domingo, 7 de março de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 42 – 06 de Março de 2010

Convém ensinar cidadania nas escolas ?

Li uma reportagem uma vez que mostrava alguns exemplos de países que colocavam o ensino de cidadania para crianças e adolescentes como matéria obrigatória nas escolas. Me lembro que a matéria falava da Grã-Bretanha, onde crianças acima de 5 anos aprendiam na escola, por exemplo, que não se deve bater em mulheres e meninas. A Grã-Bretanha sofre, assim como o Brasil, e talvez menos do que nós, do problema da violência doméstica onde, em grande parte das vezes, crianças são testemunhas de trágicos acontecimentos entre seus próprios pais.

Logicamente que a atitude do governo britânico não foi aprovada por unaminidade. Famílias reagiram contra a obrigatoriedade destas aulas e muitos pais afirmaram que o dever da escola era ensinar a ler e escrever e não interferir na vida familiar e na forma como os pais criam seus filhos. É um assunto complicado, em que temos que colocar na balança a interferência do Estado para tentar medir se ela é mais benéfica ou mais prejudicial. Se trata de uma ajuda ou intromissão ?

Se você, leitor desta coluna, foi jovem ou adolescente nas décadas de 60 ou 70, deve-se lembrar que isso não é uma grande novidade aqui em nosso país. Nestes tempos idos, as crianças assistiam nas escolas públicas aulas de “Educação Moral e Cívica” e “OSPB”, sigla que queria dizer “Organização Social e Política do Brasil”. É lógico que os tempos eram outros pois vivíamos (me incluo nesta lista !) o período da ditadura militar e o lema do governo federal era “Brasil: Ame ou Deixe-o !”.

Agora o cenário é muito diferente e a ideia das aulas de cidadania ganham força pelas circunstâncias sociais que vivemos na atualidade. O objetivo seria formar os valores do indivíduo, dar noções de cidadania, estimular o convívio pacífico, não discriminação racial ou sexual, respeito ao meio ambiente, ao vizinho e aos idosos, alertar para o uso de drogas, armas, álcool e também emitir um basta contra a violência em casa, nas ruas, no trânsito e na sala de aula.

Para finalizar, cabem nesta reflexão as seguintes questões: este seria um papel reservado para a escola ou responsabilidade exclusiva das famílias ? Não seria este, exatamente o papel dos pais ? Ao atribuir à escola parte da responsabilidade pela formação do cidadão, não estaríamos passando atestado de falência da família ? Não seriam os pais que deveriam ensinar o certo e o errado, de acordo com seus princípios morais e éticos ?

Teoricamente sim, mas no mundo moderno (onde mães e pais trabalham fora e dedicam pouco tempo aos filhos e se divorciam numa velocidade maior do que se casam), a família não está sendo auto-suficiente para formar cidadãos responsáveis. E, neste contexto, uma parceria saudável entre família e escola talvez seja o melhor dentre os possíveis caminhos.

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