E-book : será o fim do livro de papel ?
Até o final deste ano, 10,3 milhões de pessoas devem adquirir leitores de livros digitais nos Estados Unidos, o que significa uma venda de 100 milhões de e-books, segundo a previsão da empresa de pesquisa de mercado Forrester. É um crescimento considerável, tomando em relação aos 3,7 milhões de leitores digitais e 30 milhões de e-books vendidos no ano passado. Esta tendência está causando grandes transformações no mercado editorial.
Algumas livrarias e editoras estão testando a venda casada de livros impressos com e-books a um preço especial. A livraria americana Barnes & Noble começou a oferecer pacotes em junho em cerca de 50 lojas e planeja ampliar o programa até o final deste ano. O grupo editorial Thomas Nelson, especializado em livros religiosos, oferece e-books gratuitos junto às cópias impressas de alguns títulos. Tal iniciativa agrada aos leitores que desejam compartilhar livros com a família e amigos e preferem ler em diferentes formatos. Os pacotes têm vendido bem e o grupo planeja adicionar outros durante a temporada de compras de Natal.
Enquanto isso, a Amazon.com, produtora do Kindle, tenta convencer os amantes de livros impressos de que a leitura no seu e-book é bem diferente do que a leitura na tela de um computador tradicional. Seu site promete uma tela de exibição na qual o texto "salta" da página, criando uma experiência de leitura muito semelhante ao papel impresso, pois não ofusca os olhos em locais iluminados, nem brilha demais no escuro, coisa que não se consegue em monitores de vídeos tradicionais.
A Sony, que lançou uma nova linha de leitores de livros digitais recentemente, diz que eles estão menores e mais leves do que antes, com textos mais claros e telas sensíveis ao toque, a fim de que se pareçam mais com os livros impressos. O presidente do setor de leitura digital da companhia explicou que o que mais a Sony ouviu do público foi a necessidade de “sentí-lo” como um livro, para que as pessoas esqueçam de que, na verdade, “têm um aparelho nas mãos”.
Esta estratégia de marketing das grandes empresas que produzem e-books no mundo ressalta uma dificuldade maior que é o desejo de manter a indústria de impressão viva, de modo a não alienar um mercado central, ao mesmo tempo em que se estabelece uma base para um futuro que os editores consideram cada vez mais digital. Segundo estas empresas, a tendência é que os livros de papel continuem sendo produzidos, porém, em escala cada vez menor, até se tornarem objetos de colecionadores.
Entretanto, não há dúvidas de que há muito mais ligação emocional com um livro em papel do que com um CD ou DVD. É interessante observar que as pessoas que já têm acesso aos equipamentos ainda estão passando por fases de aceitação de que as versões impressas estão indo embora. Muitas delas dizem que gostam de “sentir” e “cheirar” os livros, sensações impossíveis de se obter através do livro digital.
Este Blog foi concebido para que sejam publicadas as colunas mensais de nome "Filosofia & Cia", escritas para o Jornal Cultural "Conhece-te a ti mesmo", as colunas mensais "Gestão e Liderança" escritas para a Revista Ideia e a coluna semanal "Falando de Educação", do Jornal Expressão Regional, todas publicações veiculadas na cidade de Conselheiro Lafaiete - MG.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 64 – 18 de Setembro de 2010
Letra bonita escrevendo no computador
Me lembro bem que, quando criança, minha letra era muito bonita, ao ponto de receber elogios de minhas primeiras professoras. Com o passar do tempo, ela foi ficando feia e cheia de “garranchos”, além de ter adotado uma mania que, vez ou outra, me causa algum problema: escrever tudo usando letras de forma. Não sei bem o porquê mas, com o passar do tempo, normalmente as pessoas pioram a qualidade de suas letras. Ficam mais velhas e mais relaxadas e passam a escrever com pouca qualidade, usando muitas vezes as chamadas “letras de médico”. Certamente foi isto que aconteceu comigo. Tenho até uma certa desculpa pronta: o pensamento trabalha mais rápido do que o punho e a mente pensa mais rápido do que a gente consegue escrever, como conseqüência, a letra sai mal formada na ponta do lápis ou da caneta.
Li há algumas semanas uma notícia que falava sobre a existência (ou não) do fator genético envolvendo as letras das pessoas. A reportagem era muito interessante e afirmava que a qualidade da letra, ao contrário do que muitos pensam, não é herdada geneticamente. A explicação é bastante simples: quando uma pessoa escreve com a mesma letra que sua mãe ou seu pai, seja bonita ou feia, sua escrita é uma mistura de seus dons naturais e do seu aprendizado. Dizem os especialistas que muitos fatores determinam o estilo de escrever de cada pessoa. A caligrafia é moldada por experiências pessoais, o caráter de cada um e como cada pessoa foi ensinada a escrever.
De acordo com Richard Fraser, especialista em análise de escrita, em entrevista ao site Lifes Little Mysteries, "experiências traumáticas na vida podem mudar a letra de uma pessoa". Ele diz que a escrita reflete a personalidade e o estado mental de uma pessoa. "Alguém organizado irá tomar mais cuidado com sua letra, se é legível, bonita", completou.
A genética participa do modo em que as qualidades de cada indivíduo serão moldadas. A anatomia muda o jeito de uma pessoa escrever, com a estrutura dos ossos da mão mudando como se segura a caneta, o lápis. Coordenação entre olhos e mão, memória muscular e habilidade mental influenciam a escrita também. Quando essas características físicas e mentais mudam, a letra pode mudar junto.
Mas a genética se distancia cada vez mais dessa questão. Quem tem a letra extremamente parecida com a de seus pais, na verdade, apenas copiou, mesmo que subconscientemente. Não é algo passado via genes. "Semelhanças na escrita entre membros de uma família apenas existem quando um imita a letra de outro da família", segundo o livro Scientific Examination of Questioned Documents, de 2006. "A tendência a copiar ocorre principalmente na adolescência, quando o jovem está experimentando e desenvolvendo sua escrita", completa Fraser.
O especialista também afirma que é possível melhorar a letra tendo qualquer idade, mas a dificuldade aumenta com os passar dos anos. A memória muscular é o que causa isto, já que terá muito tempo com a mesma maneira de escrita guardada. Portanto, a escrita depende apenas de cada pessoa, não de seus genes.
É. Definitivamente não dá para botar a culpa de letra feia na genética ! Ainda bem que, nos dias de hoje a gente escreve mais no teclado do computador do que numa folha de papel !
Me lembro bem que, quando criança, minha letra era muito bonita, ao ponto de receber elogios de minhas primeiras professoras. Com o passar do tempo, ela foi ficando feia e cheia de “garranchos”, além de ter adotado uma mania que, vez ou outra, me causa algum problema: escrever tudo usando letras de forma. Não sei bem o porquê mas, com o passar do tempo, normalmente as pessoas pioram a qualidade de suas letras. Ficam mais velhas e mais relaxadas e passam a escrever com pouca qualidade, usando muitas vezes as chamadas “letras de médico”. Certamente foi isto que aconteceu comigo. Tenho até uma certa desculpa pronta: o pensamento trabalha mais rápido do que o punho e a mente pensa mais rápido do que a gente consegue escrever, como conseqüência, a letra sai mal formada na ponta do lápis ou da caneta.
Li há algumas semanas uma notícia que falava sobre a existência (ou não) do fator genético envolvendo as letras das pessoas. A reportagem era muito interessante e afirmava que a qualidade da letra, ao contrário do que muitos pensam, não é herdada geneticamente. A explicação é bastante simples: quando uma pessoa escreve com a mesma letra que sua mãe ou seu pai, seja bonita ou feia, sua escrita é uma mistura de seus dons naturais e do seu aprendizado. Dizem os especialistas que muitos fatores determinam o estilo de escrever de cada pessoa. A caligrafia é moldada por experiências pessoais, o caráter de cada um e como cada pessoa foi ensinada a escrever.
De acordo com Richard Fraser, especialista em análise de escrita, em entrevista ao site Lifes Little Mysteries, "experiências traumáticas na vida podem mudar a letra de uma pessoa". Ele diz que a escrita reflete a personalidade e o estado mental de uma pessoa. "Alguém organizado irá tomar mais cuidado com sua letra, se é legível, bonita", completou.
A genética participa do modo em que as qualidades de cada indivíduo serão moldadas. A anatomia muda o jeito de uma pessoa escrever, com a estrutura dos ossos da mão mudando como se segura a caneta, o lápis. Coordenação entre olhos e mão, memória muscular e habilidade mental influenciam a escrita também. Quando essas características físicas e mentais mudam, a letra pode mudar junto.
Mas a genética se distancia cada vez mais dessa questão. Quem tem a letra extremamente parecida com a de seus pais, na verdade, apenas copiou, mesmo que subconscientemente. Não é algo passado via genes. "Semelhanças na escrita entre membros de uma família apenas existem quando um imita a letra de outro da família", segundo o livro Scientific Examination of Questioned Documents, de 2006. "A tendência a copiar ocorre principalmente na adolescência, quando o jovem está experimentando e desenvolvendo sua escrita", completa Fraser.
O especialista também afirma que é possível melhorar a letra tendo qualquer idade, mas a dificuldade aumenta com os passar dos anos. A memória muscular é o que causa isto, já que terá muito tempo com a mesma maneira de escrita guardada. Portanto, a escrita depende apenas de cada pessoa, não de seus genes.
É. Definitivamente não dá para botar a culpa de letra feia na genética ! Ainda bem que, nos dias de hoje a gente escreve mais no teclado do computador do que numa folha de papel !
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 63 – 04 de Setembro de 2010
A importância de sermos todos educadores de nossos jovens
Há algum tempo atrás, estava lendo uma entrevista com Artur Antunes Coimbra, o Zico, hoje diretor de futebol do clube em que jogou por toda uma vida, o Flamengo, do Rio de Janeiro. Como bom vascaíno, confesso que guardo boas e más recordações do “Galinho de Quintino”, como era conhecido na época áurea de sua carreira futebolística. Confesso que torcia por ele apenas quando atuava com a camisa canarinho da seleção brasileira.
Voltando à matéria, Zico falava sobre a importância de os atletas associarem bom futebol com bom comportamento fora do campo e com a obrigação dos clubes de futebol de zelar e valorizar as boas condutas e punir, se necessário, as más condutas de seus jogadores. Claramente estava falando, mas sem citar diretamente, uma vez que fosse, o caso do goleiro Bruno, que todo o Brasil tomou conhecimento e acompanhou durante as últimas semanas.
Concordo plenamente com Zico. Acho que jogadores de futebol, artistas, atores, cantores, apresentadores e outras celebridades da música, cinema, teatro e TV têm a obrigação de manter condutas moralmente aceitáveis, pois, ao final de contas, são ídolos de muita gente, fãs que não medem esforços e desembolsam o que for preciso para vê-los ou assistirem à suas performances.
Sei que o assunto é polêmico e mexe com algo mais do que a razão das pessoas, afinal de contas, cantores, artistas e atletas mexem com nossas emoções. Concordo que a vida íntima de cada um deve ser preservada e cada um faz do seu tempo livre o que bem entender, que as pessoas se relacionam com quem bem quiserem e podem ir à qualquer lugar à qualquer momento. Porém, é fato que são elevados à condição de estrelas, de celebridades e viram, muitas vezes, padrão de comportamento para muita gente. O assunto se torna mais sério e grave quando são ídolos de crianças e adolescentes, que ainda estão em processo de formação de seu caráter. São, em meu entendimento, educadores, assim como a família, a escola e os professores. Talvez o problema maior esteja na falta de percepção destas pessoas que, ao se tornarem pessoas públicas (e neste rol se incluem os nossos políticos), devem manter uma conduta acima de qualquer suspeita.
Importante o posicionamento do Zico ao chamar para as instituições a obrigação de zelar por estes bons comportamentos, possibilitando condições para a correção de possíveis falhas de caráter e de personalidade de seus membros e afiliados. Quando necessário, descartar estes elementos pode ser a única saída. Mas de nada adianta esta atitude se outras instituições admitirem comportamentos inaceitáveis por parte destas celebridades. Apenas para nos mantermos no campo do futebol, temos também o caso de Adriano, que se envolveu em grandes confusões e chegou a posar para foto com armas na mão, junto com seus amigos traficantes dos morros do Rio de Janeiro. Bastou o Flamengo dispensá-lo que um time da Itália correu para contratá-lo.
Em resumo, acredito que os pais devem ser os primeiros a obrigarem-se na educação de seus filhos. Em seguida, cabe às escolas e aos professores esta função, complementar à educação familiar, apesar de, nos dias de hoje, as famílias estarem “largando” esta tarefa apenas para as escolas, se esquecendo de sua função primeira de educar. Por fim, acredito ser obrigação de todos aqueles que vivem em sociedade a prática de condutas éticas e moralmente aceitas pelos demais e que cabe às estrelas e celebridades uma parcela importante desta conta, que todos devemos pagar.
Há algum tempo atrás, estava lendo uma entrevista com Artur Antunes Coimbra, o Zico, hoje diretor de futebol do clube em que jogou por toda uma vida, o Flamengo, do Rio de Janeiro. Como bom vascaíno, confesso que guardo boas e más recordações do “Galinho de Quintino”, como era conhecido na época áurea de sua carreira futebolística. Confesso que torcia por ele apenas quando atuava com a camisa canarinho da seleção brasileira.
Voltando à matéria, Zico falava sobre a importância de os atletas associarem bom futebol com bom comportamento fora do campo e com a obrigação dos clubes de futebol de zelar e valorizar as boas condutas e punir, se necessário, as más condutas de seus jogadores. Claramente estava falando, mas sem citar diretamente, uma vez que fosse, o caso do goleiro Bruno, que todo o Brasil tomou conhecimento e acompanhou durante as últimas semanas.
Concordo plenamente com Zico. Acho que jogadores de futebol, artistas, atores, cantores, apresentadores e outras celebridades da música, cinema, teatro e TV têm a obrigação de manter condutas moralmente aceitáveis, pois, ao final de contas, são ídolos de muita gente, fãs que não medem esforços e desembolsam o que for preciso para vê-los ou assistirem à suas performances.
Sei que o assunto é polêmico e mexe com algo mais do que a razão das pessoas, afinal de contas, cantores, artistas e atletas mexem com nossas emoções. Concordo que a vida íntima de cada um deve ser preservada e cada um faz do seu tempo livre o que bem entender, que as pessoas se relacionam com quem bem quiserem e podem ir à qualquer lugar à qualquer momento. Porém, é fato que são elevados à condição de estrelas, de celebridades e viram, muitas vezes, padrão de comportamento para muita gente. O assunto se torna mais sério e grave quando são ídolos de crianças e adolescentes, que ainda estão em processo de formação de seu caráter. São, em meu entendimento, educadores, assim como a família, a escola e os professores. Talvez o problema maior esteja na falta de percepção destas pessoas que, ao se tornarem pessoas públicas (e neste rol se incluem os nossos políticos), devem manter uma conduta acima de qualquer suspeita.
Importante o posicionamento do Zico ao chamar para as instituições a obrigação de zelar por estes bons comportamentos, possibilitando condições para a correção de possíveis falhas de caráter e de personalidade de seus membros e afiliados. Quando necessário, descartar estes elementos pode ser a única saída. Mas de nada adianta esta atitude se outras instituições admitirem comportamentos inaceitáveis por parte destas celebridades. Apenas para nos mantermos no campo do futebol, temos também o caso de Adriano, que se envolveu em grandes confusões e chegou a posar para foto com armas na mão, junto com seus amigos traficantes dos morros do Rio de Janeiro. Bastou o Flamengo dispensá-lo que um time da Itália correu para contratá-lo.
Em resumo, acredito que os pais devem ser os primeiros a obrigarem-se na educação de seus filhos. Em seguida, cabe às escolas e aos professores esta função, complementar à educação familiar, apesar de, nos dias de hoje, as famílias estarem “largando” esta tarefa apenas para as escolas, se esquecendo de sua função primeira de educar. Por fim, acredito ser obrigação de todos aqueles que vivem em sociedade a prática de condutas éticas e moralmente aceitas pelos demais e que cabe às estrelas e celebridades uma parcela importante desta conta, que todos devemos pagar.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 62 – 14 de Agosto de 2010
Melhoria do Ensino reduz desigualdades sociais
É preciso melhorar o sistema de ensino no Brasil para que as desigualdades sociais sejam reduzidas e haja mais inclusão social. Esta é a avaliação dos participantes de plenária sobre o tema, na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que aconteceu em São Paulo no mês de Julho.
Luiz Davidovich, físico e secretário-geral do evento lembrou que os cientistas e a comunidade acadêmica não podem resolver todos os problemas, que, muitas vezes, têm a ver com a adoção de políticas públicas corretas para reduzir a lacuna que existe entre os menos e os mais favorecidos. Segundo ele, “questões de políticas públicas, e que são importantes, extravasam o âmbito da ciência". Um exemplo citado por ele é sobre a assistência educacional às crianças de até 3 anos. Para Davidovich, essa assistência é fundamental para "determinar o horizonte, o futuro dessas crianças." Existem estatísticas, com números levantados em outros países, que mostram que uma intervenção nessa faixa de idade muda o rumo do cidadão, reduzindo a taxa de criminalidade e aumentando a chance de acesso ao ensino superior. "Então, essa é uma questão que independe da ciência e tecnologia", disse.
Por outro lado, ele destaca que é importante a ciência atuar em conjunto com as tecnologias sociais, que procuram estimular novos tipos de empreendimentos. Para ele, é importante que a inovação não ocorra apenas nas empresas clássicas, mas também em novos setores como cooperativas e empreendimentos sociais e populares. "Em outras palavras, procura-se também conceber novos tipos de empresa, com inovação, mas que não participem de um processo de exclusão social e que apresentem perspectivas para um novo modelo de organização social", observa. Nesse aspecto, ele defende mudanças, por exemplo, no ensino de ciências, não da forma como é feito em muitas escolas, apenas com o quadro de giz, mas que permita ao estudante vivenciar as experiências.
Outro problema que acaba se refletindo na inclusão é a falta de uma escola boa e eficiente para todos. Davidovich lembra que, nas comunidades carentes, os pais analfabetos, ao descobrirem que os filhos já leem, ficam satisfeitos e acham que é o suficiente para uma ocupação no mercado de trabalho. "Não basta a criança aprender a ler e ser enviada ao mercado de trabalho. Ela tem de aprender a perguntar, questionar, interrogar a natureza". Davidovich também acredita que é preciso investir mais na formação dos professores. Ele sugeriu que haja um maior envolvimento de todos nessa questão, do Estado e do próprio mundo acadêmico, principalmente nas instituições públicas.
Na plenária sobre o papel da ciência, da tecnologia e da inovação na redução das desigualdades sociais e na inclusão social como consequência da democracia e da cidadania, foi mostrado que a nota mínima para entrar, em uma universidade, no curso de medicina, é 8,3, enquanto para os candidatos à licenciatura de física e matemática, é pouco mais de 3. "Ora, esses serão os professores e educadores das nossas crianças, os formadores das nossas crianças. Entram no vestibular com média 3. Este é um paradoxo que já foi resolvido em outros países", afirmou.
O especialista chegou a comparar esse cenário a um regime separatista como o apartheid, em que há dois grupos: um que é beneficiado com educação de qualidade e outro que recebe uma educação de baixa qualidade. "Se não mudarmos isso, o país não terá um forte protagonismo internacional. Vem de séculos essa realidade, da escravidão, da segregação social e precisa de dez a 20 anos para ser resolvida. Deve ser iniciada logo uma mudança desse quadro, para que, daqui a 20 anos, não tenhamos mais essa segregação".
É preciso melhorar o sistema de ensino no Brasil para que as desigualdades sociais sejam reduzidas e haja mais inclusão social. Esta é a avaliação dos participantes de plenária sobre o tema, na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que aconteceu em São Paulo no mês de Julho.
Luiz Davidovich, físico e secretário-geral do evento lembrou que os cientistas e a comunidade acadêmica não podem resolver todos os problemas, que, muitas vezes, têm a ver com a adoção de políticas públicas corretas para reduzir a lacuna que existe entre os menos e os mais favorecidos. Segundo ele, “questões de políticas públicas, e que são importantes, extravasam o âmbito da ciência". Um exemplo citado por ele é sobre a assistência educacional às crianças de até 3 anos. Para Davidovich, essa assistência é fundamental para "determinar o horizonte, o futuro dessas crianças." Existem estatísticas, com números levantados em outros países, que mostram que uma intervenção nessa faixa de idade muda o rumo do cidadão, reduzindo a taxa de criminalidade e aumentando a chance de acesso ao ensino superior. "Então, essa é uma questão que independe da ciência e tecnologia", disse.
Por outro lado, ele destaca que é importante a ciência atuar em conjunto com as tecnologias sociais, que procuram estimular novos tipos de empreendimentos. Para ele, é importante que a inovação não ocorra apenas nas empresas clássicas, mas também em novos setores como cooperativas e empreendimentos sociais e populares. "Em outras palavras, procura-se também conceber novos tipos de empresa, com inovação, mas que não participem de um processo de exclusão social e que apresentem perspectivas para um novo modelo de organização social", observa. Nesse aspecto, ele defende mudanças, por exemplo, no ensino de ciências, não da forma como é feito em muitas escolas, apenas com o quadro de giz, mas que permita ao estudante vivenciar as experiências.
Outro problema que acaba se refletindo na inclusão é a falta de uma escola boa e eficiente para todos. Davidovich lembra que, nas comunidades carentes, os pais analfabetos, ao descobrirem que os filhos já leem, ficam satisfeitos e acham que é o suficiente para uma ocupação no mercado de trabalho. "Não basta a criança aprender a ler e ser enviada ao mercado de trabalho. Ela tem de aprender a perguntar, questionar, interrogar a natureza". Davidovich também acredita que é preciso investir mais na formação dos professores. Ele sugeriu que haja um maior envolvimento de todos nessa questão, do Estado e do próprio mundo acadêmico, principalmente nas instituições públicas.
Na plenária sobre o papel da ciência, da tecnologia e da inovação na redução das desigualdades sociais e na inclusão social como consequência da democracia e da cidadania, foi mostrado que a nota mínima para entrar, em uma universidade, no curso de medicina, é 8,3, enquanto para os candidatos à licenciatura de física e matemática, é pouco mais de 3. "Ora, esses serão os professores e educadores das nossas crianças, os formadores das nossas crianças. Entram no vestibular com média 3. Este é um paradoxo que já foi resolvido em outros países", afirmou.
O especialista chegou a comparar esse cenário a um regime separatista como o apartheid, em que há dois grupos: um que é beneficiado com educação de qualidade e outro que recebe uma educação de baixa qualidade. "Se não mudarmos isso, o país não terá um forte protagonismo internacional. Vem de séculos essa realidade, da escravidão, da segregação social e precisa de dez a 20 anos para ser resolvida. Deve ser iniciada logo uma mudança desse quadro, para que, daqui a 20 anos, não tenhamos mais essa segregação".
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