terça-feira, 21 de setembro de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 64 – 18 de Setembro de 2010

Letra bonita escrevendo no computador

Me lembro bem que, quando criança, minha letra era muito bonita, ao ponto de receber elogios de minhas primeiras professoras. Com o passar do tempo, ela foi ficando feia e cheia de “garranchos”, além de ter adotado uma mania que, vez ou outra, me causa algum problema: escrever tudo usando letras de forma. Não sei bem o porquê mas, com o passar do tempo, normalmente as pessoas pioram a qualidade de suas letras. Ficam mais velhas e mais relaxadas e passam a escrever com pouca qualidade, usando muitas vezes as chamadas “letras de médico”. Certamente foi isto que aconteceu comigo. Tenho até uma certa desculpa pronta: o pensamento trabalha mais rápido do que o punho e a mente pensa mais rápido do que a gente consegue escrever, como conseqüência, a letra sai mal formada na ponta do lápis ou da caneta.

Li há algumas semanas uma notícia que falava sobre a existência (ou não) do fator genético envolvendo as letras das pessoas. A reportagem era muito interessante e afirmava que a qualidade da letra, ao contrário do que muitos pensam, não é herdada geneticamente. A explicação é bastante simples: quando uma pessoa escreve com a mesma letra que sua mãe ou seu pai, seja bonita ou feia, sua escrita é uma mistura de seus dons naturais e do seu aprendizado. Dizem os especialistas que muitos fatores determinam o estilo de escrever de cada pessoa. A caligrafia é moldada por experiências pessoais, o caráter de cada um e como cada pessoa foi ensinada a escrever.

De acordo com Richard Fraser, especialista em análise de escrita, em entrevista ao site Lifes Little Mysteries, "experiências traumáticas na vida podem mudar a letra de uma pessoa". Ele diz que a escrita reflete a personalidade e o estado mental de uma pessoa. "Alguém organizado irá tomar mais cuidado com sua letra, se é legível, bonita", completou.

A genética participa do modo em que as qualidades de cada indivíduo serão moldadas. A anatomia muda o jeito de uma pessoa escrever, com a estrutura dos ossos da mão mudando como se segura a caneta, o lápis. Coordenação entre olhos e mão, memória muscular e habilidade mental influenciam a escrita também. Quando essas características físicas e mentais mudam, a letra pode mudar junto.

Mas a genética se distancia cada vez mais dessa questão. Quem tem a letra extremamente parecida com a de seus pais, na verdade, apenas copiou, mesmo que subconscientemente. Não é algo passado via genes. "Semelhanças na escrita entre membros de uma família apenas existem quando um imita a letra de outro da família", segundo o livro Scientific Examination of Questioned Documents, de 2006. "A tendência a copiar ocorre principalmente na adolescência, quando o jovem está experimentando e desenvolvendo sua escrita", completa Fraser.

O especialista também afirma que é possível melhorar a letra tendo qualquer idade, mas a dificuldade aumenta com os passar dos anos. A memória muscular é o que causa isto, já que terá muito tempo com a mesma maneira de escrita guardada. Portanto, a escrita depende apenas de cada pessoa, não de seus genes.

É. Definitivamente não dá para botar a culpa de letra feia na genética ! Ainda bem que, nos dias de hoje a gente escreve mais no teclado do computador do que numa folha de papel !

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