René Descartes e a inovação, motor do mundo moderno
Um pouco de história: Também conhecido como Renatus Cartesius, viveu entre 1596 e 1650 e deixou seu nome na história da Física e da Matemática, sendo uma das figuras-chave da Revolução Científica. Sugeriu a fusão da álgebra com a geometria, fato que gerou a geometria analítica, tendo inventado também o sistema de coordenadas que ficaram conhecidas como coordenadas cartesianas. Porém, seus trabalhos mais revolucionários aconteceram na Filosofia, sendo chamado “o fundador da filosofia moderna”. Inspirou contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores, podendo-se dizer que boa parte da filosofia escrita a partir de então foi influenciada por ele ou foi uma reação às suas obras. Embora a maior parte de seu trabalho seja consagrado às ciências, o que Descartes mais quis foi conseguir um modo de chegar a verdades concretas. Sua filosofia, exposta principalmente em “O discurso sobre o Método", o mais amplamente lido de todos os seus trabalhos, é a proposta de meios para tal. O seu método para o raciocínio correto é "nunca aceitar qualquer coisa como verdade se essa coisa não pode ser vista clara e distintamente como tal”. Isto implica na rejeição de todas as idéias e opiniões aceitas, a determinação a duvidar até ser convencido do contrário pela evidência dos fatos.
De volta ao século XXI: Vejamos algumas notícias da semana coletados em um site especializado em inovações tecnológicas: - Criado um revestimento do tipo filme plástico que pode ser aplicado a diversas superfícies e que permite a limpeza do óleo usando apenas água, dispensando até mesmo o sabão! - Nasa afirma que astronautas poderão ser enviados a “buracos gravitacionais”! - Elo perdido da eletrônica permitirá em futuro próximo a criação do “computador que aprende”! Inovação é, pois, o processo que inclui as atividades técnicas, concepção, desenvolvimento, gestão e que resulta na comercialização de novos (ou melhorados) produtos, ou na primeira utilização de novos (ou melhorados) processos. Inovação significa novidade ou renovação. A palavra é derivada do termo latino innovatio, e se refere a uma idéia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores. Hoje em dia, aceita-se que invenção é uma nova ideia ou um novo produto e a inovação é a melhoria de algo já inventado. Trata-se da não aceitação das coisas como são, ou melhor dizendo, das coisas como estão. É duvidar constantemente que as coisas não podem ser melhoradas ou já atingiram o seu máximo, ou a sua verdade, dentro do processo de criação. É acreditar que paradigmas existem para serem quebrados e que uma nova fase pode se iniciar antes mesmo que a fase anterior tenha teminado completamente.
Reflexão: É muito fácil constatar que o foi dito anteriormente sobre a inovação não acontece apenas com produtos tecnológicos ou é privilégio de países altamente industrializados ou povos desenvolvidos. Vivemos em um mundo que muda constantemente, a alta velocidade, e que demanda de todos um elevado grau de inovação e mudança. Acontece comigo, com você, amigo leitor, com todos nós e também dentro das empresas e organizações que dirigimos ou onde trabalhamos. Neste contexto, inovação pode ser também entendida como “fazer mais com menos recursos”, permitir ganhos de eficiência em processos, quer produtivos, administrativos, financeiros ou na prestação de serviços, sendo o motor de competitividade do mundo moderno. A inovação, quando cria aumentos de competitividade, pode ser considerada um fator fundamental no crescimento econômico de uma sociedade e de um país.
Enfim, podemos dizer que, além de suas fundamentais contribuições para a Geometria e a Ótica, para o entendimento do universo e da mecânica dos corpos, Descartes também deixou como grande legado à humanidade o poder do pensamento e do raciocínio (“cogito, ergo sum”, ou “penso, logo existo”), a dúvida constante, o repúdio à acomodação e uma eterna insatisfação com as verdades do mundo que nos cerca.
Observe se já sentiu a seguinte sensação: você está parado em um semáforo, com carros ao seu lado (funciona também quando de ônibus, parado em uma rodoviária, com outros ônibus ao lado). Quando eles andam pra frente antes de você, a sensação é de que você está andando para trás. É ou não é ? Pois bem, nos dias de hoje acontece exatamente isso, quem não inova fica parado. E quem fica parado, na verdade, anda para trás, pois seu concorrente está se movimentando para a frente ! Nos vemos novamente em Novembro. Um abraço a todos e até lá.
Este Blog foi concebido para que sejam publicadas as colunas mensais de nome "Filosofia & Cia", escritas para o Jornal Cultural "Conhece-te a ti mesmo", as colunas mensais "Gestão e Liderança" escritas para a Revista Ideia e a coluna semanal "Falando de Educação", do Jornal Expressão Regional, todas publicações veiculadas na cidade de Conselheiro Lafaiete - MG.
sábado, 24 de outubro de 2009
Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 27 – 24 de Outubro de 2009
Há o que se comemorar no dia do professor ?
Em 15 de outubro, professores e profissionais da área de educação de São Paulo fizeram uma manifestação em frente à Secretaria Estadual da Educação, na Praça da República, pedindo melhores salários para a categoria. Alguns dos manifestantes usaram na ocasião narizes de palhaço durante o protesto e muitos afirmavam que não há nada para comemorar no dia destinado aos educadores de todo o país.
De outro lado, levantamento divulgado pelo Ministério da Educação aponta que a média salarial dos professores de escolas públicas da educação básica no Brasil cresceu de R$ 994,00 para R$ 1.527,00 entre 2003 e 2008, o que corresponde a um aumento de 53% em cinco anos. O estudo mostra ainda que a diferença entre o salário dos docentes e de outros profissionais com o mesmo nível de formação (ensino superior pelo menos incompleto) tem diminuído. Em 2003, trabalhadores que não eram docentes ganhavam 1,86 vezes melhor do que os educadores. Em 2008, a diferença caiu para 1,53.
Houve muitas reclamações depois da divulgação das informações por parte do MEC e a principal delas é a de que os dados do estudo não batem e os salários divulgados não condizem com a realidade do professor brasileiro.
Entretanto, o MEC admite que as distorções permanecem, pois enquanto um professor de Pernambuco recebeu em 2008 um salário médio de R$ 982,00, no Rio de Janeiro o professor ganha R$ 2.004,00 e no Distrito Federal a média chega a R$ 3.360,00. A média nacional é de R$ 1,527,00, sendo que os valores foram calculados para uma jornada de 40 horas semanais.
Mas Pernambuco não fica sozinho no ranking dos Estados que remuneram os professores de forma inadequada. Das vinte e sete unidades federativas, dezesseis pagam salários abaixo da média nacional. São elas: Rondônia, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Santa Catarina.
Trata-se de uma assunto bastante complexo e bastante sério também pois as disparidades salariais podem pesar na decisão de um jovem sobre seguir ou não a carreira docente. Sabe-se que hoje, uma das maiores dificuldades do magistério é atrair novos talentos e, certamente, a criação de um piso nacional para professores trará novas perspectiva para futuras gerações, que querem uma boa carreira em termos financeiros. Porém, como dinheiro não é tudo na vida, também almejam um bom ambiente de trabalho. E neste caso, além de salários dignos e compatíveis, é necessário que o país assegure à sua população uma educação de qualidade.
Em 15 de outubro, professores e profissionais da área de educação de São Paulo fizeram uma manifestação em frente à Secretaria Estadual da Educação, na Praça da República, pedindo melhores salários para a categoria. Alguns dos manifestantes usaram na ocasião narizes de palhaço durante o protesto e muitos afirmavam que não há nada para comemorar no dia destinado aos educadores de todo o país.
De outro lado, levantamento divulgado pelo Ministério da Educação aponta que a média salarial dos professores de escolas públicas da educação básica no Brasil cresceu de R$ 994,00 para R$ 1.527,00 entre 2003 e 2008, o que corresponde a um aumento de 53% em cinco anos. O estudo mostra ainda que a diferença entre o salário dos docentes e de outros profissionais com o mesmo nível de formação (ensino superior pelo menos incompleto) tem diminuído. Em 2003, trabalhadores que não eram docentes ganhavam 1,86 vezes melhor do que os educadores. Em 2008, a diferença caiu para 1,53.
Houve muitas reclamações depois da divulgação das informações por parte do MEC e a principal delas é a de que os dados do estudo não batem e os salários divulgados não condizem com a realidade do professor brasileiro.
Entretanto, o MEC admite que as distorções permanecem, pois enquanto um professor de Pernambuco recebeu em 2008 um salário médio de R$ 982,00, no Rio de Janeiro o professor ganha R$ 2.004,00 e no Distrito Federal a média chega a R$ 3.360,00. A média nacional é de R$ 1,527,00, sendo que os valores foram calculados para uma jornada de 40 horas semanais.
Mas Pernambuco não fica sozinho no ranking dos Estados que remuneram os professores de forma inadequada. Das vinte e sete unidades federativas, dezesseis pagam salários abaixo da média nacional. São elas: Rondônia, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Santa Catarina.
Trata-se de uma assunto bastante complexo e bastante sério também pois as disparidades salariais podem pesar na decisão de um jovem sobre seguir ou não a carreira docente. Sabe-se que hoje, uma das maiores dificuldades do magistério é atrair novos talentos e, certamente, a criação de um piso nacional para professores trará novas perspectiva para futuras gerações, que querem uma boa carreira em termos financeiros. Porém, como dinheiro não é tudo na vida, também almejam um bom ambiente de trabalho. E neste caso, além de salários dignos e compatíveis, é necessário que o país assegure à sua população uma educação de qualidade.
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sábado, 17 de outubro de 2009
Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 26 – 17 de Outubro de 2009
Harry Potter torna a escola mais interessante !
Assunto recorrente aqui em nossa coluna é o perfil das crianças e jovens que freqüentam as salas de aula dos tempos atuais e a necessidade premente dos educadores modificarem suas atitudes diante dos novos desafios da educação moderna. Vimos chamando a atenção dos professores para a “chatice” que são determinadas aulas e para o fato de que o jovem de hoje, fruto de uma sociedade consumista e imediatista, só se envolve naquilo que realmente gosta. E, infelizmente, constatamos que muitos professores, com suas aulas desatualizadas e ultrapassadas, não dão a estes jovens o prazer que eles tanto desejam. Por este motivo, não se interessam pelas disciplinas e desistem de freqüentar a escola, preferindo o que há do lado de fora dela.
Hoje trazemos alguns casos de sucesso que devem ser examinados com atenção, pois podem servir de estímulo e exemplo para educadores interessados em aumentar o gosto de seus alunos pela leitura. Em 2008, Bela (a protagonista da série Crepúsculo) e Harry Pottter (este todo mundo conhece, dispensa apresentações) passaram a acompanhar cerca de 3,3 milhões de estudantes da rede estadual paulista. Os livros das duas séries passaram a fazer parte das salas de leitura de 4.200 escolas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e de Ensino Médio do estado de São Paulo. O objetivo foi despertar o interesse pela leitura por meio dos maiores sucessos literários destinados ao público adolescente.
Outra experiência, também com Harry Potter, aconteceu nas bibliotecas públicas de Maringá (PR), também no ano passado. Como havia grande dificuldade em atrair alunos para a biblioteca, especialmente após o 5º ano, quando a leitura ganha um peso maior de obrigatoriedade, foi pensado um trabalho com os livros que são um sucesso mundial entre o público jovem. No primeiro encontro foi usado um chapéu seletor, elemento presente no livro, para dividir os alunos em casas. Foram desenvolvidas, a seguir, atividades lúdicas, baseando-nos nas ideias de aula de bruxaria e utilizando a música do filme. Resultado: o projeto foi um sucesso absoluto, passaram-se meses, e os alunos não queriam mais parar !
Isto nos permite concluir, mais uma vez, que é possível fazer o aluno se interessar pelas aulas oferecidas. Basta, para isto, entrar em sintonia com seu mundo, falar a sua linguagem e abordar temas que são do seu universo de interesse. Trabalhar atividades lúdicas também dá muito certo, pois o conteúdo é passado de uma forma mais leve e atraente. Não tenho dúvidas que este é o caminho. Pode ser mais longo, mais árduo, mais trabalhoso, mas ele conduz, sem dúvidas, até o ponto desejado. E o melhor: de uma forma prazerosa, tanto para os estudantes quanto para os professores, pois não há nada mais gratificante para um mestre do que ver seus alunos aprenderem o que está sendo passado e absorverem o que está sendo ensinado, tornando-se verdadeiros cidadãos.
Assunto recorrente aqui em nossa coluna é o perfil das crianças e jovens que freqüentam as salas de aula dos tempos atuais e a necessidade premente dos educadores modificarem suas atitudes diante dos novos desafios da educação moderna. Vimos chamando a atenção dos professores para a “chatice” que são determinadas aulas e para o fato de que o jovem de hoje, fruto de uma sociedade consumista e imediatista, só se envolve naquilo que realmente gosta. E, infelizmente, constatamos que muitos professores, com suas aulas desatualizadas e ultrapassadas, não dão a estes jovens o prazer que eles tanto desejam. Por este motivo, não se interessam pelas disciplinas e desistem de freqüentar a escola, preferindo o que há do lado de fora dela.
Hoje trazemos alguns casos de sucesso que devem ser examinados com atenção, pois podem servir de estímulo e exemplo para educadores interessados em aumentar o gosto de seus alunos pela leitura. Em 2008, Bela (a protagonista da série Crepúsculo) e Harry Pottter (este todo mundo conhece, dispensa apresentações) passaram a acompanhar cerca de 3,3 milhões de estudantes da rede estadual paulista. Os livros das duas séries passaram a fazer parte das salas de leitura de 4.200 escolas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e de Ensino Médio do estado de São Paulo. O objetivo foi despertar o interesse pela leitura por meio dos maiores sucessos literários destinados ao público adolescente.
Outra experiência, também com Harry Potter, aconteceu nas bibliotecas públicas de Maringá (PR), também no ano passado. Como havia grande dificuldade em atrair alunos para a biblioteca, especialmente após o 5º ano, quando a leitura ganha um peso maior de obrigatoriedade, foi pensado um trabalho com os livros que são um sucesso mundial entre o público jovem. No primeiro encontro foi usado um chapéu seletor, elemento presente no livro, para dividir os alunos em casas. Foram desenvolvidas, a seguir, atividades lúdicas, baseando-nos nas ideias de aula de bruxaria e utilizando a música do filme. Resultado: o projeto foi um sucesso absoluto, passaram-se meses, e os alunos não queriam mais parar !
Isto nos permite concluir, mais uma vez, que é possível fazer o aluno se interessar pelas aulas oferecidas. Basta, para isto, entrar em sintonia com seu mundo, falar a sua linguagem e abordar temas que são do seu universo de interesse. Trabalhar atividades lúdicas também dá muito certo, pois o conteúdo é passado de uma forma mais leve e atraente. Não tenho dúvidas que este é o caminho. Pode ser mais longo, mais árduo, mais trabalhoso, mas ele conduz, sem dúvidas, até o ponto desejado. E o melhor: de uma forma prazerosa, tanto para os estudantes quanto para os professores, pois não há nada mais gratificante para um mestre do que ver seus alunos aprenderem o que está sendo passado e absorverem o que está sendo ensinado, tornando-se verdadeiros cidadãos.
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sábado, 10 de outubro de 2009
Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 25 – 10 de Outubro de 2009
Brasil: primeiro, segundo ou terceiro mundo ?
As duas notícias mais quentes da semana que passou foram, sem sombras de dúvida, a escolha do Brasil, mais especificamente do Rio de Janeiro, para sediar os jogos olímpicos de 2016 e o vazamento de informações a respeito do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que motivou o cancelamento da prova, prejudicando milhões de estudantes brasileiros.
Primeira notícia: Após conseguir se tornar a sede da Copa do Mundo de 2014, o Rio de Janeiro superou as cidades candidatas concorrentes de Chigaco, Tóquio e Madri e fez história. Pela primeira vez, o continente sul-americano vai promover os Jogos Olímpicos. Em uma entrevista emocionante, o presidente Luis Inácio Lula da Silva disse que o Brasil superou uma das últimas fronteiras para se tornar um país de primeiro mundo, mais respeitado e gozando de mais credibilidade em todo o planeta. E acho que ele não está errado, não. Nosso país vem mostrando muita maturidade em vários setores, com destaque para o econômico, tendo sido uma dos últimos a sentir os efeitos da crise mundial e um dos primeiros a dar sinais de tê-la superado. No plano artístico e cultural, por exemplo, o país, que já era reconhecido principalmente pela dança e música, mostra sua face e seu talento também no cinema, na animação e na literatura.
Segunda notícia: Cerca de quatro milhões de estudantes estavam preparados para a realização do exame ENEM, que fará parte do processo de seleção de dezenas de universidades federais em todo o país, quando surgiu a informação de seu cancelamento. O motivo foi uma suspeita de vazamento da prova, agora investigada e comprovada. Ao todo, até o momento, cinco pessoas foram indiciadas no inquérito, sendo que um grande veículo de comunicação denunciou a tentativa de venda da prova pela bagatela de quinhentos mil reais. Coisa de um país onde a corrupção e a desonestidade são coisas triviais e onde as pessoas comuns chegam ao ponto de se manifestarem dizendo sentirem vergonha de serem honestas. Tudo isto somado a uma das piores distribuições de renda de todo o mundo e um dos piores índices de alfabetização da população nos fazem crer que ainda falta muito para chegar pelo menos ao segundo mundo. Somos subdesenvolvidos mesmo, pertencemos ao terceiro mundo.
Este é o retrato do Brasil. Muito evoluído, avançado e competente, mas ao mesmo tempo muito atrasado, retrógrado e incompetente. Um país de dimensões continentais com capacidades infinitas e problemas idem. O que mais me preocupa em toda esta história é que a base para todo desenvolvimento e crescimento sustentado passa obrigatoriamente pela educação e é exatamente neste segmento que demonstramos uma de nossas maiores fragilidades. Espero que a Copa do Mundo e as Olimpíadas possam dar maior visibilidade ao nosso país em todo o mundo e também que parte do investimento a ser realizado possa ser revertido para melhorar o nível de educação do nosso povo, afinal de contas, esporte e educação sempre andaram de mãos dadas.
As duas notícias mais quentes da semana que passou foram, sem sombras de dúvida, a escolha do Brasil, mais especificamente do Rio de Janeiro, para sediar os jogos olímpicos de 2016 e o vazamento de informações a respeito do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que motivou o cancelamento da prova, prejudicando milhões de estudantes brasileiros.
Primeira notícia: Após conseguir se tornar a sede da Copa do Mundo de 2014, o Rio de Janeiro superou as cidades candidatas concorrentes de Chigaco, Tóquio e Madri e fez história. Pela primeira vez, o continente sul-americano vai promover os Jogos Olímpicos. Em uma entrevista emocionante, o presidente Luis Inácio Lula da Silva disse que o Brasil superou uma das últimas fronteiras para se tornar um país de primeiro mundo, mais respeitado e gozando de mais credibilidade em todo o planeta. E acho que ele não está errado, não. Nosso país vem mostrando muita maturidade em vários setores, com destaque para o econômico, tendo sido uma dos últimos a sentir os efeitos da crise mundial e um dos primeiros a dar sinais de tê-la superado. No plano artístico e cultural, por exemplo, o país, que já era reconhecido principalmente pela dança e música, mostra sua face e seu talento também no cinema, na animação e na literatura.
Segunda notícia: Cerca de quatro milhões de estudantes estavam preparados para a realização do exame ENEM, que fará parte do processo de seleção de dezenas de universidades federais em todo o país, quando surgiu a informação de seu cancelamento. O motivo foi uma suspeita de vazamento da prova, agora investigada e comprovada. Ao todo, até o momento, cinco pessoas foram indiciadas no inquérito, sendo que um grande veículo de comunicação denunciou a tentativa de venda da prova pela bagatela de quinhentos mil reais. Coisa de um país onde a corrupção e a desonestidade são coisas triviais e onde as pessoas comuns chegam ao ponto de se manifestarem dizendo sentirem vergonha de serem honestas. Tudo isto somado a uma das piores distribuições de renda de todo o mundo e um dos piores índices de alfabetização da população nos fazem crer que ainda falta muito para chegar pelo menos ao segundo mundo. Somos subdesenvolvidos mesmo, pertencemos ao terceiro mundo.
Este é o retrato do Brasil. Muito evoluído, avançado e competente, mas ao mesmo tempo muito atrasado, retrógrado e incompetente. Um país de dimensões continentais com capacidades infinitas e problemas idem. O que mais me preocupa em toda esta história é que a base para todo desenvolvimento e crescimento sustentado passa obrigatoriamente pela educação e é exatamente neste segmento que demonstramos uma de nossas maiores fragilidades. Espero que a Copa do Mundo e as Olimpíadas possam dar maior visibilidade ao nosso país em todo o mundo e também que parte do investimento a ser realizado possa ser revertido para melhorar o nível de educação do nosso povo, afinal de contas, esporte e educação sempre andaram de mãos dadas.
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sábado, 3 de outubro de 2009
Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 24 – 03 de Outubro de 2009
Em busca de uma merenda escolar mais saudável
Um das mais respeitadas revistas semanais do Brasil publicou matéria de capa há duas semanas atrás sobre um dos maiores desafios da saúde neste novo século, a chamada “globesidade”, ou a epidemia mundial de obesidade mórbida, cujo principal vilão é o nosso muito conhecido e doce, o açúcar. Além de ser o grande promotor da obesidade, a reportagem alerta que o açúcar, em suas várias formas, quando em altos níveis no sangue podem ser associados a quase todas as moléstias degenerativas, do ataque cardíaco ao derrame cerebral e diabetes.
Nos Estados Unidos, nesta cruzada contra o açúcar, a bola da vez já foi eleita: os refrigerantes. Já há um movimento contra o produto e estuda-se a possibilidade de aumentar os seus impostos, de forma a diminuir o seu consumo. Tudo porque uma lata de refrigerante normalmente tem 150 calorias, ou dez colheres de chá de açúcar, índice considerado bastante alto, já que as mesmas 150 calorias correspondem ao limite máximo de consumo diário aconselhado para homens adultos. No caso das mulheres, o consumo diário recomendado é de apenas 100 calorias !
Por aqui, a compra de refrigerantes, refrescos artificiais e outras bebidas com baixo teor nutricional para a merenda escolar com o uso do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) foi proibida por uma resolução do Ministério da Educação. Já para enlatados, doces e alimentos com quantidade elevada de sódio, a aquisição fica restrita a 30% dos valores repassados. Estados e municípios terão até janeiro do ano de 2010 para adaptar seus processos licitatórios a essas exigências, previstas na Resolução número 38, que regulamenta a lei no 11.947 de 2009.
O documento ressalta a importância da adoção de estratégias de educação alimentar e nutricional para assegurar uma comida saudável. Entre essas estratégias, estão a implantação e manutenção de hortas escolares, a inserção do tema alimentação no currículo escolar e a realização de oficinas culinárias experimentais.
A oferta da merenda deve ser planejada para suprir desde 20% das necessidades nutricionais diárias de alunos que recebem uma refeição em período parcial até 70% dessas necessidades, quando os estudantes estiverem matriculados em período integral. Além disso, os cardápios devem ser diferenciados por faixa etária e também para os que necessitam de atenção específica, como os diabéticos.
Trata-se de uma boa medida, mas de nada servirá se a campanha não for estendida aos milhões de lares brasileiros, conscientizando as famílias dos males de certos alimentos e a forma mais saudável de se alimentar. Mais uma vez, escola e família deve se unir em prol da educação de nossas crianças e jovens.
Um das mais respeitadas revistas semanais do Brasil publicou matéria de capa há duas semanas atrás sobre um dos maiores desafios da saúde neste novo século, a chamada “globesidade”, ou a epidemia mundial de obesidade mórbida, cujo principal vilão é o nosso muito conhecido e doce, o açúcar. Além de ser o grande promotor da obesidade, a reportagem alerta que o açúcar, em suas várias formas, quando em altos níveis no sangue podem ser associados a quase todas as moléstias degenerativas, do ataque cardíaco ao derrame cerebral e diabetes.
Nos Estados Unidos, nesta cruzada contra o açúcar, a bola da vez já foi eleita: os refrigerantes. Já há um movimento contra o produto e estuda-se a possibilidade de aumentar os seus impostos, de forma a diminuir o seu consumo. Tudo porque uma lata de refrigerante normalmente tem 150 calorias, ou dez colheres de chá de açúcar, índice considerado bastante alto, já que as mesmas 150 calorias correspondem ao limite máximo de consumo diário aconselhado para homens adultos. No caso das mulheres, o consumo diário recomendado é de apenas 100 calorias !
Por aqui, a compra de refrigerantes, refrescos artificiais e outras bebidas com baixo teor nutricional para a merenda escolar com o uso do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) foi proibida por uma resolução do Ministério da Educação. Já para enlatados, doces e alimentos com quantidade elevada de sódio, a aquisição fica restrita a 30% dos valores repassados. Estados e municípios terão até janeiro do ano de 2010 para adaptar seus processos licitatórios a essas exigências, previstas na Resolução número 38, que regulamenta a lei no 11.947 de 2009.
O documento ressalta a importância da adoção de estratégias de educação alimentar e nutricional para assegurar uma comida saudável. Entre essas estratégias, estão a implantação e manutenção de hortas escolares, a inserção do tema alimentação no currículo escolar e a realização de oficinas culinárias experimentais.
A oferta da merenda deve ser planejada para suprir desde 20% das necessidades nutricionais diárias de alunos que recebem uma refeição em período parcial até 70% dessas necessidades, quando os estudantes estiverem matriculados em período integral. Além disso, os cardápios devem ser diferenciados por faixa etária e também para os que necessitam de atenção específica, como os diabéticos.
Trata-se de uma boa medida, mas de nada servirá se a campanha não for estendida aos milhões de lares brasileiros, conscientizando as famílias dos males de certos alimentos e a forma mais saudável de se alimentar. Mais uma vez, escola e família deve se unir em prol da educação de nossas crianças e jovens.
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