quarta-feira, 17 de março de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 43 – 13 de Março de 2010

Ser professor: nem pensar !

Voltamos na coluna desta semana a um assunto que já foi tema de outros textos aqui mesmo neste cantinho: o desestímulo dos jovens em seguir a carreira de professor. Baseio-me em uma pesquisa que mostra que os bons alunos não se interessam em seguir o magistério e também revela que aqueles que vão por este caminho são poucos e normalmente estão mal preparados.

A Fundação Carlos Chagas divulgou uma pesquisa, que foi solicitada pela Fundação Victor Civita, que mostra que apenas 2% (dois por cento) dos estudantes brasileiros que se preparavam para o vestibular de final do ano passado tinham a intenção de cursar Pedagogia, Normal Superior ou similares. Pedagogia figurou na 36ª. colocação entre 60 carreiras citadas, no levantamento que foi realizado em escolas públicas e privadas de ensino médio em todo o país. Medicina, Direito e Engenharia, mais uma vez, figuraram entre aqueles que mais exercem fascínio entre os jovens.

Talvez a mais grave conclusão acerca desta pesquisa seja o fato de que, os poucos que optam pela docência se concentram justamente no grupo dos 30% dos alunos com as piores notas na escola. Como é pouco concorrido e fácil de passar, muitas vezes significa a mais fácil porta de entrada para um curso superior. Assim, a Pedagogia recebe estudantes com pouca vocação, cuja opção não se dá por gosto, vocação ou pelo desejo de construção de uma carreira profissional.

Símbolo de status há algumas décadas atrás, a carreira de professor goza de baixo prestígio dentre os jovens do Brasil moderno. Baixos salários, falta de estrutura física e planejamento parecem ser as principais causas da profissão estar tão em baixa. Entretanto, devemos nos lembrar que a situação atual nada mais é do que o final (?) de um processo que teve início na década de 70, quando se iniciou no país uma acelerada massificação do ensino público, sem o correspondente aumento do número de profissionais preparados e em número suficiente para atender à demanda. A partir desta época, as faculdades de pedagogia e as licenciaturas se proliferaram, sem um padrão que pudesse garantir qualidade na mesma proporção do que quantidade.

A remuneração dos profissionais do ensino também é muito citada como um dos fatores primordiais para a falta de interesse dos jovens. Há casos inclusive de estudantes que são desencorajados pelos próprios pais de fazerem a opção pelo magistério. Alguns confessam que a família nunca aceitaria esta sua opção profissional, caso ela fosse realizada.

Importante destacar que o simples aumento de salário da classe docente parece não ser a melhor, ou a única, saída. Olhando para países que outrora estiveram em situação muito semelhante à do Brasil e hoje são referência em educação de qualidade (como Coréia do Sul, por exemplo), vê-se alguns caminhos eficientes para atrair alunos talentosos e brilhantes para o curso de Pedagogia. A possibilidade de uma carreira promissora, de verem seu talento reconhecido e terem sua capacidade intelectual estimulada, constam como boas estratégias para esta empreitada. Bons salários, neste caso, fazem parte do contexto e ajudam bastante nesta estratégia.

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