Os principais problemas da educação brasileira – parte I
Segundo uma pesquisa realizada em escolas de todo o país, os principais problemas que afligem os educadores são os listados a seguir:
1) Falta de motivação dos alunos
2) Falta de estrutura da escolas
3) Falta de atenção e indisciplina por parte dos alunos
4) Falta de participação dos pais na vida escolar dos filhos
A partir desta e durante as próximas duas semanas, o espaço desta coluna se dedicará a discutir estes problemas. É importante dizer que não assumiremos lado algum nas análises que serão feitas. Não seremos professores reclamando de alunos e de suas famílias nem tampouco seremos alunos reclamando dos docentes e das suas escolas. A ideia é levantar questões acerca destes assuntos, destacar as prováveis causas e indicar as possíveis soluções para os problemas apresentados.
Iniciamos a jornada na coluna de hoje discutindo o aspecto motivacional. Uma educação de qualidade, onde efetivamente a aprendizagem é alcançada, necessita que a motivação esteja presente em ambos os lados da equação, ou seja, são necessários professor e alunos dispostos a ensinar e aprender, respeitando-se mutuamente.
Infelizmente, não é isto o que se vê na atual educação brasileira. Professores se sentem desmotivados por salários baixos e por falta de estrutura para realizar as suas aulas (isto nos leva ao segundo problema listado no início da coluna: a falta de estrutura ainda existente em muitas escolas, principalmente as públicas). Muitos também se sentem desmotivados pela falta de atenção e pela indisciplina dos alunos (item três de nossa lista) e pela postura do tipo “toma que o filho é teu !” (item quatro da mesma lista) que muitas famílias adotam, negando a sua participação na educação de seus filhos e deixando todo o fardo para ser carregado pela escola e pelos educadores, que, na grande maioria das vezes, não estão preparados para assumir toda esta responsabilidade.
A meu ver, a questão mais importante a ser colocada é se um problema é causa ou conseqüência do outro. Se olharmos com atenção o outro lado da moeda, podemos descobrir que esta falta de motivação dos alunos pode advir justamente da má formação, da falta de preparo e de atualização de muitos professores e das aulas chatas e pouco interessantes que os alunos têm de assistir todos os dias. Num momento em que, do lado de fora dos muros da escola, existem muitas coisas atrativas e prazerosas, o grande desafio passa a ser fazer com que os estudantes gostem das aulas e do ambiente escolar. Devemos nos aproximar dos interesses dos alunos através de atividades lúdicas, de assuntos que lhe são agradáveis, da contextualização das aulas com o mundo exterior e com os acontecimentos do nosso cotidiano.
Também é grave a constatação de que falta uma perspectiva de futuro aos nossos jovens. Muitas vezes, eles acabam concluindo não valer a pena o esforço de ir à escola e se perguntam: Estudar para quê? Será que vale a pena frequentar a sala de aula? Este é um fato lamentável, mas muito real, que deve ser enfrentado por todos nós, educadores. Temos a obrigação de mostrar a estes jovens que os estudos são realmente um bom caminho, talvez o melhor entre aqueles considerados éticos e honestos. Eles devem ter consciência de que a educação pode proporcionar uma real mudança de vida e a possibilidade de se sonhar com um futuro melhor.
Enfim, acredito que ambos os lados, professores e alunos, precisam estar mais motivados para que o país possa avançar na educação de seu povo. E devemos sempre nos lembrar de que “a motivação deve vir sempre de dentro para fora – e não o contrário”.
Este Blog foi concebido para que sejam publicadas as colunas mensais de nome "Filosofia & Cia", escritas para o Jornal Cultural "Conhece-te a ti mesmo", as colunas mensais "Gestão e Liderança" escritas para a Revista Ideia e a coluna semanal "Falando de Educação", do Jornal Expressão Regional, todas publicações veiculadas na cidade de Conselheiro Lafaiete - MG.
sábado, 19 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 32 – 12 de Dezembro de 2009
Analisando a alta taxa de abstenção do ENEM
Discutimos em colunas passadas a questão da fraude envolvendo o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que teve que ser adiado por vazamento de uma prova e, na ocasião, questionamos a segurança dos processos seletivos de vestibulares e concursos públicos em todo o país. Na ocasião, afirmei que, além de ser uma questão de segurança, o fato também abalava a credibilidade das instituições envolvidas.
Pois bem, as provas aconteceram neste último final de semana em todo o Brasil e o Ministério da Educação (MEC) afirmou que, fora pequenos transtornos como questões anuladas e erros na publicação dos gabaritos oficiais, as provas transcorreram com tranqüilidade em todas as cidades, e o ENEM está se consolidando como a grande avaliação do ensino médio do país. Talvez o caso mais grave tenha ocorrido no Rio de Janeiro, onde uma estudante foi atingida por uma bala perdida enquanto fazia a prova.
Mas o fato principal que gostaria de analisar no texto de hoje é a altíssima taxa de abstenção na provas, que foi de mais de 40 %. Para ser mais exato, 40,6% dos inscritos não compareceram para realizar o exame, um recorde absoluto de ausência de estudantes. Mesmo assim, foram contabilizados algo em torno de 2,6 milhões de alunos em salas de aula realizando as provas, o que mostra a força e a importância do ENEM.
Para alguns especialistas, o adiamento do exame foi a causa do alto índice de abstenção, devido à grande distância de quase cinco meses entre o período de inscrição e a aplicação das provas. Nos anos anteriores, a taxa oscilou entre 25 e 30%, mas nunca o período que separa a inscrição da aplicação do exame havia sido tão longo.
Minha opinião é que a principal causa realmente foi a iniciativa de muitas universidades de não mais utilizar a nota do ENEM como resultado para os seus processos de seleção. Muitas instituições importantes como USP, Unicamp, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e PUC ficaram impossibilitadas de utilizar a nota por força do seu calendário, diminuindo o estímulo dos alunos para fazer a prova.
Enquanto isso, o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) ofereceu denúncia contra cinco supostos envolvidos no furto, vazamento e tentativa de venda da prova do ENEM em setembro passado. A denúncia foi feita com base nos crimes de peculato (furto praticado por servidor público), corrupção passiva (exigir vantagem indevida) e violação de sigilo funcional. O crime de peculato tem pena de dois a doze anos de prisão. O de quebra de sigilo, de dois a cinco anos e o de extorsão, de quatro a dez anos.
Será que alguém realmente vai ser punido agora? Vamos aguardar a conclusão do caso, alertando, mais uma vez, que a impunidade passa a todo mundo, principalmente aos corruptos, a impressão de que vivemos em uma sociedade onde não há limites, estimulando a delinqüência e as atitudes desonestas.
Discutimos em colunas passadas a questão da fraude envolvendo o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que teve que ser adiado por vazamento de uma prova e, na ocasião, questionamos a segurança dos processos seletivos de vestibulares e concursos públicos em todo o país. Na ocasião, afirmei que, além de ser uma questão de segurança, o fato também abalava a credibilidade das instituições envolvidas.
Pois bem, as provas aconteceram neste último final de semana em todo o Brasil e o Ministério da Educação (MEC) afirmou que, fora pequenos transtornos como questões anuladas e erros na publicação dos gabaritos oficiais, as provas transcorreram com tranqüilidade em todas as cidades, e o ENEM está se consolidando como a grande avaliação do ensino médio do país. Talvez o caso mais grave tenha ocorrido no Rio de Janeiro, onde uma estudante foi atingida por uma bala perdida enquanto fazia a prova.
Mas o fato principal que gostaria de analisar no texto de hoje é a altíssima taxa de abstenção na provas, que foi de mais de 40 %. Para ser mais exato, 40,6% dos inscritos não compareceram para realizar o exame, um recorde absoluto de ausência de estudantes. Mesmo assim, foram contabilizados algo em torno de 2,6 milhões de alunos em salas de aula realizando as provas, o que mostra a força e a importância do ENEM.
Para alguns especialistas, o adiamento do exame foi a causa do alto índice de abstenção, devido à grande distância de quase cinco meses entre o período de inscrição e a aplicação das provas. Nos anos anteriores, a taxa oscilou entre 25 e 30%, mas nunca o período que separa a inscrição da aplicação do exame havia sido tão longo.
Minha opinião é que a principal causa realmente foi a iniciativa de muitas universidades de não mais utilizar a nota do ENEM como resultado para os seus processos de seleção. Muitas instituições importantes como USP, Unicamp, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e PUC ficaram impossibilitadas de utilizar a nota por força do seu calendário, diminuindo o estímulo dos alunos para fazer a prova.
Enquanto isso, o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) ofereceu denúncia contra cinco supostos envolvidos no furto, vazamento e tentativa de venda da prova do ENEM em setembro passado. A denúncia foi feita com base nos crimes de peculato (furto praticado por servidor público), corrupção passiva (exigir vantagem indevida) e violação de sigilo funcional. O crime de peculato tem pena de dois a doze anos de prisão. O de quebra de sigilo, de dois a cinco anos e o de extorsão, de quatro a dez anos.
Será que alguém realmente vai ser punido agora? Vamos aguardar a conclusão do caso, alertando, mais uma vez, que a impunidade passa a todo mundo, principalmente aos corruptos, a impressão de que vivemos em uma sociedade onde não há limites, estimulando a delinqüência e as atitudes desonestas.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 31 – 05 de Dezembro de 2009
Você tem alguma dica para fazer uma boa prova ?
Esta foi a pergunta que uma repórter me fez, numa entrevista que falava sobre vestibulares e concursos públicos de forma geral. Utilizando o velho e surrado (mas não por isso, errado ou ultrapassado) ditado popular: “se conselho fosse bom a gente não dava, mas vendia ...”, compilei algumas dicas que considero importantes e publico agora também em nossa coluna. Vamos a elas:
1) Quanto mais vai chegando o dia da concurso ou vestibular, o ritmo de estudos deve ir diminuindo, até a véspera da prova, dia que tiramos para o relaxamento e a tranqüilidade. Sem esta de rever conteúdos ou decorar fórmulas e datas. Não se aprende nada na véspera. O trabalho já deve ter sido realizado ao longo do período de preparação;
2) Quem se prepara para uma prova com dedicação e afinco mas fica nervoso e descontrolado na hora da prova se iguala a quem não se preparou tão bem. Dependendo do grau de ansiedade e nervosismo, se compara a quem não se preparou nem um pouco. Portanto, o equilíbrio emocional é fundamental. Isto reforça o que foi dito no número 1. Divirta-se e relaxe na véspera. Cuide do corpo e da mente, nada de estudos !
3) Na hora da prova, uma visão geral do exame é fundamental. O que é isto ? Folheie rapidamente a prova inteira, tome conhecimento do número de questões e a ordem em que os conteúdos são apresentados. Veja o tema da redação, se for o caso da sua prova, mesmo que não queira fazê-la logo no início da prova. O subconsciente se incumbirá de fixar o tema em sua mente. Quando chegar a hora de dissertar, o assunto não será uma surpresa total para você;
4) A visão geral da prova vai lhe favorecer no controle e na melhor divisão do tempo dispendido em cada fase de sua prova. Ajuda muito para saber que está na hora de mudar de matéria e passar para as questões de uma outra. Quem faz prova de múltipla escolha, aberta e/ou redação deve ficar atento ao tempo gasto em cada uma destas etapas;
5) A ordem de responder as questões é muito importante. Gosto sempre de fazer as questões da matéria que domino primeiro. Isto gera confiança ao ter certeza que acertei as questões e aumenta a auto-estima para o resto da prova. Se por acaso não der tempo de fazer todas as questões, as que ficaram provavelmente são aquelas que teria maior dificuldade em responder. Muito frustrante é deixar de responder, por falta de tempo, a questões de um conteúdo que a gente domina !
Esta foi a pergunta que uma repórter me fez, numa entrevista que falava sobre vestibulares e concursos públicos de forma geral. Utilizando o velho e surrado (mas não por isso, errado ou ultrapassado) ditado popular: “se conselho fosse bom a gente não dava, mas vendia ...”, compilei algumas dicas que considero importantes e publico agora também em nossa coluna. Vamos a elas:
1) Quanto mais vai chegando o dia da concurso ou vestibular, o ritmo de estudos deve ir diminuindo, até a véspera da prova, dia que tiramos para o relaxamento e a tranqüilidade. Sem esta de rever conteúdos ou decorar fórmulas e datas. Não se aprende nada na véspera. O trabalho já deve ter sido realizado ao longo do período de preparação;
2) Quem se prepara para uma prova com dedicação e afinco mas fica nervoso e descontrolado na hora da prova se iguala a quem não se preparou tão bem. Dependendo do grau de ansiedade e nervosismo, se compara a quem não se preparou nem um pouco. Portanto, o equilíbrio emocional é fundamental. Isto reforça o que foi dito no número 1. Divirta-se e relaxe na véspera. Cuide do corpo e da mente, nada de estudos !
3) Na hora da prova, uma visão geral do exame é fundamental. O que é isto ? Folheie rapidamente a prova inteira, tome conhecimento do número de questões e a ordem em que os conteúdos são apresentados. Veja o tema da redação, se for o caso da sua prova, mesmo que não queira fazê-la logo no início da prova. O subconsciente se incumbirá de fixar o tema em sua mente. Quando chegar a hora de dissertar, o assunto não será uma surpresa total para você;
4) A visão geral da prova vai lhe favorecer no controle e na melhor divisão do tempo dispendido em cada fase de sua prova. Ajuda muito para saber que está na hora de mudar de matéria e passar para as questões de uma outra. Quem faz prova de múltipla escolha, aberta e/ou redação deve ficar atento ao tempo gasto em cada uma destas etapas;
5) A ordem de responder as questões é muito importante. Gosto sempre de fazer as questões da matéria que domino primeiro. Isto gera confiança ao ter certeza que acertei as questões e aumenta a auto-estima para o resto da prova. Se por acaso não der tempo de fazer todas as questões, as que ficaram provavelmente são aquelas que teria maior dificuldade em responder. Muito frustrante é deixar de responder, por falta de tempo, a questões de um conteúdo que a gente domina !
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Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 30 – 28 de Novembro de 2009
Professores do Brasil: impasses e desafios
O título da coluna desta semana foi tirado do título do relatório da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) apresentado no mês passado, que traça um cenário preocupante da educação em nosso país. Foram detectados muitos problemas, sendo os mais agudos aqueles que se referem à formação básica dos professores e à sua formação continuada, além do problema crônico da baixa remuneração dos docentes brasileiros.
Apesar de os professores representarem o terceiro maior grupo ocupacional do país (8,4%), ficando atrás apenas dos escriturários (15,2%) e dos trabalhadores do setor de serviços (14,9%), sendo maior, inclusive, do que o setor de construção civil (4%), os especialistas destacam que é preciso "elevar o status" do professor no Brasil. Dados da pesquisa indicam que 50% dos alunos que cursam o magistério e que foram entrevistados disseram que não sentem vontade de serem professores. Outro dado importante trata dos salários pagos à categoria, onde 50% dos docentes recebem menos de R$ 720,00 por mês.
O estudo também alerta para um grande descompasso entre a formação teórica e a prática do ensino. Com relação a este aspecto, especialistas afirmam que a formação do docente precisa estabelecer uma espécie de aliança entre o seu conteúdo e um projeto pedagógico, para que o professor tenha condições de entrar em sala de aula. O relatório termina afirmando que a real implementação de um novo piso salarial e a política de formação docente, lançada recentemente, podem ser pontos de partida para uma ampla recuperação da profissão de professor no Brasil.
Paralelamente ao relatório da UNESCO, foi divulgada uma pesquisa feita pela Universidade de Brasília (UnB) que revela a importância do papel dos professores.
A conclusão é que alunos de instituições particulares de ensino superior estão mais vinculados aos professores do que à universidade, sendo que a relação aluno-professor é mais valorizada, inclusive, do que instalações luxuosas. De acordo com os dados obtidos, 80% dos entrevistados preferem os professores às instalações físicas como motivação para ingressar ou permanecer em uma faculdade.
O autor da pesquisa acredita que a relação de confiança do aluno com a faculdade é intermediada pelo professor, portanto, o responsável por fortalecer esse laço acaba sendo o professor, pois é ele que passa a maior parte do tempo com o estudante. Isso significa que a capacidade intelectual, principalmente no caso de instituições de ensino, deve ser considerada como primordial.
A conclusão a que chegou a pesquisa foi que a ligação da instituição com o aluno é gerada a partir da convivência com o professor que ensina não só conhecimento, mas também valores para a vida.Tão importante e, ao mesmo tempo, tão desvalorizada. Esta é a profissão de professor no Brasil. Mas as coisas estão mudando. Todos já sabem, inclusive os nossos políticos, que, sem educação de qualidade, o país não consegue competir no mundo globalizado. Só resta então fazer com que as políticas públicas voltadas para a educação sejam mais eficientes. Talvez isto aconteça de uma forma mais lenta do que é realmente necessário, mas com certeza chegaremos lá.
O título da coluna desta semana foi tirado do título do relatório da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) apresentado no mês passado, que traça um cenário preocupante da educação em nosso país. Foram detectados muitos problemas, sendo os mais agudos aqueles que se referem à formação básica dos professores e à sua formação continuada, além do problema crônico da baixa remuneração dos docentes brasileiros.
Apesar de os professores representarem o terceiro maior grupo ocupacional do país (8,4%), ficando atrás apenas dos escriturários (15,2%) e dos trabalhadores do setor de serviços (14,9%), sendo maior, inclusive, do que o setor de construção civil (4%), os especialistas destacam que é preciso "elevar o status" do professor no Brasil. Dados da pesquisa indicam que 50% dos alunos que cursam o magistério e que foram entrevistados disseram que não sentem vontade de serem professores. Outro dado importante trata dos salários pagos à categoria, onde 50% dos docentes recebem menos de R$ 720,00 por mês.
O estudo também alerta para um grande descompasso entre a formação teórica e a prática do ensino. Com relação a este aspecto, especialistas afirmam que a formação do docente precisa estabelecer uma espécie de aliança entre o seu conteúdo e um projeto pedagógico, para que o professor tenha condições de entrar em sala de aula. O relatório termina afirmando que a real implementação de um novo piso salarial e a política de formação docente, lançada recentemente, podem ser pontos de partida para uma ampla recuperação da profissão de professor no Brasil.
Paralelamente ao relatório da UNESCO, foi divulgada uma pesquisa feita pela Universidade de Brasília (UnB) que revela a importância do papel dos professores.
A conclusão é que alunos de instituições particulares de ensino superior estão mais vinculados aos professores do que à universidade, sendo que a relação aluno-professor é mais valorizada, inclusive, do que instalações luxuosas. De acordo com os dados obtidos, 80% dos entrevistados preferem os professores às instalações físicas como motivação para ingressar ou permanecer em uma faculdade.
O autor da pesquisa acredita que a relação de confiança do aluno com a faculdade é intermediada pelo professor, portanto, o responsável por fortalecer esse laço acaba sendo o professor, pois é ele que passa a maior parte do tempo com o estudante. Isso significa que a capacidade intelectual, principalmente no caso de instituições de ensino, deve ser considerada como primordial.
A conclusão a que chegou a pesquisa foi que a ligação da instituição com o aluno é gerada a partir da convivência com o professor que ensina não só conhecimento, mas também valores para a vida.Tão importante e, ao mesmo tempo, tão desvalorizada. Esta é a profissão de professor no Brasil. Mas as coisas estão mudando. Todos já sabem, inclusive os nossos políticos, que, sem educação de qualidade, o país não consegue competir no mundo globalizado. Só resta então fazer com que as políticas públicas voltadas para a educação sejam mais eficientes. Talvez isto aconteça de uma forma mais lenta do que é realmente necessário, mas com certeza chegaremos lá.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 29 – 21 de Novembro de 2009
Uma questão de cultura, maus exemplos e de impunidade...
Semana passada discorremos aqui na nossa coluna sobre a fraude envolvendo as provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que provocou o seu adiamento e atrapalhou a vida e a programação de muitos estudantes em todo o Brasil. Discutimos a respeito da segurança de concursos, vestibulares e exames, alertando para o fato de que, mais do que um problema sério de segurança, o fato traz à tona uma questão de credibilidade dos processos e das instituições envolvidas. Hoje vou mostrar alguns casos recentes de malandragens, trapaças e fraudes em vestibulares do país.
Começamos com um caso que aconteceu no Rio de Janeiro, mas que também foi detectado na Universidade de Cuiabá em 2008 e na Federal do Maranhão em 2006. Quatro candidatos para o vestibular de medicina da Universidade Gama Filho pagaram R$ 15 mil a uma quadrilha que os instruiu a comprar celulares com peças de plástico (para evitar os detectores de metais) e encaixá-los na palmilha do tênis para consultar o gabarito no banheiro, enviado por SMS. O esquema só foi identificado graças a uma ligação anônima para o disque-denúncia.
A primeira turma de medicina da Universidade Federal do Acre teve 28 de seus 40 alunos aprovados com fraude no vestibular de 2002. A quadrilha inscrevia especialistas que resolviam rapidamente as questões, saiam da sala e passava as respostas para os alunos, que usavam pontos eletrônicos escondidos em roupas e caixas de chiclete. Os “clientes” pagaram até R$ 20 mil pelo serviço. Descobertos, foram expulsos da faculdade. Casos semelhantes aconteceram na Universidade Federal de Rondônia, também em 2002, nas Faculdades Facene/Famene em 2008 e na Universidade Regional de Gurupi, em 2009.
Já na Fuvest, em 2004, um falso candidato colocou sua foto no RG do irmão e começou a fazer a prova no lugar dele, que queria ingressar no curso de medicina. Durante o exame, nervoso, ele chamou a atenção do fiscal, que resolveu conferir assinatura e a foto e só então desmascarou o impostor. Ele acabou preso por estelionato. Outros casos parecidos com ele foram registrados na Universidade Estadual da Paraíba em 2007 e na Faculdade Evangélica de Curitiba no ano de 2008.
Em 2005, um candidato da Universidade Federal da Bahia (UFBA) declarou ser descendente de índios para conseguir uma vaga no sistema de cotas. Segundo o procurador que investigou o caso, ele atestou suas supostas raízes com um documento em nome da Fundação Nacional do Índio que não era assinado por ninguém do órgão, e sim por um índio de uma aldeia do sul da Bahia. Outra menina fez um ensino médio em colégio particular, entregou diploma falsificado de escola pública e foi denunciada pelos próprios colegas. Descobertos, os dois perderam a matrícula. Outro caso bem parecido com este aconteceu na Universidade Federal do Espírito Santo em 2009.
Vivemos em um país onde os maus exemplos, na maioria das vezes, vêm de cima, de grandes empresários, executivos e políticos de uma forma geral. As fraudes no vestibular são apenas uma conseqüência de um desejo, cada vez mais presente nas pessoas de sempre quererem levar vantagem em tudo (teoria que é injustamente chamada de “Lei de Gérson”). A morosidade da justiça e a impunidade que se vê em grande parte dos casos que chegam ao nosso conhecimento através da mídia também ajudam a sustentar esta cultura baseada na falta de ética, falta de amor e de consideração ao próximo.
Por outro lado, de vez em quando nos deparamos com casos de pessoas humildes que devolveram dinheiro achado em malas ou ligaram para o dono de um notebook encontrado em um banco de praça. Estes sim são exemplos a serem seguidos. Ainda que menos numerosos (na verdade deveriam ser o procedimento normal e nem serem publicados como notícia, mas saem nos jornais como um fato fora dos padrões), estes casos nos mostram que ainda vale a pena acreditar nas pessoas, de que vale a pena ser honesto e trabalhar com dignidade para o alcance dos objetivos pessoais.
Semana passada discorremos aqui na nossa coluna sobre a fraude envolvendo as provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que provocou o seu adiamento e atrapalhou a vida e a programação de muitos estudantes em todo o Brasil. Discutimos a respeito da segurança de concursos, vestibulares e exames, alertando para o fato de que, mais do que um problema sério de segurança, o fato traz à tona uma questão de credibilidade dos processos e das instituições envolvidas. Hoje vou mostrar alguns casos recentes de malandragens, trapaças e fraudes em vestibulares do país.
Começamos com um caso que aconteceu no Rio de Janeiro, mas que também foi detectado na Universidade de Cuiabá em 2008 e na Federal do Maranhão em 2006. Quatro candidatos para o vestibular de medicina da Universidade Gama Filho pagaram R$ 15 mil a uma quadrilha que os instruiu a comprar celulares com peças de plástico (para evitar os detectores de metais) e encaixá-los na palmilha do tênis para consultar o gabarito no banheiro, enviado por SMS. O esquema só foi identificado graças a uma ligação anônima para o disque-denúncia.
A primeira turma de medicina da Universidade Federal do Acre teve 28 de seus 40 alunos aprovados com fraude no vestibular de 2002. A quadrilha inscrevia especialistas que resolviam rapidamente as questões, saiam da sala e passava as respostas para os alunos, que usavam pontos eletrônicos escondidos em roupas e caixas de chiclete. Os “clientes” pagaram até R$ 20 mil pelo serviço. Descobertos, foram expulsos da faculdade. Casos semelhantes aconteceram na Universidade Federal de Rondônia, também em 2002, nas Faculdades Facene/Famene em 2008 e na Universidade Regional de Gurupi, em 2009.
Já na Fuvest, em 2004, um falso candidato colocou sua foto no RG do irmão e começou a fazer a prova no lugar dele, que queria ingressar no curso de medicina. Durante o exame, nervoso, ele chamou a atenção do fiscal, que resolveu conferir assinatura e a foto e só então desmascarou o impostor. Ele acabou preso por estelionato. Outros casos parecidos com ele foram registrados na Universidade Estadual da Paraíba em 2007 e na Faculdade Evangélica de Curitiba no ano de 2008.
Em 2005, um candidato da Universidade Federal da Bahia (UFBA) declarou ser descendente de índios para conseguir uma vaga no sistema de cotas. Segundo o procurador que investigou o caso, ele atestou suas supostas raízes com um documento em nome da Fundação Nacional do Índio que não era assinado por ninguém do órgão, e sim por um índio de uma aldeia do sul da Bahia. Outra menina fez um ensino médio em colégio particular, entregou diploma falsificado de escola pública e foi denunciada pelos próprios colegas. Descobertos, os dois perderam a matrícula. Outro caso bem parecido com este aconteceu na Universidade Federal do Espírito Santo em 2009.
Vivemos em um país onde os maus exemplos, na maioria das vezes, vêm de cima, de grandes empresários, executivos e políticos de uma forma geral. As fraudes no vestibular são apenas uma conseqüência de um desejo, cada vez mais presente nas pessoas de sempre quererem levar vantagem em tudo (teoria que é injustamente chamada de “Lei de Gérson”). A morosidade da justiça e a impunidade que se vê em grande parte dos casos que chegam ao nosso conhecimento através da mídia também ajudam a sustentar esta cultura baseada na falta de ética, falta de amor e de consideração ao próximo.
Por outro lado, de vez em quando nos deparamos com casos de pessoas humildes que devolveram dinheiro achado em malas ou ligaram para o dono de um notebook encontrado em um banco de praça. Estes sim são exemplos a serem seguidos. Ainda que menos numerosos (na verdade deveriam ser o procedimento normal e nem serem publicados como notícia, mas saem nos jornais como um fato fora dos padrões), estes casos nos mostram que ainda vale a pena acreditar nas pessoas, de que vale a pena ser honesto e trabalhar com dignidade para o alcance dos objetivos pessoais.
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