sexta-feira, 23 de abril de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 48 – 24 de Abril de 2010

Estudo americano revela que pais e filhos estão mais próximos

Um novo e surpreendente estudo descobriu que mães e pais estão se saindo melhor do que eles mesmos pensam, passando muito mais tempo com suas famílias do que os pais de gerações anteriores. Pesquisadores sobre a família afirmam que a notícia deve trazer alívio para pais que trabalham fora e se sentem culpados. Normalmente, este sentimento de culpa existe por sentirem que não passam tempo suficiente com suas crianças, temendo estar sempre em falta com os filhos.

O estudo, realizado por dois economistas da Universidade da Califórnia, em San Diego, EUA, analisa uma dúzia de pesquisas de como os americanos afirmam usar seu tempo, realizadas em diferentes períodos entre 1965 e 2007. O estudo relata que a quantidade de tempo dedicado aos cuidados com as crianças por parte dos pais em todos os níveis de renda - e especificamente para as pessoas com nível universitário - aumentou "dramaticamente" desde meados da década de 1990.

Antes de 1995, as mães passavam uma média de 12 horas por semana atendendo às necessidades dos filhos. Até 2007, esse número tinha aumentado para 21,2 horas por semana para mulheres com instrução universitária e 15,9 horas para aquelas sem formação superior. Embora as mães ainda sejam responsáveis por grande parte das tarefas de cuidar dos filhos, os pais também registraram ganhos acentuados: passaram para 9,6 horas semanais para homens com educação universitária, mais que o dobro do número de 4,5 horas de antes de 1995; e para 6,8 horas para os demais homens, contra 3,7 anteriormente, segundo uma análise adicional realizada pela Universidade da Pensilvânia.

O aumento do tempo dedicado aos filhos é apenas um dos aspectos da família americana que está mudando. Os casais estão, em geral, esperando mais tempo para se casar e começar a ter filhos. Os índices de divórcio estão caindo geração após geração. Na verdade, o aumento no tempo dedicado aos filhos diz mais sobre o casamento moderno do que sobre práticas modernas de cuidados com as crianças, dizem os especialistas, que chamam este fenômeno de "casamento hedonista", no qual os casais dividem responsabilidades do lar e de trabalho para que possam passar mais tempo juntos.

Em contraste, casais de gerações anteriores geralmente tinham papéis "especializados" que tendiam a separá-los. O marido normalmente trabalhava fora para sustentar a família e a mulher ficava em casa para cuidar das crianças. Infelizemente não há dados de pesquisas semelhantes no Brasil.

Mas de onde vem esse tempo extra com os filhos? As mulheres, especificamente, estão passando menos tempo cozinhando e limpando a casa, enquanto os homens estão trabalhando menos horas no escritório. Interessante notar que os dados do estudo não contabiliza as horas que as mães e os pais passavam "perto" dos filhos - na mesa de jantar, por exemplo, ou quando as crianças brincavam sozinhas. Em vez disso, a pesquisa rastreia atividades específicas nas quais o pai ou mãe está diretamente envolvido com a criança, como levá-las para a escola, ajudar com a lição de casa, dar banho, brincar de pega-pega no quintal.

Outra boa notícia para ajuda a diminuir o sentimento de culpa dos pais é que, embora pais que trabalham fora normalmente se sintam culpados por não passar mais tempo em casa, as crianças muitas vezes têm uma reação diferente. Num estudo publicado como "Pergunte às crianças" foi perguntado a mais de mil crianças sobre seu "maior desejo" em relação aos pais. Embora os pais esperassem que seus filhos pedissem mais tempo em família, as crianças queriam algo diferente. Uma aventura radical, por exemplo.

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