Seria a ansiedade um mal dos tempos modernos ?
Jerome Kagan é considerado um dos grandes psicólogos do século XX, sendo bastante conhecido pelas suas pesquisas envolvendo o desenvolvimento infantil, principalmente sobre o tema da ansiedade. Segundo ele, a incidência da ansiedade, ao contrário do que muitos pensam, não é maior nos dias de hoje do que em épocas passadas. No século XVI, a ansiedade “vinha do risco de morrer antes dos 35 anos de uma doença infecciosa, ser assaltado na beira da estrada entre uma cidade e outra, ofender Deus e ir para o purgatório. Hoje estamos ansiosos em relação a coisas diferentes, como status social, sucesso profissional, relação com os amigos, cônjuges, professores, alunos, entre outros”.
Segundo sua teoria, o que determina a freqüência e a intensidade da ansiedade são os genes, e eles não mudaram do século XVI para cá, mas o que determina o alvo da ansiedade é a cultura, e isso mudou. Jerome diz que tomos os seres humanos são ansiosos, que “faz parte da condição humana, como ficar cansado, errar, sentir-se culpado, frustrado ou envergonhado. Não existe civilização em que ninguém fica ansioso”.
O psicólogo também afirma que a ansiedade tem suas vantagens. “As pessoas ansiosas são muito responsáveis e conscientes. Jovens ansiosos, tímidos e introvertidos trabalham com afinco e erram menos. Há pessoas ansiosas simplesmente brilhantes. Uma pessoa pode ser intensamente ansiosa, mas se consegue cumprir seu papel nos estudos, na família e no trabalho, por exemplo, não há problema. A ansiedade só será um problema se atingir um estágio clínico, no qual vira doença, a superansiedade”.
Sobre a origem da superansiedade, ele afirma existirem dois argumentos. O primeiro deles destaca a evolução humana. Biólogos evolucionários dizem que a existência de hipervigilantes entre membros de nossa espécie foi decisiva na luta contra os predadores. Sob esse ponto de vista, a ansiedade foi uma vantagem adaptativa desenvolvida pelos seres humanos. O outro argumento afirma que nem todas as mutações que aconteceram em nossa espécie são úteis e positivas. Desta forma, a ansiedade seria um subproduto da evolução, uma sobra de algum outro arranjo genético positivo. Ainda não se sabe qual dos argumentos é o mais correto, mas segundo Jerome, ambos fazem sentido.
Finalmente, sobre a relevância da hereditariedade sobre a ansiedade, o psicólogo afirma que nem sempre filhos de pais ansiosos serão igualmente ansiosos. Se a ansiedade dos pais decorre de uma característica de sua natureza, a probabilidade de que seus filhos sejam ansiosos é um pouco mais alta. Mas se, por outro lado, a ansiedade dos pais tiver origem no ambiente, no meio em que vivem, a possibilidade de passar a ansiedade para os filhos será menor.
Analisando as afirmações do Dr. Kagan, podemos concluir acerca da importância de se conhecer mais profundamente o assunto. Para os professores então, que lidam com jovens cada vez mais ansiosos e impacientes, que não conseguem esperar pela conclusão de uma tarefa ou querem sempre resultados imediatos, saber lidar com tudo esse assunto é uma questão de sobrevivência na profissão e sucesso em seus objetivos de aprendizagem.
Este Blog foi concebido para que sejam publicadas as colunas mensais de nome "Filosofia & Cia", escritas para o Jornal Cultural "Conhece-te a ti mesmo", as colunas mensais "Gestão e Liderança" escritas para a Revista Ideia e a coluna semanal "Falando de Educação", do Jornal Expressão Regional, todas publicações veiculadas na cidade de Conselheiro Lafaiete - MG.
domingo, 21 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 43 – 13 de Março de 2010
Ser professor: nem pensar !
Voltamos na coluna desta semana a um assunto que já foi tema de outros textos aqui mesmo neste cantinho: o desestímulo dos jovens em seguir a carreira de professor. Baseio-me em uma pesquisa que mostra que os bons alunos não se interessam em seguir o magistério e também revela que aqueles que vão por este caminho são poucos e normalmente estão mal preparados.
A Fundação Carlos Chagas divulgou uma pesquisa, que foi solicitada pela Fundação Victor Civita, que mostra que apenas 2% (dois por cento) dos estudantes brasileiros que se preparavam para o vestibular de final do ano passado tinham a intenção de cursar Pedagogia, Normal Superior ou similares. Pedagogia figurou na 36ª. colocação entre 60 carreiras citadas, no levantamento que foi realizado em escolas públicas e privadas de ensino médio em todo o país. Medicina, Direito e Engenharia, mais uma vez, figuraram entre aqueles que mais exercem fascínio entre os jovens.
Talvez a mais grave conclusão acerca desta pesquisa seja o fato de que, os poucos que optam pela docência se concentram justamente no grupo dos 30% dos alunos com as piores notas na escola. Como é pouco concorrido e fácil de passar, muitas vezes significa a mais fácil porta de entrada para um curso superior. Assim, a Pedagogia recebe estudantes com pouca vocação, cuja opção não se dá por gosto, vocação ou pelo desejo de construção de uma carreira profissional.
Símbolo de status há algumas décadas atrás, a carreira de professor goza de baixo prestígio dentre os jovens do Brasil moderno. Baixos salários, falta de estrutura física e planejamento parecem ser as principais causas da profissão estar tão em baixa. Entretanto, devemos nos lembrar que a situação atual nada mais é do que o final (?) de um processo que teve início na década de 70, quando se iniciou no país uma acelerada massificação do ensino público, sem o correspondente aumento do número de profissionais preparados e em número suficiente para atender à demanda. A partir desta época, as faculdades de pedagogia e as licenciaturas se proliferaram, sem um padrão que pudesse garantir qualidade na mesma proporção do que quantidade.
A remuneração dos profissionais do ensino também é muito citada como um dos fatores primordiais para a falta de interesse dos jovens. Há casos inclusive de estudantes que são desencorajados pelos próprios pais de fazerem a opção pelo magistério. Alguns confessam que a família nunca aceitaria esta sua opção profissional, caso ela fosse realizada.
Importante destacar que o simples aumento de salário da classe docente parece não ser a melhor, ou a única, saída. Olhando para países que outrora estiveram em situação muito semelhante à do Brasil e hoje são referência em educação de qualidade (como Coréia do Sul, por exemplo), vê-se alguns caminhos eficientes para atrair alunos talentosos e brilhantes para o curso de Pedagogia. A possibilidade de uma carreira promissora, de verem seu talento reconhecido e terem sua capacidade intelectual estimulada, constam como boas estratégias para esta empreitada. Bons salários, neste caso, fazem parte do contexto e ajudam bastante nesta estratégia.
Voltamos na coluna desta semana a um assunto que já foi tema de outros textos aqui mesmo neste cantinho: o desestímulo dos jovens em seguir a carreira de professor. Baseio-me em uma pesquisa que mostra que os bons alunos não se interessam em seguir o magistério e também revela que aqueles que vão por este caminho são poucos e normalmente estão mal preparados.
A Fundação Carlos Chagas divulgou uma pesquisa, que foi solicitada pela Fundação Victor Civita, que mostra que apenas 2% (dois por cento) dos estudantes brasileiros que se preparavam para o vestibular de final do ano passado tinham a intenção de cursar Pedagogia, Normal Superior ou similares. Pedagogia figurou na 36ª. colocação entre 60 carreiras citadas, no levantamento que foi realizado em escolas públicas e privadas de ensino médio em todo o país. Medicina, Direito e Engenharia, mais uma vez, figuraram entre aqueles que mais exercem fascínio entre os jovens.
Talvez a mais grave conclusão acerca desta pesquisa seja o fato de que, os poucos que optam pela docência se concentram justamente no grupo dos 30% dos alunos com as piores notas na escola. Como é pouco concorrido e fácil de passar, muitas vezes significa a mais fácil porta de entrada para um curso superior. Assim, a Pedagogia recebe estudantes com pouca vocação, cuja opção não se dá por gosto, vocação ou pelo desejo de construção de uma carreira profissional.
Símbolo de status há algumas décadas atrás, a carreira de professor goza de baixo prestígio dentre os jovens do Brasil moderno. Baixos salários, falta de estrutura física e planejamento parecem ser as principais causas da profissão estar tão em baixa. Entretanto, devemos nos lembrar que a situação atual nada mais é do que o final (?) de um processo que teve início na década de 70, quando se iniciou no país uma acelerada massificação do ensino público, sem o correspondente aumento do número de profissionais preparados e em número suficiente para atender à demanda. A partir desta época, as faculdades de pedagogia e as licenciaturas se proliferaram, sem um padrão que pudesse garantir qualidade na mesma proporção do que quantidade.
A remuneração dos profissionais do ensino também é muito citada como um dos fatores primordiais para a falta de interesse dos jovens. Há casos inclusive de estudantes que são desencorajados pelos próprios pais de fazerem a opção pelo magistério. Alguns confessam que a família nunca aceitaria esta sua opção profissional, caso ela fosse realizada.
Importante destacar que o simples aumento de salário da classe docente parece não ser a melhor, ou a única, saída. Olhando para países que outrora estiveram em situação muito semelhante à do Brasil e hoje são referência em educação de qualidade (como Coréia do Sul, por exemplo), vê-se alguns caminhos eficientes para atrair alunos talentosos e brilhantes para o curso de Pedagogia. A possibilidade de uma carreira promissora, de verem seu talento reconhecido e terem sua capacidade intelectual estimulada, constam como boas estratégias para esta empreitada. Bons salários, neste caso, fazem parte do contexto e ajudam bastante nesta estratégia.
Marcadores:
Educação,
Falando de Educação
domingo, 7 de março de 2010
Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 42 – 06 de Março de 2010
Convém ensinar cidadania nas escolas ?
Li uma reportagem uma vez que mostrava alguns exemplos de países que colocavam o ensino de cidadania para crianças e adolescentes como matéria obrigatória nas escolas. Me lembro que a matéria falava da Grã-Bretanha, onde crianças acima de 5 anos aprendiam na escola, por exemplo, que não se deve bater em mulheres e meninas. A Grã-Bretanha sofre, assim como o Brasil, e talvez menos do que nós, do problema da violência doméstica onde, em grande parte das vezes, crianças são testemunhas de trágicos acontecimentos entre seus próprios pais.
Logicamente que a atitude do governo britânico não foi aprovada por unaminidade. Famílias reagiram contra a obrigatoriedade destas aulas e muitos pais afirmaram que o dever da escola era ensinar a ler e escrever e não interferir na vida familiar e na forma como os pais criam seus filhos. É um assunto complicado, em que temos que colocar na balança a interferência do Estado para tentar medir se ela é mais benéfica ou mais prejudicial. Se trata de uma ajuda ou intromissão ?
Se você, leitor desta coluna, foi jovem ou adolescente nas décadas de 60 ou 70, deve-se lembrar que isso não é uma grande novidade aqui em nosso país. Nestes tempos idos, as crianças assistiam nas escolas públicas aulas de “Educação Moral e Cívica” e “OSPB”, sigla que queria dizer “Organização Social e Política do Brasil”. É lógico que os tempos eram outros pois vivíamos (me incluo nesta lista !) o período da ditadura militar e o lema do governo federal era “Brasil: Ame ou Deixe-o !”.
Agora o cenário é muito diferente e a ideia das aulas de cidadania ganham força pelas circunstâncias sociais que vivemos na atualidade. O objetivo seria formar os valores do indivíduo, dar noções de cidadania, estimular o convívio pacífico, não discriminação racial ou sexual, respeito ao meio ambiente, ao vizinho e aos idosos, alertar para o uso de drogas, armas, álcool e também emitir um basta contra a violência em casa, nas ruas, no trânsito e na sala de aula.
Para finalizar, cabem nesta reflexão as seguintes questões: este seria um papel reservado para a escola ou responsabilidade exclusiva das famílias ? Não seria este, exatamente o papel dos pais ? Ao atribuir à escola parte da responsabilidade pela formação do cidadão, não estaríamos passando atestado de falência da família ? Não seriam os pais que deveriam ensinar o certo e o errado, de acordo com seus princípios morais e éticos ?
Teoricamente sim, mas no mundo moderno (onde mães e pais trabalham fora e dedicam pouco tempo aos filhos e se divorciam numa velocidade maior do que se casam), a família não está sendo auto-suficiente para formar cidadãos responsáveis. E, neste contexto, uma parceria saudável entre família e escola talvez seja o melhor dentre os possíveis caminhos.
Li uma reportagem uma vez que mostrava alguns exemplos de países que colocavam o ensino de cidadania para crianças e adolescentes como matéria obrigatória nas escolas. Me lembro que a matéria falava da Grã-Bretanha, onde crianças acima de 5 anos aprendiam na escola, por exemplo, que não se deve bater em mulheres e meninas. A Grã-Bretanha sofre, assim como o Brasil, e talvez menos do que nós, do problema da violência doméstica onde, em grande parte das vezes, crianças são testemunhas de trágicos acontecimentos entre seus próprios pais.
Logicamente que a atitude do governo britânico não foi aprovada por unaminidade. Famílias reagiram contra a obrigatoriedade destas aulas e muitos pais afirmaram que o dever da escola era ensinar a ler e escrever e não interferir na vida familiar e na forma como os pais criam seus filhos. É um assunto complicado, em que temos que colocar na balança a interferência do Estado para tentar medir se ela é mais benéfica ou mais prejudicial. Se trata de uma ajuda ou intromissão ?
Se você, leitor desta coluna, foi jovem ou adolescente nas décadas de 60 ou 70, deve-se lembrar que isso não é uma grande novidade aqui em nosso país. Nestes tempos idos, as crianças assistiam nas escolas públicas aulas de “Educação Moral e Cívica” e “OSPB”, sigla que queria dizer “Organização Social e Política do Brasil”. É lógico que os tempos eram outros pois vivíamos (me incluo nesta lista !) o período da ditadura militar e o lema do governo federal era “Brasil: Ame ou Deixe-o !”.
Agora o cenário é muito diferente e a ideia das aulas de cidadania ganham força pelas circunstâncias sociais que vivemos na atualidade. O objetivo seria formar os valores do indivíduo, dar noções de cidadania, estimular o convívio pacífico, não discriminação racial ou sexual, respeito ao meio ambiente, ao vizinho e aos idosos, alertar para o uso de drogas, armas, álcool e também emitir um basta contra a violência em casa, nas ruas, no trânsito e na sala de aula.
Para finalizar, cabem nesta reflexão as seguintes questões: este seria um papel reservado para a escola ou responsabilidade exclusiva das famílias ? Não seria este, exatamente o papel dos pais ? Ao atribuir à escola parte da responsabilidade pela formação do cidadão, não estaríamos passando atestado de falência da família ? Não seriam os pais que deveriam ensinar o certo e o errado, de acordo com seus princípios morais e éticos ?
Teoricamente sim, mas no mundo moderno (onde mães e pais trabalham fora e dedicam pouco tempo aos filhos e se divorciam numa velocidade maior do que se casam), a família não está sendo auto-suficiente para formar cidadãos responsáveis. E, neste contexto, uma parceria saudável entre família e escola talvez seja o melhor dentre os possíveis caminhos.
Marcadores:
Educação,
Falando de Educação
segunda-feira, 1 de março de 2010
Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 41 – 20 de Fevereiro de 2010
Duas possíveis soluções para o problema da violência nas escolas
Novamente vamos nos valer de notícias recentemente publicadas sobre a educação em nosso país para discutir, na coluna de hoje, sobre um dos mais graves problemas que afligem alunos, professores, funcionários e as escolas, de um modo geral, a violência.
O município de Vila Velha, na região metropolitana de Vitória (ES), está usando a tecnologia para tentar conter a violência escolar. Já começou a funcionar em 50 das 92 unidades da rede pública municipal um novo sistema de segurança chamado de Botão de Pânico. Similar a um pequeno controle remoto, o aparelho será usado para acionar uma central de segurança em caso de emergência. O alarme funcionará integrado a uma central de vídeo-monitoramento em dez unidades. Segundo a prefeitura, dentro de 90 dias, o sistema será levado a todas as escolas da rede municipal
O sistema funciona interligado a uma empresa de segurança privada, contratada pela prefeitura. Ao ser acionado, o dispositivo, que vai ficar em poder do diretor de cada unidade, emite um alerta para a central de monitoramento, que envia uma patrulha escolar até o local. Em casos mais graves, os agentes que trabalham na patrulha podem pedir ajuda à Guarda Municipal ou à Polícia Militar.
O investimento para implantação do sistema fica entre R$ 8 mil e R$ 13 mil, dependendo do tamanho de cada unidade escolar. As câmeras, além de gravarem toda a movimentação no interior da escola, também registram o que acontece nas redondezas da unidade. O objetivo, segundo o secretário de Educação, é coibir a violência escolar e o tráfico de drogas. Testado em uma unidade durante o ano de 2009, o sistema teria reduzido de vinte para zero o número mensal de ocorrências.
Já no centro-oeste do país, uma iniciativa da escola Escola-Classe 203, na cidade-satélite de Santa Maria, a 35 quilômetros de Brasília, teve grande sucesso na redução da violência entre estudantes. Com a promoção de gincanas para os alunos da educação infantil e um campeonato com diversas modalidades esportivas para os estudantes das séries iniciais do ensino fundamental, a escola pôde observar a redução dos casos em que alunos submetiam colegas a humilhações públicas e intimidações, o chamado bullying.
Segundo matéria publicada no site do Ministério da Educação (MEC), a orientadora educacional da instituição, afirmou que excelentes resultados foram alcançados com a iniciativa. Segundo ela, os alunos que brigavam passaram a organizar equipes esportivas, estratégias de jogo e torcidas organizadas. A prática esportiva e as gincanas ajudaram também a melhorar a relação dos alunos e professores. O trabalho foi tão positivo que será realizado novamente no início deste ano letivo e o modelo deverá ser exportado para outras escolas da rede pública do Distrito Federal.
Repressão, vigilância e força de um lado. Esporte, orientação e acompanhamento do outro. Qual será a melhor forma de combater a violência na escola ? Acredito que não podemos condenar e nem criticar práticas similares ao primeiro exemplo relatado, pois em alguns casos a situação já se encontra fora do controle e a repressão acaba por se a melhor (senão a única) saída possível para a eliminação ou minimização do problema. Mas não há dúvidas de que a prevenção ainda é o melhor remédio. Por isto, acho que o segundo exemplo é que deve ser tomado como balizamento para as ações dos educadores, pois, não há nenhuma dúvida de que esporte combina bem mais com educação do que polícia.
Novamente vamos nos valer de notícias recentemente publicadas sobre a educação em nosso país para discutir, na coluna de hoje, sobre um dos mais graves problemas que afligem alunos, professores, funcionários e as escolas, de um modo geral, a violência.
O município de Vila Velha, na região metropolitana de Vitória (ES), está usando a tecnologia para tentar conter a violência escolar. Já começou a funcionar em 50 das 92 unidades da rede pública municipal um novo sistema de segurança chamado de Botão de Pânico. Similar a um pequeno controle remoto, o aparelho será usado para acionar uma central de segurança em caso de emergência. O alarme funcionará integrado a uma central de vídeo-monitoramento em dez unidades. Segundo a prefeitura, dentro de 90 dias, o sistema será levado a todas as escolas da rede municipal
O sistema funciona interligado a uma empresa de segurança privada, contratada pela prefeitura. Ao ser acionado, o dispositivo, que vai ficar em poder do diretor de cada unidade, emite um alerta para a central de monitoramento, que envia uma patrulha escolar até o local. Em casos mais graves, os agentes que trabalham na patrulha podem pedir ajuda à Guarda Municipal ou à Polícia Militar.
O investimento para implantação do sistema fica entre R$ 8 mil e R$ 13 mil, dependendo do tamanho de cada unidade escolar. As câmeras, além de gravarem toda a movimentação no interior da escola, também registram o que acontece nas redondezas da unidade. O objetivo, segundo o secretário de Educação, é coibir a violência escolar e o tráfico de drogas. Testado em uma unidade durante o ano de 2009, o sistema teria reduzido de vinte para zero o número mensal de ocorrências.
Já no centro-oeste do país, uma iniciativa da escola Escola-Classe 203, na cidade-satélite de Santa Maria, a 35 quilômetros de Brasília, teve grande sucesso na redução da violência entre estudantes. Com a promoção de gincanas para os alunos da educação infantil e um campeonato com diversas modalidades esportivas para os estudantes das séries iniciais do ensino fundamental, a escola pôde observar a redução dos casos em que alunos submetiam colegas a humilhações públicas e intimidações, o chamado bullying.
Segundo matéria publicada no site do Ministério da Educação (MEC), a orientadora educacional da instituição, afirmou que excelentes resultados foram alcançados com a iniciativa. Segundo ela, os alunos que brigavam passaram a organizar equipes esportivas, estratégias de jogo e torcidas organizadas. A prática esportiva e as gincanas ajudaram também a melhorar a relação dos alunos e professores. O trabalho foi tão positivo que será realizado novamente no início deste ano letivo e o modelo deverá ser exportado para outras escolas da rede pública do Distrito Federal.
Repressão, vigilância e força de um lado. Esporte, orientação e acompanhamento do outro. Qual será a melhor forma de combater a violência na escola ? Acredito que não podemos condenar e nem criticar práticas similares ao primeiro exemplo relatado, pois em alguns casos a situação já se encontra fora do controle e a repressão acaba por se a melhor (senão a única) saída possível para a eliminação ou minimização do problema. Mas não há dúvidas de que a prevenção ainda é o melhor remédio. Por isto, acho que o segundo exemplo é que deve ser tomado como balizamento para as ações dos educadores, pois, não há nenhuma dúvida de que esporte combina bem mais com educação do que polícia.
Marcadores:
Educação,
Falando de Educação
Assinar:
Postagens (Atom)