quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 28 – 07 de Novembro de 2009

Uma questão de segurança e de credibilidade ...

Desde o advento da fraude envolvendo o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que teve que ser adiado por vazamento de uma prova, a pergunta que todos os envolvidos na educação do país se fazem é: os processos de exames, concursos e seleções são realmente seguros ? Há poucos dias atrás a imprensa noticiou que provas do ENADE (Exame Nacional de Desempenho do Ensino Superior) estavam sendo transportadas sem o lacre. O MEC retrucou dizendo que estavam sendo transportadas por pessoal autorizado e de absoluta confiança. Dá para acreditar nisso ?

O fato é que, por mais que os organizadores se esforcem para garantir uma concorrência justa, não faltam flagrantes de fraude nos concursos país afora. Existem até quadrilhas especializadas no assunto. E candidatos dispostos a pagar por seus serviços, que incluem colas eletrônicas e falsificação de documentos. Em 2002, uma quadrilha "aprovou" 28 dos 40 alunos de medicina da Universidade Federal do Acre (UFA). Quando a polícia descobriu o esquema, soube que ela atuava havia 18 anos. Isto tudo sem falar nas inúmeras fraudes já detectadas nos sistemas de cotas de várias instituições, como as que aconteceram na UFBA (Universidade Federal da Bahia), em 2006.

Outras universidades também se preocupam com a segurança de seus vestibulares. As Universidades Federais de São Paulo (USP) e do Paraná (UFPR) estão entre as que usam detectores de metal e rastreadores de sinal de celular para evitar a cola. Na Unicamp, quem fizer a segunda fase do vestibular fornecerá sua impressão digital 11 vezes durante o concurso, para compará-las com a digital de quem fizer a matrícula e evitar a ação de laranjas !

O problema é que as medidas de segurança são caras. Estudos mostraram que cerca de 30% do custo de exames e processos de vestibular são gastos com a questão da segurança, antes, durante e depois da realização das provas. Além disso, a tecnologia muda e se aprimora muito rapidamente, exigindo dos fiscais e do pessoal responsável pela segurança uma atenção cada vez maior. Novos métodos de cola e de transmissão de dados são “inventados” a todo instante e estão se sofisticando cada vez mais.

E o mais desanimador de tudo é que a cola eletrônica não tem sido considerada crime pelo Supremo Tribunal Federal, instância máxima da Justiça brasileira. Em dois casos que já julgou, o órgão considerou que ela não é estelionato nem falsidade ideológica. Além da perda de credibilidade nas instituições e nos processos de seleção, o fato proporciona uma chance clara de impunidade para quem trapaceia. E isto é absolutamente lamentável !

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