Professores do Brasil: impasses e desafios
O título da coluna desta semana foi tirado do título do relatório da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) apresentado no mês passado, que traça um cenário preocupante da educação em nosso país. Foram detectados muitos problemas, sendo os mais agudos aqueles que se referem à formação básica dos professores e à sua formação continuada, além do problema crônico da baixa remuneração dos docentes brasileiros.
Apesar de os professores representarem o terceiro maior grupo ocupacional do país (8,4%), ficando atrás apenas dos escriturários (15,2%) e dos trabalhadores do setor de serviços (14,9%), sendo maior, inclusive, do que o setor de construção civil (4%), os especialistas destacam que é preciso "elevar o status" do professor no Brasil. Dados da pesquisa indicam que 50% dos alunos que cursam o magistério e que foram entrevistados disseram que não sentem vontade de serem professores. Outro dado importante trata dos salários pagos à categoria, onde 50% dos docentes recebem menos de R$ 720,00 por mês.
O estudo também alerta para um grande descompasso entre a formação teórica e a prática do ensino. Com relação a este aspecto, especialistas afirmam que a formação do docente precisa estabelecer uma espécie de aliança entre o seu conteúdo e um projeto pedagógico, para que o professor tenha condições de entrar em sala de aula. O relatório termina afirmando que a real implementação de um novo piso salarial e a política de formação docente, lançada recentemente, podem ser pontos de partida para uma ampla recuperação da profissão de professor no Brasil.
Paralelamente ao relatório da UNESCO, foi divulgada uma pesquisa feita pela Universidade de Brasília (UnB) que revela a importância do papel dos professores.
A conclusão é que alunos de instituições particulares de ensino superior estão mais vinculados aos professores do que à universidade, sendo que a relação aluno-professor é mais valorizada, inclusive, do que instalações luxuosas. De acordo com os dados obtidos, 80% dos entrevistados preferem os professores às instalações físicas como motivação para ingressar ou permanecer em uma faculdade.
O autor da pesquisa acredita que a relação de confiança do aluno com a faculdade é intermediada pelo professor, portanto, o responsável por fortalecer esse laço acaba sendo o professor, pois é ele que passa a maior parte do tempo com o estudante. Isso significa que a capacidade intelectual, principalmente no caso de instituições de ensino, deve ser considerada como primordial.
A conclusão a que chegou a pesquisa foi que a ligação da instituição com o aluno é gerada a partir da convivência com o professor que ensina não só conhecimento, mas também valores para a vida.Tão importante e, ao mesmo tempo, tão desvalorizada. Esta é a profissão de professor no Brasil. Mas as coisas estão mudando. Todos já sabem, inclusive os nossos políticos, que, sem educação de qualidade, o país não consegue competir no mundo globalizado. Só resta então fazer com que as políticas públicas voltadas para a educação sejam mais eficientes. Talvez isto aconteça de uma forma mais lenta do que é realmente necessário, mas com certeza chegaremos lá.
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