Voltando ao assunto da violência na escola ...
Já tivemos chances de discutir, por algumas vezes, aqui nesta coluna, sobre o assunto violência dentro das escolas. Na última oportunidade, destacamos uma matéria publicada na revista Nova Escola de 2009 que concluía ser a indisciplina muito mais um reflexo dos problemas enfrentados pelo sistema educacional do que circunstâncias de momento. A indisciplina seria então sintoma, e não causa destes problemas. Em um determinado ponto, a matéria citava que “as relações entre crianças e adultos devem ser baseadas na cooperação e no entendimento do que é ou não moralmente aceito e porquê”.
Voltamos ao assunto esta semana devido a mais dois novos episódios de violência em duas escolas municipais do Rio de Janeiro, nas últimas semanas, e que deixaram pais e professores apreensivos.
Uma psicóloga foi entrevistada e deu declarações importantes sobre os casos. Segundo a especialista, o maior erro que pode ser cometido pelas pessoas responsáveis pela questão da violência nas instituições é fingir que nada aconteceu. O ideal, segundo ela, é se ter um espaço de discussão para que os estudantes possam falar de suas angústias, dores e medos, mas sem tentar dar lições de moral e bronca, pois adolescente “não curte muito isso", diz ela.
Quanto aos alunos diretamente envolvidos nos episódios violentos, a especialista recomenda que sejam responsabilizados pelo que fizeram e, se possível, que reparem o dano feito ao bem público. Segundo ela, o estudante precisa saber que seus atos têm conseqüências. Entretanto, o melhor é “não usar punições extremas, pois eles não são criminosos e não se trata de um problema de bandido dentro da escola", afirma.
Para os professores de instituições que foram alvo de violência, a grande dificuldade encontrada é controlar os adolescentes em momentos de agitação. Segundo eles, a falta de uma equipe para auxiliar os docentes dentro das escolas e dar assistência aos alunos complica ainda mais a situação. Professores afirmam que a falta de uma relação de confiança em que o estudante se sinta confortável para “se abrir” pode levar o adolescente a não denunciar atos de violência sofridos, testemunhados ou até mesmo motivar novas agressões. Além disso, está constatado que o maior número de casos acontece com alunos com problemas de aprendizado, que não conseguem acompanhar o ensino e se revoltam contra o sistema.
A psicóloga também orienta professores de instituições de ensino que sofrem com dificuldades estruturais, como a falta de profissionais e de condições adequadas em suas instalações a conversar com os alunos e responsáveis sobre os problemas. A partir do diálogo, ela propõe que sejam organizados mutirões para consertar o que for possível. "É típico da adolescência funcionar mais pela ação do que pela palavra. Então, é uma boa ideia substituir o fazer destrutivo por uma ação construtiva." Ela também recomenda que alunos, pais e educadores se unam para cobrar do poder público melhorias nas condições da escola, ao invés de entrar em conflito entre si.
Para sinalizar que não existe rivalidade entre educadores e a comunidade, o Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro propôs para a Escola Municipal José Veríssimo, no Rocha, Rio de Janeiro, apedrejada na última semana, um ato simbólico em que professores distribuíram flores aos alunos.
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