terça-feira, 21 de setembro de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 63 – 04 de Setembro de 2010

A importância de sermos todos educadores de nossos jovens

Há algum tempo atrás, estava lendo uma entrevista com Artur Antunes Coimbra, o Zico, hoje diretor de futebol do clube em que jogou por toda uma vida, o Flamengo, do Rio de Janeiro. Como bom vascaíno, confesso que guardo boas e más recordações do “Galinho de Quintino”, como era conhecido na época áurea de sua carreira futebolística. Confesso que torcia por ele apenas quando atuava com a camisa canarinho da seleção brasileira.

Voltando à matéria, Zico falava sobre a importância de os atletas associarem bom futebol com bom comportamento fora do campo e com a obrigação dos clubes de futebol de zelar e valorizar as boas condutas e punir, se necessário, as más condutas de seus jogadores. Claramente estava falando, mas sem citar diretamente, uma vez que fosse, o caso do goleiro Bruno, que todo o Brasil tomou conhecimento e acompanhou durante as últimas semanas.

Concordo plenamente com Zico. Acho que jogadores de futebol, artistas, atores, cantores, apresentadores e outras celebridades da música, cinema, teatro e TV têm a obrigação de manter condutas moralmente aceitáveis, pois, ao final de contas, são ídolos de muita gente, fãs que não medem esforços e desembolsam o que for preciso para vê-los ou assistirem à suas performances.
Sei que o assunto é polêmico e mexe com algo mais do que a razão das pessoas, afinal de contas, cantores, artistas e atletas mexem com nossas emoções. Concordo que a vida íntima de cada um deve ser preservada e cada um faz do seu tempo livre o que bem entender, que as pessoas se relacionam com quem bem quiserem e podem ir à qualquer lugar à qualquer momento. Porém, é fato que são elevados à condição de estrelas, de celebridades e viram, muitas vezes, padrão de comportamento para muita gente. O assunto se torna mais sério e grave quando são ídolos de crianças e adolescentes, que ainda estão em processo de formação de seu caráter. São, em meu entendimento, educadores, assim como a família, a escola e os professores. Talvez o problema maior esteja na falta de percepção destas pessoas que, ao se tornarem pessoas públicas (e neste rol se incluem os nossos políticos), devem manter uma conduta acima de qualquer suspeita.
Importante o posicionamento do Zico ao chamar para as instituições a obrigação de zelar por estes bons comportamentos, possibilitando condições para a correção de possíveis falhas de caráter e de personalidade de seus membros e afiliados. Quando necessário, descartar estes elementos pode ser a única saída. Mas de nada adianta esta atitude se outras instituições admitirem comportamentos inaceitáveis por parte destas celebridades. Apenas para nos mantermos no campo do futebol, temos também o caso de Adriano, que se envolveu em grandes confusões e chegou a posar para foto com armas na mão, junto com seus amigos traficantes dos morros do Rio de Janeiro. Bastou o Flamengo dispensá-lo que um time da Itália correu para contratá-lo.

Em resumo, acredito que os pais devem ser os primeiros a obrigarem-se na educação de seus filhos. Em seguida, cabe às escolas e aos professores esta função, complementar à educação familiar, apesar de, nos dias de hoje, as famílias estarem “largando” esta tarefa apenas para as escolas, se esquecendo de sua função primeira de educar. Por fim, acredito ser obrigação de todos aqueles que vivem em sociedade a prática de condutas éticas e moralmente aceitas pelos demais e que cabe às estrelas e celebridades uma parcela importante desta conta, que todos devemos pagar.

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