Será o fim do currículo escolar fragmentado ?
Parece ser uma unaminidade que o currículo adotado nos dias de hoje na grande maioria das escolas é muito fragmentado e o aluno não vê função prática no programa que é ministrado. Como conseqüência, o que se sente é a crescente redução do interesse do jovem pela escola e a deterioração da qualidade do ensino, principalmente o ensino público, onde problemas relativos a este fato acontecem com mais freqüência.
A ideia que vem do Ministério da Educação sobre este assunto é acabar com a divisão por disciplinas, modificando o currículo. As 12 disciplinas seriam distribuídas em quatro grupos amplos: línguas, matemática, humanas e exatas/biológicas. Segundo o projeto do MEC, as escolas terão liberdade para organizar seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição das disciplinas nos grupos e o foco do programa, que pode ser trabalho, ciência, tecnologia ou cultura.
A intenção é realizar um projeto-piloto em 2010 com cem colégios dos governos estaduais que aderirem à proposta. Estas redes adotariam o programa, de forma experimental e a adesão seria facultativa. Dentro de cada estado participante, deverão ser escolhidas aquelas escolas com piores médias no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A proposta que prevê ajuda técnica e financeira às redes que aceitarem mudar seus currículos.
São duas as principais dificuldades na implantação do programa: a formação dos professores e o modelo do processo Vestibular. Os professores vêm sendo preparados ao longo do tempo para ministrar matérias específicas, pois hoje, o ensino médio brasileiro é uma coleção de disciplinas com pouca integração. Será necessário uma mudança de postura das escolas e dos docentes, muita capacitação e treinamento deverão ser realizados, além do reflexo que inevitavelmente há de acontecer nos cursos superiores de formação de professores, principalmente Pedagogia e Normal Superior.
Quanto ao vestibular, em sua reestruturação que está em curso, deve parar de cobrar disciplinas isoladas, passando a privilegiar menos conteúdo dos candidatos e mais raciocínio lógico e interdisciplinaridade. Se continuar do jeito que é hoje, não vai estimular a mudança do currículo nos níveis anteriores, pois ao final das contas, o Vestibular é que puxa o carro e dita as regras práticas a serem adotadas no ensino fundamental e médio !
Este Blog foi concebido para que sejam publicadas as colunas mensais de nome "Filosofia & Cia", escritas para o Jornal Cultural "Conhece-te a ti mesmo", as colunas mensais "Gestão e Liderança" escritas para a Revista Ideia e a coluna semanal "Falando de Educação", do Jornal Expressão Regional, todas publicações veiculadas na cidade de Conselheiro Lafaiete - MG.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Filosofia & Cia - Ano I - Número 5 - Maio de 2009
Santo Agostinho e o novo papel do líder nas organizações
Um pouco de história: Santo Agostinho foi o mais influente pensador ocidental dos primeiros séculos da Idade Média (476-1453). A ele se deveu a criação de uma filosofia que, pela primeira vez, deu suporte racional ao cristianismo. Através de seu pensamento, a crença ganhou substância doutrinária para orientar a educação e, à medida que a Igreja se tornava a instituição mais poderosa do Ocidente, sua filosofia, condicionada à fé religiosa e à ética cristã, definia a cultura de seu tempo. Em algumas de suas obras apresenta a doutrina do mestre interior. A ideia é que o mestre não ensina sozinho, mas depende também do outro e, sobretudo, de uma verdade comum aos dois. Assim, o professor (ou o líder, dependendo do contexto) mostra o caminho e o aluno (ou o subordinado) o adota. Assim, o saber brota em seu interior. Esta é a teoria de que “a pessoa que ensina não transmite, mas desperta”.
De volta ao século XXI: No cenário turbulento em que vivemos, a espiritualidade desponta como um caminho para uma relação mais saudável entre os funcionários e as empresas em que atuam, considerando o trabalho como parte de algo que transcende os aspectos materiais e contempla, também, as dimensões psíquicas, sociais e espirituais. As pessoas estão buscando, cada vez mais, alguma coisa que diminua a tormenta do cotidiano e as impeça de serem tragadas pelo mundo do trabalho. Muitos líderes se mostram mais preocupados em servir a seus funcionários do que em dar ordens. Seu maior propósito é ajudar sua equipe a se desenvolver, alinhando suas necessidades e valores aos da empresa. Esta é a teoria do líder servidor, cada vez mais valorizada e adotada em todo o mundo.
Reflexão: Em sua opinião, caro leitor, por que empresas e líderes passaram a agir desta forma ? Na minha opinião, é para compensar a pressão, cada vez maior, que vem sendo colocada sobre os funcionários. Quem acredita que está na empresa só para receber o pagamento no fim do mês, cedo ou tarde, acaba sucumbindo ao cotidiano e à mesmice de suas tarefas rotineiras. O fim, normalmente, é uma alta dose de estresse e depressão. Por outro lado, quando estão conscientes do seu papel na empresa e na sociedade, gostam do que fazem e acreditam nos valores da organização, os profissionais se sentem muito mais felizes e motivados. E quem acredita que há mais coisas nesta vida, além de um contracheque no final do mês, tem mais chances de ser uma pessoa melhor e trabalhar com mais disposição e eficiência. Como conseqüência de tudo isto, vem a produtividade, a criatividade e a inovação.
Certamente cada um de vocês poderá me dizer que conhece pessoas que não agem desta forma. São denominados chefes, mas possivelmente não devem ser bons líderes. E, realmente, muitos executivos ainda acham que, pelo fato de estarem no comando, seus funcionários é que têm de servi-los. Mas isso já não funciona bem nos dias atuais. As empresas precisam contar com o coração, a mente e o espírito dos seus colaboradores. E só se consegue isso quando o líder deixa de lado o desejo do poder e passa a servir, em vez de ser servido. Com essa filosofia, o líder e seu time normalmente conseguem superar metas previstas, conseguindo excelentes resultados.
Este modelo não é novo, mas só agora vem ganhando força, como um reflexo do crescente movimento de espiritualidade nas organizações. Essa corrente é uma resposta à alarmante crise existencial que assola o universo corporativo. Muitos profissionais já não querem mais atuar numa empresa que tem valores tão diferentes dos seus. Não estão mais dispostos a abrir mão da vida pessoal e precisam ver sentido naquilo que fazem. E, neste cenário, cabe ao novo líder o papel de incentivar o desenvolvimento espiritual de sua equipe. As empresas vencedoras sabem que a inovação e a ambição vêm do coração. Se o colaborador não trabalha com o coração, não é competitivo como deveria ser. E a empresa muitas vezes paga um alto preço por isto, perdendo mercado para suas concorrentes.
Trata-se de uma teoria um tanto quanto óbvia e muito singela, a ponto de Santo Agostinho a considerar normal, se vivesse em nossos tempos. Mas é essa a postura que vai garantir a competitividade das empresas nos próximos anos. E, quem não perceber sua importância, corre o risco de ficar fora do mercado. Nos vemos em Junho, quando estaremos comemorando a centésima edição deste Jornal. Até lá e um abraço a todos.
Um pouco de história: Santo Agostinho foi o mais influente pensador ocidental dos primeiros séculos da Idade Média (476-1453). A ele se deveu a criação de uma filosofia que, pela primeira vez, deu suporte racional ao cristianismo. Através de seu pensamento, a crença ganhou substância doutrinária para orientar a educação e, à medida que a Igreja se tornava a instituição mais poderosa do Ocidente, sua filosofia, condicionada à fé religiosa e à ética cristã, definia a cultura de seu tempo. Em algumas de suas obras apresenta a doutrina do mestre interior. A ideia é que o mestre não ensina sozinho, mas depende também do outro e, sobretudo, de uma verdade comum aos dois. Assim, o professor (ou o líder, dependendo do contexto) mostra o caminho e o aluno (ou o subordinado) o adota. Assim, o saber brota em seu interior. Esta é a teoria de que “a pessoa que ensina não transmite, mas desperta”.
De volta ao século XXI: No cenário turbulento em que vivemos, a espiritualidade desponta como um caminho para uma relação mais saudável entre os funcionários e as empresas em que atuam, considerando o trabalho como parte de algo que transcende os aspectos materiais e contempla, também, as dimensões psíquicas, sociais e espirituais. As pessoas estão buscando, cada vez mais, alguma coisa que diminua a tormenta do cotidiano e as impeça de serem tragadas pelo mundo do trabalho. Muitos líderes se mostram mais preocupados em servir a seus funcionários do que em dar ordens. Seu maior propósito é ajudar sua equipe a se desenvolver, alinhando suas necessidades e valores aos da empresa. Esta é a teoria do líder servidor, cada vez mais valorizada e adotada em todo o mundo.
Reflexão: Em sua opinião, caro leitor, por que empresas e líderes passaram a agir desta forma ? Na minha opinião, é para compensar a pressão, cada vez maior, que vem sendo colocada sobre os funcionários. Quem acredita que está na empresa só para receber o pagamento no fim do mês, cedo ou tarde, acaba sucumbindo ao cotidiano e à mesmice de suas tarefas rotineiras. O fim, normalmente, é uma alta dose de estresse e depressão. Por outro lado, quando estão conscientes do seu papel na empresa e na sociedade, gostam do que fazem e acreditam nos valores da organização, os profissionais se sentem muito mais felizes e motivados. E quem acredita que há mais coisas nesta vida, além de um contracheque no final do mês, tem mais chances de ser uma pessoa melhor e trabalhar com mais disposição e eficiência. Como conseqüência de tudo isto, vem a produtividade, a criatividade e a inovação.
Certamente cada um de vocês poderá me dizer que conhece pessoas que não agem desta forma. São denominados chefes, mas possivelmente não devem ser bons líderes. E, realmente, muitos executivos ainda acham que, pelo fato de estarem no comando, seus funcionários é que têm de servi-los. Mas isso já não funciona bem nos dias atuais. As empresas precisam contar com o coração, a mente e o espírito dos seus colaboradores. E só se consegue isso quando o líder deixa de lado o desejo do poder e passa a servir, em vez de ser servido. Com essa filosofia, o líder e seu time normalmente conseguem superar metas previstas, conseguindo excelentes resultados.
Este modelo não é novo, mas só agora vem ganhando força, como um reflexo do crescente movimento de espiritualidade nas organizações. Essa corrente é uma resposta à alarmante crise existencial que assola o universo corporativo. Muitos profissionais já não querem mais atuar numa empresa que tem valores tão diferentes dos seus. Não estão mais dispostos a abrir mão da vida pessoal e precisam ver sentido naquilo que fazem. E, neste cenário, cabe ao novo líder o papel de incentivar o desenvolvimento espiritual de sua equipe. As empresas vencedoras sabem que a inovação e a ambição vêm do coração. Se o colaborador não trabalha com o coração, não é competitivo como deveria ser. E a empresa muitas vezes paga um alto preço por isto, perdendo mercado para suas concorrentes.
Trata-se de uma teoria um tanto quanto óbvia e muito singela, a ponto de Santo Agostinho a considerar normal, se vivesse em nossos tempos. Mas é essa a postura que vai garantir a competitividade das empresas nos próximos anos. E, quem não perceber sua importância, corre o risco de ficar fora do mercado. Nos vemos em Junho, quando estaremos comemorando a centésima edição deste Jornal. Até lá e um abraço a todos.
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sexta-feira, 15 de maio de 2009
Coluna "Falando de Educação"- Ano I - número 4 - 16 de maio de 2009
Dá pra confiar no PROUNI ?
Não é raro, nos dias de hoje, vermos na mídia algum escândalo envolvendo algum dos programas sociais do governo federal. A mais nova fraude descoberta envolve o PROUNI (Programa Universidade para Todos), que oferece bolsas de estudo de nível superior para estudantes de baixa renda que comprovem carência e a impossibilidade de pagar mensalidades em faculdades ou universidades não públicas. Pelos critérios do programa, famílias com renda per capta de até 1,5 salários mínimos mensais têm direito à bolsa integral e famílias com renda per capta de até 3 salários mínimos têm direito a meia bolsa de estudos.
O TCU (Tribunal de Contas da União) descobriu irregularidades envolvendo quase 31 mil bolsistas, 8% do total de beneficiados. Dentre as irregularidades, um cruzamento de dados com o cadastro nacional de veículos (Renavan), descobriu bolsistas que são donos de carros, motos e até mesmo carros de luxo. A ideia do MEC é acionar a Receita Federal para fiscalizar os bolsistas do PROUNI. Fica a pergunta: por que isto não foi pensado antes ?
É importante notar que podem acontecer casos de estudantes que melhoraram suas condições sócio-econômicas ao longo dos anos, depois de conseguidas as bolsas de estudos e outros casos onde não seria justo o cancelamento da ajuda. Entretanto, pelo que parece, a grande maioria dos casos é de alunos que prestaram informações falsas ao Ministério da Educação de maneira proposital, objetivando a concessão do benefício. Nestes casos, o MEC está disposto a realmente cancelar a participação do aluno no programa. E vamos ficar só nisto ?
Se ficar realmente provado que nestes casos houve manipulação de documentos e apresentação de falsas provas, será que não caberia um processo contra estas pessoas? Talvez esta ação por parte do governo federal inibisse um pouco a ação de delinquentes, neste e em outros programas sociais. Este é mais um caso que reforça o pensamento de que a impunidade em nosso país acaba favorecendo a ideia de que não vale a pena ser honesto.
Não é raro, nos dias de hoje, vermos na mídia algum escândalo envolvendo algum dos programas sociais do governo federal. A mais nova fraude descoberta envolve o PROUNI (Programa Universidade para Todos), que oferece bolsas de estudo de nível superior para estudantes de baixa renda que comprovem carência e a impossibilidade de pagar mensalidades em faculdades ou universidades não públicas. Pelos critérios do programa, famílias com renda per capta de até 1,5 salários mínimos mensais têm direito à bolsa integral e famílias com renda per capta de até 3 salários mínimos têm direito a meia bolsa de estudos.
O TCU (Tribunal de Contas da União) descobriu irregularidades envolvendo quase 31 mil bolsistas, 8% do total de beneficiados. Dentre as irregularidades, um cruzamento de dados com o cadastro nacional de veículos (Renavan), descobriu bolsistas que são donos de carros, motos e até mesmo carros de luxo. A ideia do MEC é acionar a Receita Federal para fiscalizar os bolsistas do PROUNI. Fica a pergunta: por que isto não foi pensado antes ?
É importante notar que podem acontecer casos de estudantes que melhoraram suas condições sócio-econômicas ao longo dos anos, depois de conseguidas as bolsas de estudos e outros casos onde não seria justo o cancelamento da ajuda. Entretanto, pelo que parece, a grande maioria dos casos é de alunos que prestaram informações falsas ao Ministério da Educação de maneira proposital, objetivando a concessão do benefício. Nestes casos, o MEC está disposto a realmente cancelar a participação do aluno no programa. E vamos ficar só nisto ?
Se ficar realmente provado que nestes casos houve manipulação de documentos e apresentação de falsas provas, será que não caberia um processo contra estas pessoas? Talvez esta ação por parte do governo federal inibisse um pouco a ação de delinquentes, neste e em outros programas sociais. Este é mais um caso que reforça o pensamento de que a impunidade em nosso país acaba favorecendo a ideia de que não vale a pena ser honesto.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Coluna "Falando de Educação" - Ano I - Número 03 - 09 de Maio de 2009
Ensino fundamental de 9 anos
Não deve ser novidade pra ninguém que o ensino brasileiro é um dos piores do mundo. Para se ter uma ideia de como nossos números são ruins, 60% dos estudantes chegam ao fim da 8ª. série sem saber interpretar um texto ou efetuar operações matemáticas simples e algo em torno de 16% repetem a 1ª série do ensino fundamental.
A taxa de reprovação brasileira caiu nos últimos anos, mas ainda é alta, 19% contra apenas 3% da média mundial. Exames nacionais e internacionais mostram que nossos estudantes têm dificuldade em formular seus pensamentos, escrever e de compreender o que leem. Em uma lista de 57 países, o Brasil está em 52º lugar em Ciências e em 53º lugar em Matemática.
O governo brasileiro dispõe de alguns “instrumentos” para tentar mudar esta realidade. Um deles é o “alongamento” do ensino fundamental, que passa a ter a duração de 9 anos, no lugar dos atuais 8 anos de estudo. Além de passar mais tempo na escola, o que, teoricamente, daria ao aluno uma melhor base escolar, a medida supriria, em parte, a carência de creches em todo o Brasil.
De acordo com a Lei 11.247/2006, a partir de 2010, a matrícula de estudantes de seis anos será obrigatória. Em muitos estados, como Minas Gerais, por exemplo, crianças com esta idade frequentando a escola já é uma realidade. Acontece, porém, que mais de 800 municípios em 17 estados brasileiros ainda não implantaram o ensino fundamental de nove anos determinado por esta lei.
Entre os estados que concentram o maior número de cidades nessa situação está São Paulo, com 354 cidades, seguido pela Bahia, 141, Pará, 92 e o Maranhão, 89. A maioria dos municípios que ainda não adotou o novo sistema afirma que falta estrutura física e professores para atenderem a esta nova demanda. Por lei, a responsabilidade financeira da ampliação de escolas e a contratação de professores é responsabilidade dos estados e municípios.
O Ministério da Educação garante que está realizando um esforço concentrado para ajudar essas cidades. Mas esse apoio ficará, a princípio, no âmbito de instruir na reelaboração da proposta pedagógica das Secretarias de Educação e do projeto político-pedagógico das escolas. Se não houver a liberação de recursos financeiros, dos estados ou do governo federal, para a ampliação e melhoria da estrutura destas escolas, dificilmente esta lei será cumprida e este será mais um caso de uma boa ideia implementada de maneira incompleta e equivocada.
Não deve ser novidade pra ninguém que o ensino brasileiro é um dos piores do mundo. Para se ter uma ideia de como nossos números são ruins, 60% dos estudantes chegam ao fim da 8ª. série sem saber interpretar um texto ou efetuar operações matemáticas simples e algo em torno de 16% repetem a 1ª série do ensino fundamental.
A taxa de reprovação brasileira caiu nos últimos anos, mas ainda é alta, 19% contra apenas 3% da média mundial. Exames nacionais e internacionais mostram que nossos estudantes têm dificuldade em formular seus pensamentos, escrever e de compreender o que leem. Em uma lista de 57 países, o Brasil está em 52º lugar em Ciências e em 53º lugar em Matemática.
O governo brasileiro dispõe de alguns “instrumentos” para tentar mudar esta realidade. Um deles é o “alongamento” do ensino fundamental, que passa a ter a duração de 9 anos, no lugar dos atuais 8 anos de estudo. Além de passar mais tempo na escola, o que, teoricamente, daria ao aluno uma melhor base escolar, a medida supriria, em parte, a carência de creches em todo o Brasil.
De acordo com a Lei 11.247/2006, a partir de 2010, a matrícula de estudantes de seis anos será obrigatória. Em muitos estados, como Minas Gerais, por exemplo, crianças com esta idade frequentando a escola já é uma realidade. Acontece, porém, que mais de 800 municípios em 17 estados brasileiros ainda não implantaram o ensino fundamental de nove anos determinado por esta lei.
Entre os estados que concentram o maior número de cidades nessa situação está São Paulo, com 354 cidades, seguido pela Bahia, 141, Pará, 92 e o Maranhão, 89. A maioria dos municípios que ainda não adotou o novo sistema afirma que falta estrutura física e professores para atenderem a esta nova demanda. Por lei, a responsabilidade financeira da ampliação de escolas e a contratação de professores é responsabilidade dos estados e municípios.
O Ministério da Educação garante que está realizando um esforço concentrado para ajudar essas cidades. Mas esse apoio ficará, a princípio, no âmbito de instruir na reelaboração da proposta pedagógica das Secretarias de Educação e do projeto político-pedagógico das escolas. Se não houver a liberação de recursos financeiros, dos estados ou do governo federal, para a ampliação e melhoria da estrutura destas escolas, dificilmente esta lei será cumprida e este será mais um caso de uma boa ideia implementada de maneira incompleta e equivocada.
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segunda-feira, 4 de maio de 2009
Coluna "Falando de Educação" - ANo I - número 2 - 02 de Maio de 2009
Ainda sobre o fim do Vestibular
O assunto “fim do vestibular” que abordamos em nossa coluna inaugural da semana passada vem causando muitas dúvidas na cabeça das pessoas, principalmente na dos jovens que estão se preparando para o processo de seleção em 2009 e também na daqueles que intencionam entrar em um curso superior nos próximos anos.
Voltamos ao assunto na coluna de hoje para esclarecer que ainda não há decisões definitivas sobre o tema. O ministro da Educação Fernando Haddad tem se reunido sistematicamente com sua equipe do Ministério da Educação (MEC) e, principalmente, com os reitores das universidades federais, na tentativa de se chegar a um ponto comum que propicie a implantação do novo modelo proposto.
Em reunião recente com os reitores, o MEC anunciou que as universidades federais terão quatro formas de utilizar o novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como vestibular:
1- usar o Enem como prova única para a seleção de ingresso;
2- substituir apenas a primeira fase do vestibular pelo Enem;
3- combinar a nota do Enem com a nota do vestibular tradicional. Nesta modalidade, a universidade fica livre para decidir um percentual do Enem que será utilizado na média definitiva;
4- usar o Enem como fase única apenas para as vagas ociosas da universidade.
O MEC pretende defender a implantação da nova prova como fase única de seleção para as universidades, mas segundo o próprio ministro, seria autoritário e arbitrário por parte do MEC só aceitar participação na modalidade de fase única.
Desta forma, as instituições de ensino terão liberdade para escolher qual forma adotar e para sugerir outras aplicações do novo Enem no ingresso e na seleção de vestibulandos. O MEC já informou que as universidades federais terão até o dia 8 de maio para decidir se vão ou não aderir ao novo Enem, e em caso positivo, em qual formato vão participar.
As universidades poderão, inclusive, utilizar mais de uma modalidade, dependendo do curso. Isto significa que será possível adotar o novo Enem como fase única para cursos menos concorridos, e como primeira fase para graduações mais disputadas (como é o caso do curso de medicina, por exemplo). Além das Universidades Federais, outras universidades e faculdades estaduais e particulares também poderão participar do processo e ingressar nesta nova modalidade de seleção.
Muitas discussões e negociações ainda estão por vir até a decisão final de como será o novo processo de seleção para ingresso nos cursos superiores. De certo mesmo, por enquanto, apenas a impressão de que “nada será como antes”. Um abraço a todos e até a próxima.
O assunto “fim do vestibular” que abordamos em nossa coluna inaugural da semana passada vem causando muitas dúvidas na cabeça das pessoas, principalmente na dos jovens que estão se preparando para o processo de seleção em 2009 e também na daqueles que intencionam entrar em um curso superior nos próximos anos.
Voltamos ao assunto na coluna de hoje para esclarecer que ainda não há decisões definitivas sobre o tema. O ministro da Educação Fernando Haddad tem se reunido sistematicamente com sua equipe do Ministério da Educação (MEC) e, principalmente, com os reitores das universidades federais, na tentativa de se chegar a um ponto comum que propicie a implantação do novo modelo proposto.
Em reunião recente com os reitores, o MEC anunciou que as universidades federais terão quatro formas de utilizar o novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como vestibular:
1- usar o Enem como prova única para a seleção de ingresso;
2- substituir apenas a primeira fase do vestibular pelo Enem;
3- combinar a nota do Enem com a nota do vestibular tradicional. Nesta modalidade, a universidade fica livre para decidir um percentual do Enem que será utilizado na média definitiva;
4- usar o Enem como fase única apenas para as vagas ociosas da universidade.
O MEC pretende defender a implantação da nova prova como fase única de seleção para as universidades, mas segundo o próprio ministro, seria autoritário e arbitrário por parte do MEC só aceitar participação na modalidade de fase única.
Desta forma, as instituições de ensino terão liberdade para escolher qual forma adotar e para sugerir outras aplicações do novo Enem no ingresso e na seleção de vestibulandos. O MEC já informou que as universidades federais terão até o dia 8 de maio para decidir se vão ou não aderir ao novo Enem, e em caso positivo, em qual formato vão participar.
As universidades poderão, inclusive, utilizar mais de uma modalidade, dependendo do curso. Isto significa que será possível adotar o novo Enem como fase única para cursos menos concorridos, e como primeira fase para graduações mais disputadas (como é o caso do curso de medicina, por exemplo). Além das Universidades Federais, outras universidades e faculdades estaduais e particulares também poderão participar do processo e ingressar nesta nova modalidade de seleção.
Muitas discussões e negociações ainda estão por vir até a decisão final de como será o novo processo de seleção para ingresso nos cursos superiores. De certo mesmo, por enquanto, apenas a impressão de que “nada será como antes”. Um abraço a todos e até a próxima.
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