os problemas, que, muitas vezes, têm a ver com a adoção de políticas públicas corretas para reduzir a lacuna que existe entre os menos e os mais favorecidos. Segundo ele, “questões de políticas públicas, e que são importantes, extravasam o âmbito da ciência". Um exemplo citado por ele é sobre a assistência educacional às crianças de até 3 anos. Para Davidovich, essa assistência é fundamental para "determinar o horizonte, o futuro dessas crianças." Existem estatísticas, com números levantados em outros países, que mostram que uma intervenção nessa faixa de idade muda o rumo do cidadão, reduzindo a taxa de criminalidade e aumentando a chance de acesso ao ensino superior. "Então, essa é uma questão que independe da ciência e tecnologia", disse.

Por outro lado, ele destaca que é importante a ciência atuar em conjunto com as tecnologias sociais, que procuram estimular novos tipos de empreendimentos. Para ele, é importante que a inovação não ocorra apenas nas empresas clássicas, mas também em novos setores como cooperativas e empreendimentos sociais e populares. "Em outras palavras, procura-se também conceber novos tipos de empresa, com inovação, mas que não participem de um processo de exclusão social e que apresentem perspectivas para um novo modelo de organização social", observa. Nesse aspecto, ele defende mudanças, por exemplo, no ensino de ciências, não da forma como é feito em muitas escolas, apenas com o quadro de giz, mas que permita ao estudante vivenciar as experiências.

Outro problema que acaba se refletindo na inclusão é a falta de uma escola boa e eficiente para todos. Davidovich lembra que, nas comunidades carentes, os pais analfabetos, ao descobrirem que os filhos já leem, ficam satisfeitos e acham que é o suficiente para uma ocupação no mercado de trabalho. "Não basta a criança aprender a ler e ser enviada ao mercado de trabalho. Ela tem de aprender a perguntar, questionar, interrogar a natureza". Davidovich também acredita que é preciso investir mais na formação dos professores. Ele sugeriu que haja um maior envolvimento de todos nessa questão, do Estado e do próprio mundo acadêmico, principalmente nas instituições públicas.

Na plenária sobre o papel da ciência, da tecnologia e da inovação na redução das desigualdades sociais e na inclusão social como consequência da democracia e da cidadania, foi mostrado que a nota mínima para entrar, em uma universidade, no curso de medicina, é 8,3, enquanto para os candidatos à licenciatura de física e matemática, é pouco mais de 3. "Ora, esses serão os professores e educadores das nossas crianças, os formadores das nossas crianças. Entram no vestibular com média 3. Este é um paradoxo que já foi resolvido em outros países", afirmou.

O especialista chegou a comparar esse cenário a um regime separatista como o apartheid, em que há dois grupos: um que é beneficiado com educação de qualidade e outro que recebe uma educação de baixa qualidade. "Se não mudarmos isso, o país não terá um forte protagonismo internacional. Vem de séculos essa realidade, da escravidão, da segregação social e precisa de dez a 20 anos para ser resolvida. Deve ser iniciada logo uma mudança desse quadro, para que, daqui a 20 anos, não tenhamos mais essa segregação".

sábado, 31 de julho de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 61 – 31 de Julho de 2010

A carga excessiva de conhecimentos do Ensino Médio no Brasil

Semana passada discutimos aqui em nossa coluna sobre a distância existente entre a Educação Básica e a Universidade, destacando alguns posicionamentos do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Carlos Alberto Aragão, que afirmou que as instituições de ensino superior do país precisam começar a lidar mais com o que ele chamou de "pré-universidade". Segundo ele, os problemas da universidade começam no ensino fundamental, que não consegue ensinar bem às crianças as duas linguagens mais importantes para o desenvolvimento científico do país: matemática e português.

Na ocasião, Aragão também criticou o fato de o estudante precisar escolher precocemente, ao final do ensino médio, a carreira que pretende seguir. Ele propôs que os cursos de graduação ofereçam, nos dois primeiros anos, uma formação mais básica para que após esse período o estudante possa escolher que área pretende seguir, pois, desta forma, ele fará uma escolha madura que terá depois de dois anos na universidade. Destacamos, na coluna, que o grande desafio seria a organização de cursos superiores de graduação que possam promover esta formação um tanto quanto genérica, para só depois entrar na parte específica de cada curso, de acordo com a escolha do estudante.

Esta semana, toco em outro grande problema que aflige o ensino do brasileiro, que é a carga excessiva de conteúdo do ensino médio. Li uma vez que o Brasil se destaca como o país que mais exige de seu jovem durante o ensino médio conhecimentos que, na grande parte das vezes, não serão “úteis” no futuro, na profissão que escolher. Falando de outra forma: o ensino médio brasileiro, de modo geral, exige do estudante uma carga de conhecimentos imensa de Física, Química e Biologia, seja qual for a profissão a ser escolhida por ele. Desta forma, um aluno que vai prestar vestibular para Direito, por exemplo, terá que estudar todo o conteúdo destas disciplinas, da mesma forma que um aluno disposto a fazer vestibular para Engenharia ou Medicina. Até nos países mais desenvolvidos, como nos EUA e na Europa, os alunos do ensino médio não são bombardeados com tamanha carga de estudos.

Uma possível saída para o problema seria fazer com que, durante os dois primeiros anos do ensino médio, os alunos estudassem apenas o básico de cada uma destas disciplinas, ou seja, aquilo que necessitam saber, independente da carreira ou profissão a ser escolhida. Após este perídio, um tanto mais maduros, de acordo com suas escolhas, estudariam a “parte mais profunda e específica”, por assim dizer, das disciplinas que são mais importantes para sua futura profissão.

Me lembro muito bem das aulas de Física que assistia quando fazia o ensino médio. Gostava da parte de ótica, quando aprendi coisas importantes sobre reflexão, refração, espelhos côncavos e convexos. Foram lições que guardei para a vida toda, muito úteis quando olho no espelhos retrovisores de meu carro. Entretanto, nunca precisei calcular a distância focal do espelho a partir do foco e do vértice, por exemplo.

Devo ser capaz de, até hoje, tanto tempo depois, desenhar uma tabela periódica dos elementos químicos, com um percentual de erro que não chega a 10%. Isto porque fui obrigado a decorar elemento por elemento, toda a tabela criada pelo russo Dmitri Ivanovich Mendeleev (nunca esqueci o nome deste cara, mas nunca foi necessário usar este conhecimento até o dia de hoje !). Na época, não era fornecida a tabela periódica no final da prova do vestibular e o jeito era decorar tudo mesmo. Minha estratégia era fazer frases com os elementos de cada coluna, de forma a ficar mais fácil a memorização. A primeira coluna, por exemplo, tinha a seguinte frase: “Hoje Lili só pode roubar cenouras frescas”. Isto correspondia aos elementos Hidrogênio = hoje / Lítio = Lili / Sódio = só / Potássio = pode / Rubídio = roubar / Césio = Cenouras / Frâncio = Frescas. Tem base isto ?

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 60 – 24 de Julho de 2010

A distância existente entre a Educação Básica e a Universidade

Há muito se discute que as faculdades e universidades brasileiras vêm perdendo qualidade ao longo do tempo e os jovens formados por estas instituições não atendem às expectativas do mercado e estão longe do mínimo necessário ao exercício das diversas profissões por eles escolhidas. É sabido também que uma das explicações clássicas para o problema, segundo o ponto de vista de quem trabalha no ensino superior, é a fraca educação básica que é oferecida às nossas crianças e adolescentes, que faz com que o jovem esteja bastante despreparado e sem conhecimento ao terminar o nível médio. Na minha opinião, este argumento traz o problema de volta ao ensino superior, que não têm formado de maneira adequada os diversos profissionais, principalmente os da educação, muitos deles, justamente, professores da educação básica de nosso país.

Neste mês de julho, o futuro das universidades e da pós-graduação brasileiras foi debatido durante a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em São Paulo. Com relação ao assunto exposto acima, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Carlos Alberto Aragão afirmou que as instituições de ensino superior do país precisam começar a lidar mais com o que ele chamou de "pré-universidade".

Na avaliação de Aragão, "os problemas da universidade começam no ensino fundamental", que não consegue ensinar bem às crianças as duas linguagens mais importantes para o desenvolvimento científico: matemática e português. "Nós precisamos de professores bem formados, qualificados e cujos salários sejam dignos. A universidade tem o papel de contribuir para formar bons professores", defendeu.

Aragão também criticou o fato de o estudante precisar escolher precocemente, ao final do ensino médio, a carreira que pretende seguir. Ele propôs que os cursos de graduação ofereçam, nos dois primeiros anos, uma formação mais básica para que após esse período o estudante possa escolher que área pretende seguir. "Assim ele fará uma escolha madura que terá depois de dois anos na universidade", disse.

Nesta questão, acredito que ele tenha razão. O desafio é a organização de cursos superiores de graduação que possam promover esta formação um tanto quanto genérica, para só depois entrar na parte específica de cada curso, de acordo com a escolha do estudante. Como ficaria a questão do curso a ser escolhido? O aluno optaria por áreas do conhecimento, como saúde, humanidades, letras ou ciências exatas, para depois optar por um curso em especial? Como seria a seleção destes estudantes? São questões importantes a serem debatidas, sabendo-se de antemão que, qualquer que seja a solução a ser adotada, irá modificar radicalmente toda a sistemática de acesso ao ensino superior existente hoje em dia. Mas, com toda certeza, estas modificações seriam para melhor.

Os participantes do debate criticaram também a "compartimentalização" das instituições de ensino superior em departamentos fechados que não interagem na produção de conhecimento. "É uma coisa altamente prejudicial, que vai na contramão da história. A tendência moderna é a multidisciplinaridade e a organização em torno de temas. É pensar muito mais o problema em vez do rótulo", afirmou Aragão.

Já o professor Luiz Bevilacqua, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defendeu que a universidade precisa de mais "coragem, criatividade e ousadia" para romper com os modelos antigos, sem necessidade de copiar "o resto do mundo". Talvez seja exatamente através de coragem, criatividade e ousadia que se descortine o caminho a ser seguido para revolucionar a educação do Brasil.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 59 – 17 de Julho de 2010

Globalização: estamos mais próximos ou ainda mais distantes ?

No mês passado, o Brasil sediou o III Fórum da Aliança das Civilizações, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro e teve as presenças ilustres do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, além de outros líderes mundiais.

Na véspera do início do fórum, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) divulgou um relatório de divulgação mundial denominado "Investir na diversidade cultural e no diálogo intercultural", apresentado pela diretora geral da entidade, Irina Bokova. No evento de apresentação, o órgão alertou para a extensão de uma nova forma de "analfabetismo" entre as diferentes culturas do mundo, que impede o diálogo e o entendimento, causando conflitos. "Entender outras culturas é crucial para o sucesso das relações internacionais e muito importante para um futuro pacífico", afirmou Bokova.

A diretora do organismo cultural das Nações Unidas assinalou que embora os povos diferentes estejam "mais próximos do que nunca" devido ao amplo processo de globalização, pela mobilidade geográfica e pela internet, ainda é preciso ter "flexibilidade, abertura e humildade" para tratar com os indivíduos de outras culturas. O documento também diz que embora o processo de globalização seja visto frequentemente como algo negativo, também pode contribuir para "reconfigurar" algumas formas de diversidade cultural graças a ferramentas como a internet.

Por outro lado, o relatório alertou que nem todas as culturas respondem da mesma maneira perante estes processos, por isso é preciso fazer esforços para salvaguardar as expressões culturais ameaçadas. A internet contribuiu para aprofundar a preponderância de poucas línguas, ao mesmo tempo em que ajuda a reviver línguas agonizantes ou mortas.

O relatório considera que isto é uma evidência de que a decadência de uma língua é consequência de sua categoria política, social, cultural e administrativa. Ele traz como exemplo o islandês que, embora seja falado apenas por 350 mil pessoas, não está ameaçado, enquanto línguas africanas como o pulaar e o fulfulde, com quatro vezes mais falantes na África, está em perigo devido ao avanço do inglês e a falta de transmissão entre gerações.

A Unesco também reiterou a necessidade de incorporar novos interlocutores, especialmente mulheres e jovens, no diálogo entre as diferentes culturas, além da possibilidade de criação de um observatório mundial das repercussões da globalização sobre a diversidade cultural, que deveria ser estudada, como propõe o texto em suas conclusões.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 58 – 10 de Julho de 2010

Como funciona a Educação à Distância

Há algumas semanas estamos falando aqui em nossa coluna sobre Educação à Distância. Primeiro, mostrando ser a EAD uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até escolas, faculdades e universidades e que também possibilita a aprendizagem de um número maior de pessoas. Depois, destacamos mitos e verdades que envolvem o assunto e discutimos de forma mais conceitual sobre esta modalidade de ensino que permite que o aprendiz não esteja fisicamente presente em um ambiente formal de ensino-aprendizagem, assim como, permite também que faça seu auto-estudo em tempo distinto.

Para finalizar o tema, hoje destacamos a sistemática da EAD e as várias metodologias existentes de Educação à Distância. Por mais avançada que esteja a tecnologia e por mais virtualizada que esteja nossa sociedade, o ensino à distância por correspondência ainda sobrevive e forma milhares de alunos todos os anos. Fruto da primeira geração, o Instituto Universal Brasileiro, por exemplo, ainda existe até hoje e envia seu material de estudo pelo correio para seus alunos. Acompanhando a tendência tecnológica, possui um site na Internet onde o interessado pode verificar o conteúdo dos vários cursos oferecidos e fazer sua opção. Mas o curso propriamente dito é basicamente por correspondência, através de material impresso.

Outra modalidade existente oferece aos alunos o material de estudo em mídias de armazenamento de dados mais modernas como CD e DVD e propicia a eles a entrega de trabalho e provas através da Internet ou através de encontros presenciais. Uma outra modalidade, representada pelos Telecursos usa como recurso os programas radiofônicos e televisivos, vídeos e também material impresso.

Mais modernos são os ambientes interativos e as aulas transmitidas ao vivo por satélite. Nos cursos de pós-graduação oferecidos pela SIGMA Cursos & Concursos através do Sistema EADCON de ensino, por exemplo, há um misto destas tecnologias. O aluno que se matricula em um dos cursos oferecidos nas áreas de Educação e Administração faz um primeiro módulo de cinco disciplinas básicas na SIGMA, que duram aproximadamente cinco meses, assistindo a aulas que são transmitidas ao vivo dos estúdios da Faculdade Educacional da Lapa (FAEL), entidade que certifica todos os cursos, diretamente do Paraná. Após cada aula o aluno acessa o site com seu usuário e senha para pegar o conteúdo das aulas e verificar quais trabalhos estão sendo propostos. O aluno faz os trabalhos, discute com o tutor e os envia pela Internet para correção e nota.

Nos próximos sete meses de curso, o aluno tem mais flexibilidade para estudar o conteúdo específico, de acordo com o curso de pós-graduação escolhido, pois não precisa mais frequentar a escola para assistir a aulas ao vivo. Os materiais são todos disponibilizados na Internet e, neste ambiente, o aluno interage com o tutor da disciplina e com os demais alunos de curso, participando de chats e fóruns de discussão. Da mesma forma que a fase anterior, o aluno deve fazer os trabalhos nos prazos determinados e postá-los no site, de forma a ser realizado o processo de avaliação. Após estes doze meses de estudo, o aluno tem seis meses, no máximo, para entregar seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), de forma a obter sua aprovação e o seu diploma.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 57 – 03 de Julho de 2010

Ensino à Distância ou Educação à Distância ?

Há duas semanas estamos falando aqui em nossa coluna sobre Educação à Distância. Primeiro, mostrando ser a EAD uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até escolas, faculdades e universidades e que também possibilita a aprendizagem de um número maior de pessoas. Depois, destacamos mitos e verdades que envolvem o assunto. Esta semana, discutiremos, de forma um pouco mais conceitual a respeito desta modalidade de ensino, por vezes designada erradamente de ensino à distância, que permite que o aprendiz não esteja fisicamente presente em um ambiente formal de ensino-aprendizagem, assim como, permite também que faça seu auto-estudo em tempo distinto.

A interligação (conexão) entre professor e aluno se dá por meio de tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet, em especial as hipermídias, mas também podem ser utilizados os Correios, o rádio e a TV, entre tantas outras tecnologias existentes. Na expressão ensino a distância a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). O termo educação é preferido por ser mais abrangente, embora nenhuma das expressões, segundo alguns especialistas, seja plenamente completa.

O desenvolvimento da EaD pode ser descrito basicamente em três gerações, conforme os avanços e recursos tecnológicos e de comunicação de cada época. Na primeira geração, o ensino por correspondência, caracterizada pelo material impresso iniciado no século XIX. Nesta modalidade, por exemplo, o pioneiro no Brasil é o Instituto Monitor, que, em 1939, ofereceu o primeiro curso por correspondência, de Radiotécnico. Em seguida, temos o Instituto Universal Brasileiro, atuando há mais de dezenas de anos nesta modalidade educativa no país.
A segunda geração veio com a Teleducação e os Telecursos, com o recurso dos programas radiofônicos e televisivos, aulas expositivas, fitas de vídeo e material impresso. A comunicação síncrona predominou neste período. Nesta fase, por exemplo, destacaram-se a Telescola (Portugal) e o Projeto Minerva, no Brasil. A terceira geração nos apresentou os ambientes interativos, com a eliminação do tempo fixo para o acesso à educação, a comunicação é assíncrona em tempos diferentes e as informações são armazernadas e acessadas em tempos diferentes sem perder a interatividade. As inovações da World Wide Web possibilitaram avanços na educação a distância nesta geração do século XXI. Hoje, os meios disponíveis são: teleconferência, chat, fóruns de discussão, correio eletrônico, blogues, espaços wiki, plataformas de ambientes virtuais que possibilitam interação multidirecional entre alunos e tutores.

Na educação à distância, mudam completamente os papéis do aluno e do professor, conforme acontece há muitos anos dentro das salas de aula e com os quais estamos muito acostumados. Nesse processo de aprendizagem, o orientador, ou tutor, atua como "mediador", isto é, aquele que estabelece uma rede de comunicação e aprendizagem multidirecional, através de diferentes meios e recursos da tecnologia da comunicação, não podendo assim, se desvincular do sistema educacional e deixar de cumprir funções pedagógicas no que se refere à construção da ambiência de aprendizagem. Esta mediação tem a tarefa adicional de vencer a distância física entre educador e o educando.

Já o aluno, deverá ser auto-disciplinado e auto-motivado, para que possa superar os desafios e as dificuldades que surgirem durante o processo de ensino-aprendizagem. Atualmente, a educação a distância possibilita a inserção do aluno como sujeito de seu processo de aprendizagem, com a vantagem de que ele também descobre formas de tornar-se sujeito ativo da pesquisa e do compartilhar de conteúdos.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 56 – 26 de Junho de 2010

Mitos e Verdades em relação à Educação à Distância

Semana passada começamos a falar sobre Educação à Distância (EAD), mostrando ser esta modalidade de ensino uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até escolas, faculdades e universidades. Também destacamos que a EAD já se tornou uma formidável ferramenta que as corporações estão utilizando para a capacitação de seus colaboradores, com economia de tempo, esforço e dinheiro.

Na coluna anterior, destacamos também que a Justiça determinou que a Prefeitura de São Paulo não pode mais recusar ou negar validade a diplomas e certificados de cursos e programas a distância nos concursos públicos para preenchimento de cargos de magistério, nos processos de atribuição de turnos e de classes e aulas docentes. Esta semana vamos colocar algumas questões à respeito da EAD e esclarecer mitos e verdades sobre o assunto.

o Na modalidade EAD, a dedicação exigida nos estudos é menor ? Este é um dos grandes mitos que deve ser combatido. No caso dos cursos de pós-graduação nas áreas da Educação e Administração que oferecemos na SIGMA, por exemplo, que são muito bem planejados e ricos em material didático e em atividades, é exigida do aluno dedicação ao estudo e à pesquisa. Não é verdade que em um curso à distância os alunos aprendem menos do que em um curso presencial.

o Quem é muito disperso, pode ter mais dificuldade nos estudos ? É verdade. A EAD não é feita para quem é pouco comprometido ou necessita de alguém cobrando seus estudos o tempo todo. É necessário um compromisso pessoal com a própria aprendizagem. Controlar o seu próprio tempo e dedicar-se com afinco aos estudos é pré-requisito para fazer um bom curso à distância.

o Dizem que para fazer um curso à distância, não é preciso sair de casa. É mito. Tomando novamente como base os cursos de pós-graduação nas áreas da Educação e Administração oferecidos pela SIGMA, durante a primeira fase dos cursos, que dura aproximadamente 5 meses, os alunos devem comparecer à escola semanalmente ou quinzenalmente, dependendo do curso, em datas previamente marcadas, para assistir às aulas. Em uma segunda fase, que dura cerca de 7 meses, ele terá mais flexibilidade de horário, podendo estudar até em casa, se quiser. Durante a terceira fase, que pode ser feita em até seis meses, ele elabora o seu Trabalho de Conclusão de Curso.

o No Ensino à Distância, é possível estudar quando quiser ou tiver vontade ? Depende. Existe uma boa margem para que o aluno monte seu próprio horário, mas também é necessário participar de discussões on-line com professores e colegas, em horários previamente marcados. É preciso ter muito cuidado com esta questão, pois deve-se ter disciplina para manter um bom ritmo de estudos, traçar uma rotina que inclua pesquisas, leituras obrigatórias e algumas complementares. Quem acha que pode estudar quando quiser, muitas vezes não encontra horário para estudar nunca. É importante ficar atento a isto !

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 55 – 19 de Junho de 2010

As conquistas e o avanço da Educação à Distância

Depois de uma ação movida pela promotoria do Patrimônio Público e Social de São Paulo, julgada há algumas semanas, a Justiça determinou que a Prefeitura daquela cidade não pode recusar ou negar validade a diplomas e certificados de cursos e programas a distância nos concursos públicos para preenchimento de cargos de magistério, nos processos de atribuição de turnos e de classes e aulas docentes.

A sentença ainda proíbe a Prefeitura paulista de inserir cláusula restritiva em editais de concurso para o magistério, no sentido de somente aceitar diplomas obtidos em cursos presenciais, e de impedir a posse de candidatos aprovados em cargos de magistério sob o fundamento de que os diplomas não foram obtidos em cursos presenciais, o que acontecia sistematicamente. O poder municipal da maior cidade do país vinha impedindo e negando a posse de candidatos portadores de diplomas de curso a distância, sob a justificativa de que são válidos apenas os diplomas obtidos em cursos presenciais.

Em junho do ano passado, a Promotoria já havia conseguido uma liminar que obrigava a Prefeitura a aceitar os diplomas obtidos por meio de cursos a distância, agora confirmada com a sentença. A decisão foi fundamentada, segundo o juiz, no fato de que "a legislação educacional em vigor confere validade e reconhecimento aos diplomas expedidos pela realização de cursos superiores pela via do ensino à distância. E, por conta disso, não pode haver qualquer discriminação, sob pena de vulnerar o princípio da igualdade". Ainda segundo a sentença, "diante da regulamentação federal, os diplomas de cursos superiores a distância, emitido por instituições de educação superior devidamente credenciadas pelo MEC para esta modalidade, estão amparados pela lei e não se distinguem de diplomas de cursos presenciais".

De fato, os números da Educação à Distância no Brasil impressionam. Mais de 2,5 milhões de brasileiros estudaram em cursos com metodologias a distância no ano de 2007, segundo levantamento feito pelo Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD), em sua edição 2008. A publicação também destaca o crescimento do número de brasileiros educados dentro das próprias empresas onde trabalham. Foram 582.985 pessoas em 2007. Em resumo, temos quem em cada 73 brasileiros estuda a distância. É obvio que estes dados já se modificaram com o tempo e a edição de 2010 do Anuário com os dados relativos a 2009 estão sendo aguardados com expectativa.

A Educação à Distância se apresenta como uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até as escolas, faculdades e universidades. Como visto anteriormente, a EAD também já se tornou uma formidável ferramenta que as corporações estão utilizando para a capacitação de seus colaboradores, com economia de tempo, esforço e dinheiro. Além disso, há sempre os casos em que o aluno faz a opção de estudar no conforto de seu lar ou de seu trabalho, evitando o desgaste das aulas e provas presenciais.

Na próxima coluna, abordaremos mitos e verdades com relação à Educação à Distância. Provaremos que está muito enganado aquele que acha que a EAD é mais fácil ou que tem um nível menor de exigência com relação ao ensino presencial. Até semana que vem.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 54 – 12 de Junho de 2010

O MEC quer criar um ENEM para os professores

Foi recebida com uma boa dose de preocupação a ideia do Ministério da Educação (MEC) de criar um Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente. O modelo deverá funcionar de forma semelhante ao novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ou seja, os professores farão a prova e as secretarias de educação municipais e estaduais poderão utilizar a nota para selecionar os profissionais que irão trabalhar na rede pública de ensino.

Em 2011, a prova será destinada aos docentes que tenham interesse em trabalhar com alunos dos primeiros anos do ensino fundamental e da educação infantil. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) será responsável pelo exame. A matriz dos conteúdos que serão cobrados na prova estará disponível para consulta pública no site do Inep. Professores, universidades, estados e municípios podem opinar sobre o modelo da prova durante 45 dias. Logo depois, terá início o período de adesão das redes de ensino.

O Ministro da Educação, Fernando Haddad, em entrevista concedida, disse acreditar que o instrumento pode ajudar a melhorar as condições salariais dos professores da rede pública. "O objetivo é aumentar o salário do professor, porque o professor bem formado vai ser disputado. Todo mundo quer atrair para sua rede os professores que tenham condição de mudar a realidade da escola pública do Brasil. Todo o projeto visa a valorização da carreira", defendeu o ministro.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, a ideia é "em tese" interessante porque contribui para a formação de uma carreira nacional do magistério, antiga revindicação da categoria. Ele teme, entretanto, que o novo instrumento sirva para criar rankings nacionais de avaliação dos docentes. "Isso é muito preocupante e nós não concordamos. Esse projeto deveria ter sido melhor discutido, ele não foi debatido como deveria", critica. Alguns estados utilizam a avaliação de desempenho de alunos e de professores para estabelecer políticas de bônus ou aumento de salário para aqueles docentes que obtêm o melhor resultado, o que os sindicatos são contra. "Os estados e municípios não podem culpar o professor por todos os problemas da educação", diz Roberto Leão.

Entretanto, segundo o ministro da Educação, não há intenção de criar rankings. Ele destaca ainda que as notas obtidas pelo professores não serão divulgadas o que afasta a possibilidade de classificação. "O resultado é um exame exclusivo do professor", disse. Haddad ressaltou que o exame "é endereçado a pessoas que queiram ingressar na rede, não para quem já está na rede pública", por isso não há porquê os professores que já estão atuando temerem a avaliação. "A não ser que o professor queira mudar de rede porque, por exemplo, está insatisfeito com o seu salário. O objetivo do projeto é ampliar o horizonte do profissional. E uma prova é obrigatória para a entrada no concurso público", afirma.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 53 – 29 de Maio de 2010

Direitos e Deveres em uma Educação de Qualidade

O governador de São Paulo, Alberto Goldman, e o secretário de Estado da Educação, Paulo Renato Souza, divulgam na quarta-feira desta semana os resultados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) nas redes municipais de ensino do estado de São Paulo. Acredito ser válida uma olhada mais cautelosa nos resultados, pois a realidade da educação brasileira acaba sendo muito semelhante entre os vários estados da federação, e as conseqüentes preocupações com os números apresentados acabam sendo as mesmas de norte a sul do Brasil.

O Saresp avalia os resultados de alunos da 2ª, 4ª, 6ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio em 3 disciplinas - língua portuguesa, matemática e ciências humanas - além da redação. A secretaria do Estado destacou a alta adesão dos municípios este ano, chegando a 82,5% do total - ou 532 cidades. Esta adesão expressiva deveu-se ao fato de que as escolas municipais tiveram acesso gratuito ao sistema que pela primeira vez foi custeado pelo Governo do Estado de São Paulo. O total de alunos avaliados foi de 582.778 em 3.226 escolas.

Os índices apontam para deficiências na base do ensino, nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Na 2ª série, o percentual de alunos que tiveram desempenho regular ou insuficiente em matemática foi de 34,1% e em português, chegou a 41%. Outro problema pode ser verificado na 3ª série do Ensino Médio, onde 44,20% dos alunos mostra rendimento insuficiente em matemática. Esta disciplina, inclusive, mostra-se como a de maior dificuldade dos alunos em todas as séries avaliadas. Em porcentagem, 33,10% dos alunos da 6ª série apresentou resultados insuficientes na disciplina; 28,9% tiveram este baixo aproveitamento na 4ª série e 21,9% na 8ª série.

A explicação para este fenômeno pode estar na deficiência generalizada de número de docentes na área das exatas, em especial em matemática e física, em todo o país. Como resultado da baixa remuneração e o pouco “status” do professor na sociedade moderna, há pouca procura pela carreira e aperfeiçoamento na área, consequentemente, a qualidade do ensino tem decaído.
Talvez para nós, professores, mais frustrante do que os números apresentados na pesquisa seja a posição do secretário de estado de São Paulo, Paulo Renato de Souza, que em entrevista afirmou que “apesar de apresentar índices preocupantes, a educação fundamental não é de responsabilidade do estado, e sim de cada município”. O secretário afirmou ainda ser a favor da municipalização completa do ensino de 1ª a 4ª série.

Como a educação é um direito de todos, conforme reza nossa constituição, torna-se também um dever de todos trabalhar para que ela aconteça, e, principalmente, que seja de qualidade. A meu ver, se um município não tem condições, sejam elas financeiras, técnicas, ou administrativas, para oferecer ensino de qualidade a suas crianças, o estado pode (e deve) ajudá-los de alguma forma. Talvez o dinheiro não seja o único meio de favorecimento. Apoio logístico, estratégico e ajuda no desenvolvimento de políticas públicas municipais voltadas para a melhoria da aprendizagem dos alunos também devem ser consideradas.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 52 – 22 de Maio de 2010

Usando a Copa do Mundo para tornar as aulas mais interessantes

Sempre falamos que a escola e, principalmente, o professor, devem estar em sintonia com o mundo de seus alunos, falando a sua língua e compartilhando com eles as alegrias e problemas do mundo moderno. Destacamos sempre também que existe um mundo de “coisas boas” do lado de fora dos muros da escola e se as aulas não forem “tão boas” quanto estas atrações exteriores, nada irá fazer o estudante ficar em sala de aula e gostar da escola. Trabalhar o lúdico, realizar atividades externas à escola e trazer assuntos do dia-a-dia para dentro da sala de aula sempre são colocadas como formas de se atrair os alunos e se realizar aulas mais atrativas para os estudantes. Pois bem, a coluna de hoje mostra como algumas iniciativas envolvendo a Copa do Mundo, que se inicia agora no mês de Junho estão animando e diversificando as aulas em diversas escolas do estado do Rio de Janeiro.

Na Escola Municipal General Mitre, no bairro carioca de Santo Cristo, os 430 alunos de 4 a 11 anos estão conhecendo tudo sobre o continente africano, que sediará as partidas. Eles aprendem dialetos, hinos e bandeiras de cada país da África. A Copa está sendo aproveitada para ensinar temas como escravidão, preconceito e grandes personagens da História africana. A diretora da escola explica que os alunos estão escrevendo sobre como os sonhos de Martin Luther King de igualdade poderiam ser aplicados à vida deles, como entrar numa loja e não sofrer com olhares desconfiados, por exemplo.

Não falta criatividade na hora de envolver os alunos na aprendizagem. Os times de futebol do Rio de Janeiro servem de desculpa para estudar a geografia da cidade. Os grandes acontecimentos ligados à Copa viram pano de fundo para aprender o contexto histórico do Brasil na época. Datas de nascimento dos jogadores escalados são "desculpa" para fazer contas. As professores dizem que as tarefas que são passadas para casa sempre voltam prontas, o que não é acontecimento comum em outras épocas do ano.

No Centro Interescolar Miécimo da Silva, em Campo Grande, a disputa esportiva é pretexto para estudar a globalização, pois a Copa em si é um exemplo do que é a globalização. Nem todos os países participam, sempre no fim as potências ganham, como o Brasil, que está se transformando em uma delas. Os alunos entendem que os EUA gostam de dominar; que a Coreia do Norte é polêmica; e qual a influência de um país no outro. A maioria nunca ouviu falar desses países. Além de mostrar para eles que o mundo é grande, os professores ensinam que, pela internet e as comunicações, o mundo pode ser pequeno. Eles podem ver como os países são desiguais, assim como o Rio, e o que pode ser feito para mudar essa realidade.

No Colégio Estadual André Maurois, no Leblon, os 2.400 alunos entraram em campo para pesquisar a localização dos países participantes em mapas e livros. O vocabulário dos jogos incentiva a garotada nas aulas de Espanhol e Inglês. A escola está passando filmes sobre a África e montando exposições artísticas. Já no Colégio Santa Mônica, na Taquara, a Copa do Mundo virou gancho para estudar doenças sexualmente transmissíveis. Como a epidemia de aids é grave na África, os professores aproveitam para fazer um alerta. São estudadas a visão histórica, as relações sociais e de poder nos países africanos e participantes da Copa. A garotada está fazendo painel e analisando matérias de jornais e revistas

Como conclusão, observa-se que os jovens alunos nunca tiveram tanta vontade de estudar Geografia, História, Português e Matemática quanto agora, quando a competição virou tema das atividades. Tudo bem que a Copa do Mundo acontece apenas de 4 em 4 anos, mas a fórmula pode ser usada todos os dias, durante todo o ano. Com um pouquinho de criatividade, alcança-se a aprendizagem. É tudo uma questão de querer e arregaçar as mangas.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 51 – 15 de Maio de 2010

Protestando e tentando nadar contra a correnteza ...

Alunos do ensino médio que estudam para prestar vestibular já vêm acompanhando desde o ano passado uma novela chamada Novo ENEM. Os seus principais capítulos envolveram, primeiramente, o lançamento desta nova ideia por parte do governo federal, que indicou a possibilidade de as universidades particulares e, principalmente, as grandes universidades federais, adotarem as notas do novo exame (novo não no sentido de ser lançado recentemente, mas novo na ideia de se privilegiar nas provas mais o raciocínio do que a memorização) no processo de seleção de seus novos alunos.

Em seguida, no segundo capítulo, as principais universidades do país tiveram um prazo para decidirem se iriam ou não aderir ao programa. Algumas optaram por não aderir, como foi o caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); outras aderiram completamente ao programa, usando a nota do exame com critério de classificação para a aceitação dos estudantes; e a grande maioria, optou por considerar as notas obtidas pelos candidatos apenas na fase inicial dos exames, a fase eliminatória, mantendo a fase classificatória exatamente como a tradição de cada uma destas universidades.

O terceiro capítulo da novela deu-se em função do vazamento das provas e suspeita de fraude no exame, o que provocou o cancelamento e adiamento dos testes. Este lamentável fato atrapalhou a programação de grandes faculdades e universidades, que não tiveram outra alternativa senão o cancelamento da adesão ao programa, visto que, a época da nova prova do Novo ENEM coincidiria com a época das provas classificatórias programadas por estas instituições. Como conseqüência da saída das grandes instituições, muitos estudantes simplesmente desistiram de realizar as provas, o que provocou baixa presença de candidatos e números pífios para um exame que prometera revolucionar a entrada de alunos nos cursos superiores de todo o país.
Em 5 de maio passado, o Conselho Universitário da UFMG decidiu, por 32 votos a 18, que substituirá a primeira etapa do Vestibular 2011 pelo Enem em todos os seus cursos. As provas do ENEM têm datas programadas de realização nos dias 6 e 7 de novembro, segundo o Ministério da Educação (MEC).

Esta decisão motivou um movimento por parte de estudantes de cursos preparatórios para o vestibular, que protestaram, na semana passada, no campus da Pampulha, contra a adoção do ENEM no vestibular da UFMG. De acordo com a assessoria da universidade, seis representantes do movimento se reuniram com o reitor Clélio Campolina para tratar do assunto. Ainda segundo a assessoria, o processo de adesão ao Enem já era discutido e estudado dentro da universidade desde o ano passado, sendo que a medida é definitiva. Considera também que a decisão se tornou inevitável e coerente em função da política de avaliação para ingresso no ensino superior nas universidades federais, que privilegia a utilização do Enem.

Em entrevista concedida durante a manifestação, uma estudante afirmou: "Estudamos durante cinco meses esperando um tipo de prova e agora vamos fazer outra com um estilo completamente diferente, outros enfoques e outro modelo".

Considerando que o saber é universal e o conhecimento é único, acredito não existir esta coisa de “estilos” ou “modelos”. Se o conteúdo foi estudado e realmente aprendido, não importa o tipo de prova. Pelo contrário, para quem estuda de verdade e se prepara pra valer, a prova do ENEM é muito melhor do que o Vestibular tradicional. Mas para quem tem apenas o dom de “decorar” a matéria e o uso de fórmulas, “memorizar” datas, nomes e fatos, realmente a medida é motivo de preocupação. Eles realmente vão ter problemas, pois trata-se de um teste mais inteligente, que privilegia os mais inteligentes. O protesto é livre, mas acho que estão perdendo o seu tempo, pois poderiam estar estudando e se preparando melhor. Estão, na verdade, nadando (e se cansando, desnecessariamente) contra a correnteza.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 50 – 08 de Maio de 2010

A ética e a educação na escola

“Pensar a relação entre ética e educação significa valorizar a centralidade do humano em todas as dimensões do processo pedagógico, incluindo entre estas as que se referem aos aspectos organizacionais e administrativos.

Reconhecemos hoje que a escola é uma organização, uma unidade social com identidade própria e não apenas um serviço local do Estado. Uma organização específica, necessariamente articulada num sistema, mas uma organização. Neste sentido, e tendo em conta os fins da organização escola, a sua responsabilidade social, não podemos deixar de assumir com seriedade a reflexão em torno dos meios que garantem o seu funcionamento.

Não basta invocar valores como dignidade, liberdade, solidariedade e justiça, como se de simples slogans se tratasse. Não basta advogar o ideal de uma escola humanista e democrática, é necessário também cuidar da qualidade ética das mediações institucionais que garantem a sua viabilização. Neste sentido, e porque é a humanidade do homem que temos em referência, os “quês” e os “porquês” da organização escolar deverão ser articulados numa rede de sentido assente, obrigatoriamente, na primordialidade do «quem». De forma mais ou menos assumida, a ética está presente nos diferentes documentos que traduzem o rumo de cada organização e nos seus modos concretos de viver a tarefa educativa. Quem é a escola, qual a sua identidade, a sua memória e o seu projecto? Quem são os sujeitos que lhe dão vida? Quem a dirige, quem a gere e quem a avalia? Para quem se destinam as diferentes propostas de trabalho?

Num mundo complexo e carente de referências, a escola deverá assumir uma estratégia de desenvolvimento autônoma, não abdicando de tomar posição sobre o futuro desejado e sobre as condições objetivas que o podem tornar possível. Inscreve-se nesta lógica de preocupações a valorização do Projeto Educativo de Escola que, em articulação dinâmica com outros instrumentos organizacionais, permite dar expressão à singularidade de cada cultura escolar. Ancorada numa consciência profissional exigente, a problematização de carácter ético não pode ficar confinada ao plano das relações interpessoais, ela deverá ser prolongada nos espaços institucionais e normativos que configuram as práticas. Pensamos até que é esse o lugar privilegiado para a afirmação de uma moral profissional, de uma deontologia. Reconhecemos que, por mais relevantes que sejam, não são suficientes os princípios, os grandes ideais, ou uma consciência pessoal suficientemente inquieta com os males que dificultam a responsabilidade de ensinar a ser adulto num mundo tão problemático e incerto.

É necessário comprometermo-nos no processo permanente de construção de referências balizadoras do viver em comum, persistindo em definir comportamentos considerados moralmente adequados. Ora esta construção passa, em grande medida, por uma tomada de posição nos diferentes espaços de participação potenciados no âmbito de uma cultura organizacional democrática. Acreditamos que é sobretudo nestes contextos, através de uma decisão partilhada e colegial, tornando explícitos os valores tradicionalmente implícitos, que a ética profissional ganha sentido e credibilidade e não na simples adoção de códigos de conduta de caráter corporativista.Precisamos de escolas com alma, com identidade e com rosto. Precisamos de escolas que se constituam em lugares antropológicos, de acordo com a noção defendida por Marc Augé. Precisamos de escolas que sejam, efetivamente, lugares de hospitalidade.

A aprendizagem de uma cidadania ativa e responsável, reclamada pela sociedade do novo século, depende muito da qualidade relacional e emocional que conseguirmos imprimir nas dinâmicas de participação ao nível da vida escolar. No entanto, e importa lembrá-lo, esse não é um fator exclusivo. Quando radicalizada, a retórica da participação pode, perversamente, derivar numa ideologia de responsabilização subordinada a lógicas alheias ao ideal que anunciam. Por esse motivo também, o grande desafio ético que nos é colocado, concretamente em termos de organização e administração escolar, passa por saber equilibrar o respeito pela singularidade dos contextos e pela irredutibilidade própria do enigma humano com a salvaguarda das leis sociais comuns requeridas pelos imperativos de justiça e de solidariedade.

Extraído da Internet: http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/1782840

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 49 – 01 de Maio de 2010

Voltando ao assunto da violência na escola ...

Já tivemos chances de discutir, por algumas vezes, aqui nesta coluna, sobre o assunto violência dentro das escolas. Na última oportunidade, destacamos uma matéria publicada na revista Nova Escola de 2009 que concluía ser a indisciplina muito mais um reflexo dos problemas enfrentados pelo sistema educacional do que circunstâncias de momento. A indisciplina seria então sintoma, e não causa destes problemas. Em um determinado ponto, a matéria citava que “as relações entre crianças e adultos devem ser baseadas na cooperação e no entendimento do que é ou não moralmente aceito e porquê”.

Voltamos ao assunto esta semana devido a mais dois novos episódios de violência em duas escolas municipais do Rio de Janeiro, nas últimas semanas, e que deixaram pais e professores apreensivos.

Uma psicóloga foi entrevistada e deu declarações importantes sobre os casos. Segundo a especialista, o maior erro que pode ser cometido pelas pessoas responsáveis pela questão da violência nas instituições é fingir que nada aconteceu. O ideal, segundo ela, é se ter um espaço de discussão para que os estudantes possam falar de suas angústias, dores e medos, mas sem tentar dar lições de moral e bronca, pois adolescente “não curte muito isso", diz ela.

Quanto aos alunos diretamente envolvidos nos episódios violentos, a especialista recomenda que sejam responsabilizados pelo que fizeram e, se possível, que reparem o dano feito ao bem público. Segundo ela, o estudante precisa saber que seus atos têm conseqüências. Entretanto, o melhor é “não usar punições extremas, pois eles não são criminosos e não se trata de um problema de bandido dentro da escola", afirma.

Para os professores de instituições que foram alvo de violência, a grande dificuldade encontrada é controlar os adolescentes em momentos de agitação. Segundo eles, a falta de uma equipe para auxiliar os docentes dentro das escolas e dar assistência aos alunos complica ainda mais a situação. Professores afirmam que a falta de uma relação de confiança em que o estudante se sinta confortável para “se abrir” pode levar o adolescente a não denunciar atos de violência sofridos, testemunhados ou até mesmo motivar novas agressões. Além disso, está constatado que o maior número de casos acontece com alunos com problemas de aprendizado, que não conseguem acompanhar o ensino e se revoltam contra o sistema.

A psicóloga também orienta professores de instituições de ensino que sofrem com dificuldades estruturais, como a falta de profissionais e de condições adequadas em suas instalações a conversar com os alunos e responsáveis sobre os problemas. A partir do diálogo, ela propõe que sejam organizados mutirões para consertar o que for possível. "É típico da adolescência funcionar mais pela ação do que pela palavra. Então, é uma boa ideia substituir o fazer destrutivo por uma ação construtiva." Ela também recomenda que alunos, pais e educadores se unam para cobrar do poder público melhorias nas condições da escola, ao invés de entrar em conflito entre si.
Para sinalizar que não existe rivalidade entre educadores e a comunidade, o Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro propôs para a Escola Municipal José Veríssimo, no Rocha, Rio de Janeiro, apedrejada na última semana, um ato simbólico em que professores distribuíram flores aos alunos.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 48 – 24 de Abril de 2010

Estudo americano revela que pais e filhos estão mais próximos

Um novo e surpreendente estudo descobriu que mães e pais estão se saindo melhor do que eles mesmos pensam, passando muito mais tempo com suas famílias do que os pais de gerações anteriores. Pesquisadores sobre a família afirmam que a notícia deve trazer alívio para pais que trabalham fora e se sentem culpados. Normalmente, este sentimento de culpa existe por sentirem que não passam tempo suficiente com suas crianças, temendo estar sempre em falta com os filhos.

O estudo, realizado por dois economistas da Universidade da Califórnia, em San Diego, EUA, analisa uma dúzia de pesquisas de como os americanos afirmam usar seu tempo, realizadas em diferentes períodos entre 1965 e 2007. O estudo relata que a quantidade de tempo dedicado aos cuidados com as crianças por parte dos pais em todos os níveis de renda - e especificamente para as pessoas com nível universitário - aumentou "dramaticamente" desde meados da década de 1990.

Antes de 1995, as mães passavam uma média de 12 horas por semana atendendo às necessidades dos filhos. Até 2007, esse número tinha aumentado para 21,2 horas por semana para mulheres com instrução universitária e 15,9 horas para aquelas sem formação superior. Embora as mães ainda sejam responsáveis por grande parte das tarefas de cuidar dos filhos, os pais também registraram ganhos acentuados: passaram para 9,6 horas semanais para homens com educação universitária, mais que o dobro do número de 4,5 horas de antes de 1995; e para 6,8 horas para os demais homens, contra 3,7 anteriormente, segundo uma análise adicional realizada pela Universidade da Pensilvânia.

O aumento do tempo dedicado aos filhos é apenas um dos aspectos da família americana que está mudando. Os casais estão, em geral, esperando mais tempo para se casar e começar a ter filhos. Os índices de divórcio estão caindo geração após geração. Na verdade, o aumento no tempo dedicado aos filhos diz mais sobre o casamento moderno do que sobre práticas modernas de cuidados com as crianças, dizem os especialistas, que chamam este fenômeno de "casamento hedonista", no qual os casais dividem responsabilidades do lar e de trabalho para que possam passar mais tempo juntos.

Em contraste, casais de gerações anteriores geralmente tinham papéis "especializados" que tendiam a separá-los. O marido normalmente trabalhava fora para sustentar a família e a mulher ficava em casa para cuidar das crianças. Infelizemente não há dados de pesquisas semelhantes no Brasil.

Mas de onde vem esse tempo extra com os filhos? As mulheres, especificamente, estão passando menos tempo cozinhando e limpando a casa, enquanto os homens estão trabalhando menos horas no escritório. Interessante notar que os dados do estudo não contabiliza as horas que as mães e os pais passavam "perto" dos filhos - na mesa de jantar, por exemplo, ou quando as crianças brincavam sozinhas. Em vez disso, a pesquisa rastreia atividades específicas nas quais o pai ou mãe está diretamente envolvido com a criança, como levá-las para a escola, ajudar com a lição de casa, dar banho, brincar de pega-pega no quintal.

Outra boa notícia para ajuda a diminuir o sentimento de culpa dos pais é que, embora pais que trabalham fora normalmente se sintam culpados por não passar mais tempo em casa, as crianças muitas vezes têm uma reação diferente. Num estudo publicado como "Pergunte às crianças" foi perguntado a mais de mil crianças sobre seu "maior desejo" em relação aos pais. Embora os pais esperassem que seus filhos pedissem mais tempo em família, as crianças queriam algo diferente. Uma aventura radical, por exemplo.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 47 – 10 de Abril de 2010

Escola regular e escola especial

De acordo com dados do Censo Escolar Mec/Inep 2009, estão matriculados no Brasil 639.718 estudantes com necessidades especiais. Desse total, 56%, ou 359.664 alunos, estudam em escolas regulares, e 31% , ou 195.257 alunos, estudam em escolas especializadas. Frequentam classes especiais 13%, ou 80.797 alunos, porém, dentro da escola comum.

Como diz a Constituição Brasileira, a educação é um direito de todos, dever do Estado e da família, e, de acordo com a lei magna de nosso país, as escolas não podem recusar um aluno com necessidades especiais. A deficiência intelectual é apenas uma entre outras da categoria. As Necessidades Educacionais Especiais estão divididas em três grupos: o de deficiência, seja ela intelectual, visual, motora, física ou auditiva; transtornos globais do desenvolvimento; e superdotação.

A ideia vigente no momento é inibir as escolas focadas somente em crianças especiais, como se pensava antigamente. A tendência é incentivar a inclusão desses alunos em instituições regulares, porém, com atendimento específico. Segundo os especialistas, a escola especial deve servir de apoio à escola regular, pois o modelo separado já mostrou não dar certo. A escola regular deve ser a responsável pelo currículo dos estudantes com deficiência intelectual e outras necessidades especiais. A outra deve oferecer atendimento educacional especializado e deve servir como um apoio.

Matricular uma criança com necessidades especiais em um colégio regular é uma dúvida para muitos pais, por causa de uma possível rejeição, mas é bem aceita por educadores e profissionais da área, devido aos ganhos de aprendizagem e socialização. Em um primeiro momento, existe muito receio por parte dos familiares e das escolas, no entanto, depois notam que todos se beneficiam. O aluno, por fatores sociais e de aprendizagem, as instituições, que repensam a metodologia de ensino, e também os outros estudantes, que apreendem a conviver com as diferenças.

Percebe-se que não é nada fácil para uma escola adequar-se a todo tipo de necessidade especial. A formação dos profissionais envolvidos acaba acontecendo mesmo no dia-a-dia escolar. É notório também que ainda falta preparo e investimento por parte das escolas e docentes para receber os alunos especiais. Ainda existe o caso melindroso de professores que não se identificam com este tipo de função. Muitos acham que, se possível, não se deve forçar estes professores a trabalhar em situações como estas, pois assim não perdem a paciência e não deixam a criança de lado.

Especialistas ainda afirmam que a educação inclusiva não é levar o deficiente para o espaço dos normais, mas pensar a “educação para todos". Muitos professores não têm tido a oportunidade de adquirir essa noção. O docente sempre soube trabalhar as diferenças, afinal, as crianças apresentam muita diversidade, talvez eles só precisem mudar a forma de trabalho. O professor deve estar atento para não destacar a particularidade do aluno, e também não fazer o contrário, a escondendo dos demais.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 46 – 03 de Abril de 2010

Pulseiras do sexo: pais e educadores em alerta !

Pêra, Uva, Maçã, Salada Mista ! Na minha infância (não faz tanto tempo assim!), escolhíamos a fruta conforme nosso desejo de pegar na mão, dar um abraço ou ganhar um beijinho das garotas que participavam da brincadeira junto com a gente. Velhos e bons tempos, onde um simples selinho na boca era motivo de muita alegria e satisfação.


A moda do momento é a “pulseira do sexo”, inventada na Inglaterra em 2006 e difundida rapidamente no mundo globalizado. A brincadeira consiste em usar pulseiras de silicone de cores variadas, cada uma representando uma ação íntima, de simples abraços a posições sexuais. Cada vez que um colega consegue arrebentar uma pulseira, tem direito a consumar a ação correspondente ao que determina o adereço.

Encontradas facilmente nas mãos de camelôs e outros comerciantes, a preços módicos, que variam de R$ 0,10 a R$ 0,30 cada, as pulseiras têm cores variadas. As mais procuradas são as roxas, que equivalem a um beijo de língua e a preta, que corresponde ao ato sexual.

Nos Estados Unidos, a moda foi banida após casos de coação sexual. A mania chegou ao Brasil no fim do ano passado e já virou caso de polícia em vários estados e cidades. Em Santa Catarina, alguns municípios aprovaram leis proibindo as pulseiras do sexo. O mesmo já aconteceu em escolas de Minas Gerais e de São Paulo. No Rio, a febre das pulseiras ganhou força no início do ano e já tomou conta de unidades de ensino públicas e privadas.

Colégios do Rio de Janeiro estão emitindo avisos para os pais dos alunos alertando para a ocorrência de ataques de moradores de rua a meninas na saída da aula para que pratiquem com eles o ato identificado pela cor da pulseira. E, segundo a ONG Safernet, que atua na prevenção de crimes virtuais, o jogo, que já é praticado na Internet, atrai pedófilos, interessados em aliciar menores. Em seu formato online, o jogo é disseminado dentro de sites de relacionamento, em comunidades que tratam exclusivamente do assunto. No Orkut, são três, cada uma com mais de 100 mil membros, maioria criança e adolescente. Nos tópicos, usuários trocam mensagens dizendo que cor de pulseira gostariam de arrebentar no braço do outro.

Especialistas são unânimes em firmar que proibir as crianças de usar a pulseira não é o melhor caminho. O ideal é que os pais monitorem constantemente os filhos e conversem com eles sobre o que está envolvido no uso dessas pulseiras. Muitas vezes, a criança ou adolescente está usando por influência dos colegas, sem saber o quanto está se expondo. A proibição pode fazer com que o jovem use escondido dos pais.

Mais uma vez, a saída parece para o problema parece estar no diálogo entre família e crianças, entre educadores e adolescentes. Professores podem e devem abordar o tema nas salas de aula, de forma a orientar os jovens sobre a diferença entre uma simples brincadeira e ações que podem terminar de forma constrangedora e perigosa.

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 45 – 27 de Março de 2010

Um transtorno chamado TDAH

Os pais acham que os filhos são “elétricos” demais ou, por outro lado, que vivem no mundo da lua. Os professores reclamam que o aluno tumultua a classe e não presta atenção nas aulas. A criança não se sai bem nas provas. O jovem é isolado pelos colegas, pois abandona sempre as brincadeiras ou as atrapalha. Distraídos, agitados, bagunceiros, desorganizados. São crianças (adultos também apresentam tais características) que apresentam de maneira intensa e freqüente comportamentos e atitudes diferentes do padrão. São indícios do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

A origem do transtorno tem forte carga genética, mas não se acredita na existência de um “gene TDAH”, mas uma herança poligênica, ou seja, vários genes determinando o desenvolvimento do transtorno. Atinge entre 5 e 6 por cento das crianças, independentemente de país ou fatores culturais. Em alguns casos, o transtorno é minimizado ou estabilizado com o passar dos anos, mas acompanhará o indivíduo na vida adulta em mais da metade dos casos.

Na infância, está associado a dificuldades na escola e nos relacionamentos com pais, professores e colegas. Na fase adulta, chega a prejudicar as atividades nos âmbitos profissional, familiar, afetivo e social. Mesmo muito falado e estudado, o TDAH ainda é pouco conhecido e é tema de muita polêmica e quase nenhuma unaminidade. Mesmo entre os profissionais de saúde, há quem o considere um mito, apesar das alterações que são detectáveis no cérebro dos portadores do transtorno, justamente nas regiões responsáveis pela inibição de comportamento, pela capacidade de prestar atenção, pelo autocontrole e pela organização.

Os principais sintomas são hiperatividade, impulsividade e/ou falta de atenção. O diagnóstico normalmente não é simples, mas o que pode definir a presença do transtorno é a ocorrência de vários desses sinais em pelo menos dois ambientes (em casa e na escola, por exemplo), por um período superior a seis meses e em intensidade que resulte em prejuízos ao individuo no convívio social, familiar ou escolar. Como não há exames específicos para identificar o problema, o diagnóstico é feito com base no histórico do paciente. Além disso, de 60 a 70% dessas pessoas apresentam um ou mais problemas associados como dislexia, transtorno bipolar, ansiedade e depressão.

O tratamento inclui terapias com fonoaudiólogo, psicólogo ou terapeuta ocupacional, se necessário, mas o uso de medicamentos é fundamental, pois não causam dependência e seus efeitos colaterais são leves ou inexistentes.

É importante que pais e professores fiquem atentos aos sinais, pois quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento, maiores as chances de um eficiente controle do transtorno, com benefícios para o paciente e para todos que convivem com ele. E, neste contexto, o melhor caminho é o da informação e do conhecimento.

domingo, 21 de março de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 44 – 20 de Março de 2010

Seria a ansiedade um mal dos tempos modernos ?

Jerome Kagan é considerado um dos grandes psicólogos do século XX, sendo bastante conhecido pelas suas pesquisas envolvendo o desenvolvimento infantil, principalmente sobre o tema da ansiedade. Segundo ele, a incidência da ansiedade, ao contrário do que muitos pensam, não é maior nos dias de hoje do que em épocas passadas. No século XVI, a ansiedade “vinha do risco de morrer antes dos 35 anos de uma doença infecciosa, ser assaltado na beira da estrada entre uma cidade e outra, ofender Deus e ir para o purgatório. Hoje estamos ansiosos em relação a coisas diferentes, como status social, sucesso profissional, relação com os amigos, cônjuges, professores, alunos, entre outros”.

Segundo sua teoria, o que determina a freqüência e a intensidade da ansiedade são os genes, e eles não mudaram do século XVI para cá, mas o que determina o alvo da ansiedade é a cultura, e isso mudou. Jerome diz que tomos os seres humanos são ansiosos, que “faz parte da condição humana, como ficar cansado, errar, sentir-se culpado, frustrado ou envergonhado. Não existe civilização em que ninguém fica ansioso”.

O psicólogo também afirma que a ansiedade tem suas vantagens. “As pessoas ansiosas são muito responsáveis e conscientes. Jovens ansiosos, tímidos e introvertidos trabalham com afinco e erram menos. Há pessoas ansiosas simplesmente brilhantes. Uma pessoa pode ser intensamente ansiosa, mas se consegue cumprir seu papel nos estudos, na família e no trabalho, por exemplo, não há problema. A ansiedade só será um problema se atingir um estágio clínico, no qual vira doença, a superansiedade”.

Sobre a origem da superansiedade, ele afirma existirem dois argumentos. O primeiro deles destaca a evolução humana. Biólogos evolucionários dizem que a existência de hipervigilantes entre membros de nossa espécie foi decisiva na luta contra os predadores. Sob esse ponto de vista, a ansiedade foi uma vantagem adaptativa desenvolvida pelos seres humanos. O outro argumento afirma que nem todas as mutações que aconteceram em nossa espécie são úteis e positivas. Desta forma, a ansiedade seria um subproduto da evolução, uma sobra de algum outro arranjo genético positivo. Ainda não se sabe qual dos argumentos é o mais correto, mas segundo Jerome, ambos fazem sentido.

Finalmente, sobre a relevância da hereditariedade sobre a ansiedade, o psicólogo afirma que nem sempre filhos de pais ansiosos serão igualmente ansiosos. Se a ansiedade dos pais decorre de uma característica de sua natureza, a probabilidade de que seus filhos sejam ansiosos é um pouco mais alta. Mas se, por outro lado, a ansiedade dos pais tiver origem no ambiente, no meio em que vivem, a possibilidade de passar a ansiedade para os filhos será menor.

Analisando as afirmações do Dr. Kagan, podemos concluir acerca da importância de se conhecer mais profundamente o assunto. Para os professores então, que lidam com jovens cada vez mais ansiosos e impacientes, que não conseguem esperar pela conclusão de uma tarefa ou querem sempre resultados imediatos, saber lidar com tudo esse assunto é uma questão de sobrevivência na profissão e sucesso em seus objetivos de aprendizagem.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 43 – 13 de Março de 2010

Ser professor: nem pensar !

Voltamos na coluna desta semana a um assunto que já foi tema de outros textos aqui mesmo neste cantinho: o desestímulo dos jovens em seguir a carreira de professor. Baseio-me em uma pesquisa que mostra que os bons alunos não se interessam em seguir o magistério e também revela que aqueles que vão por este caminho são poucos e normalmente estão mal preparados.

A Fundação Carlos Chagas divulgou uma pesquisa, que foi solicitada pela Fundação Victor Civita, que mostra que apenas 2% (dois por cento) dos estudantes brasileiros que se preparavam para o vestibular de final do ano passado tinham a intenção de cursar Pedagogia, Normal Superior ou similares. Pedagogia figurou na 36ª. colocação entre 60 carreiras citadas, no levantamento que foi realizado em escolas públicas e privadas de ensino médio em todo o país. Medicina, Direito e Engenharia, mais uma vez, figuraram entre aqueles que mais exercem fascínio entre os jovens.

Talvez a mais grave conclusão acerca desta pesquisa seja o fato de que, os poucos que optam pela docência se concentram justamente no grupo dos 30% dos alunos com as piores notas na escola. Como é pouco concorrido e fácil de passar, muitas vezes significa a mais fácil porta de entrada para um curso superior. Assim, a Pedagogia recebe estudantes com pouca vocação, cuja opção não se dá por gosto, vocação ou pelo desejo de construção de uma carreira profissional.

Símbolo de status há algumas décadas atrás, a carreira de professor goza de baixo prestígio dentre os jovens do Brasil moderno. Baixos salários, falta de estrutura física e planejamento parecem ser as principais causas da profissão estar tão em baixa. Entretanto, devemos nos lembrar que a situação atual nada mais é do que o final (?) de um processo que teve início na década de 70, quando se iniciou no país uma acelerada massificação do ensino público, sem o correspondente aumento do número de profissionais preparados e em número suficiente para atender à demanda. A partir desta época, as faculdades de pedagogia e as licenciaturas se proliferaram, sem um padrão que pudesse garantir qualidade na mesma proporção do que quantidade.

A remuneração dos profissionais do ensino também é muito citada como um dos fatores primordiais para a falta de interesse dos jovens. Há casos inclusive de estudantes que são desencorajados pelos próprios pais de fazerem a opção pelo magistério. Alguns confessam que a família nunca aceitaria esta sua opção profissional, caso ela fosse realizada.

Importante destacar que o simples aumento de salário da classe docente parece não ser a melhor, ou a única, saída. Olhando para países que outrora estiveram em situação muito semelhante à do Brasil e hoje são referência em educação de qualidade (como Coréia do Sul, por exemplo), vê-se alguns caminhos eficientes para atrair alunos talentosos e brilhantes para o curso de Pedagogia. A possibilidade de uma carreira promissora, de verem seu talento reconhecido e terem sua capacidade intelectual estimulada, constam como boas estratégias para esta empreitada. Bons salários, neste caso, fazem parte do contexto e ajudam bastante nesta estratégia.

domingo, 7 de março de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 42 – 06 de Março de 2010

Convém ensinar cidadania nas escolas ?

Li uma reportagem uma vez que mostrava alguns exemplos de países que colocavam o ensino de cidadania para crianças e adolescentes como matéria obrigatória nas escolas. Me lembro que a matéria falava da Grã-Bretanha, onde crianças acima de 5 anos aprendiam na escola, por exemplo, que não se deve bater em mulheres e meninas. A Grã-Bretanha sofre, assim como o Brasil, e talvez menos do que nós, do problema da violência doméstica onde, em grande parte das vezes, crianças são testemunhas de trágicos acontecimentos entre seus próprios pais.

Logicamente que a atitude do governo britânico não foi aprovada por unaminidade. Famílias reagiram contra a obrigatoriedade destas aulas e muitos pais afirmaram que o dever da escola era ensinar a ler e escrever e não interferir na vida familiar e na forma como os pais criam seus filhos. É um assunto complicado, em que temos que colocar na balança a interferência do Estado para tentar medir se ela é mais benéfica ou mais prejudicial. Se trata de uma ajuda ou intromissão ?

Se você, leitor desta coluna, foi jovem ou adolescente nas décadas de 60 ou 70, deve-se lembrar que isso não é uma grande novidade aqui em nosso país. Nestes tempos idos, as crianças assistiam nas escolas públicas aulas de “Educação Moral e Cívica” e “OSPB”, sigla que queria dizer “Organização Social e Política do Brasil”. É lógico que os tempos eram outros pois vivíamos (me incluo nesta lista !) o período da ditadura militar e o lema do governo federal era “Brasil: Ame ou Deixe-o !”.

Agora o cenário é muito diferente e a ideia das aulas de cidadania ganham força pelas circunstâncias sociais que vivemos na atualidade. O objetivo seria formar os valores do indivíduo, dar noções de cidadania, estimular o convívio pacífico, não discriminação racial ou sexual, respeito ao meio ambiente, ao vizinho e aos idosos, alertar para o uso de drogas, armas, álcool e também emitir um basta contra a violência em casa, nas ruas, no trânsito e na sala de aula.

Para finalizar, cabem nesta reflexão as seguintes questões: este seria um papel reservado para a escola ou responsabilidade exclusiva das famílias ? Não seria este, exatamente o papel dos pais ? Ao atribuir à escola parte da responsabilidade pela formação do cidadão, não estaríamos passando atestado de falência da família ? Não seriam os pais que deveriam ensinar o certo e o errado, de acordo com seus princípios morais e éticos ?

Teoricamente sim, mas no mundo moderno (onde mães e pais trabalham fora e dedicam pouco tempo aos filhos e se divorciam numa velocidade maior do que se casam), a família não está sendo auto-suficiente para formar cidadãos responsáveis. E, neste contexto, uma parceria saudável entre família e escola talvez seja o melhor dentre os possíveis caminhos.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 41 – 20 de Fevereiro de 2010

Duas possíveis soluções para o problema da violência nas escolas

Novamente vamos nos valer de notícias recentemente publicadas sobre a educação em nosso país para discutir, na coluna de hoje, sobre um dos mais graves problemas que afligem alunos, professores, funcionários e as escolas, de um modo geral, a violência.

O município de Vila Velha, na região metropolitana de Vitória (ES), está usando a tecnologia para tentar conter a violência escolar. Já começou a funcionar em 50 das 92 unidades da rede pública municipal um novo sistema de segurança chamado de Botão de Pânico. Similar a um pequeno controle remoto, o aparelho será usado para acionar uma central de segurança em caso de emergência. O alarme funcionará integrado a uma central de vídeo-monitoramento em dez unidades. Segundo a prefeitura, dentro de 90 dias, o sistema será levado a todas as escolas da rede municipal

O sistema funciona interligado a uma empresa de segurança privada, contratada pela prefeitura. Ao ser acionado, o dispositivo, que vai ficar em poder do diretor de cada unidade, emite um alerta para a central de monitoramento, que envia uma patrulha escolar até o local. Em casos mais graves, os agentes que trabalham na patrulha podem pedir ajuda à Guarda Municipal ou à Polícia Militar.

O investimento para implantação do sistema fica entre R$ 8 mil e R$ 13 mil, dependendo do tamanho de cada unidade escolar. As câmeras, além de gravarem toda a movimentação no interior da escola, também registram o que acontece nas redondezas da unidade. O objetivo, segundo o secretário de Educação, é coibir a violência escolar e o tráfico de drogas. Testado em uma unidade durante o ano de 2009, o sistema teria reduzido de vinte para zero o número mensal de ocorrências.

Já no centro-oeste do país, uma iniciativa da escola Escola-Classe 203, na cidade-satélite de Santa Maria, a 35 quilômetros de Brasília, teve grande sucesso na redução da violência entre estudantes. Com a promoção de gincanas para os alunos da educação infantil e um campeonato com diversas modalidades esportivas para os estudantes das séries iniciais do ensino fundamental, a escola pôde observar a redução dos casos em que alunos submetiam colegas a humilhações públicas e intimidações, o chamado bullying.

Segundo matéria publicada no site do Ministério da Educação (MEC), a orientadora educacional da instituição, afirmou que excelentes resultados foram alcançados com a iniciativa. Segundo ela, os alunos que brigavam passaram a organizar equipes esportivas, estratégias de jogo e torcidas organizadas. A prática esportiva e as gincanas ajudaram também a melhorar a relação dos alunos e professores. O trabalho foi tão positivo que será realizado novamente no início deste ano letivo e o modelo deverá ser exportado para outras escolas da rede pública do Distrito Federal.

Repressão, vigilância e força de um lado. Esporte, orientação e acompanhamento do outro. Qual será a melhor forma de combater a violência na escola ? Acredito que não podemos condenar e nem criticar práticas similares ao primeiro exemplo relatado, pois em alguns casos a situação já se encontra fora do controle e a repressão acaba por se a melhor (senão a única) saída possível para a eliminação ou minimização do problema. Mas não há dúvidas de que a prevenção ainda é o melhor remédio. Por isto, acho que o segundo exemplo é que deve ser tomado como balizamento para as ações dos educadores, pois, não há nenhuma dúvida de que esporte combina bem mais com educação do que polícia.