A realidade das cotas para alunos deficientes no nível superior
Há duas semanas atrás, discutimos aqui na coluna a respeito de qual seria a melhor escola para crianças e jovens portadores de algum tipo de deficiência, uma escola considerada “normal” ou uma escola do tipo “especial”. Hoje trago alguns números que refletem a realidade das pessoas portadoras de necessidades especiais com relação ao nível superior.
Segundo a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), no Mapa das Ações Afirmativas do Laboratório de Políticas Públicas, há 19 instituições públicas de ensino superior no país (de um total de 249) que adotam algum tipo de ação afirmativa beneficiando deficientes. Há pelo menos três anos, algumas instituições de grande porte seguem um sistema de reserva de quotas para deficientes. São as universidades estaduais do Rio de Janeiro, de Goiás e do Rio Grande do Sul, além da federal do Maranhão. Em todas elas, um estudo constatou que o percentual de deficientes beneficiados foi sempre inferior a 1% do total das vagas ou matrículas.
Mesmo na universidade que há mais tempo reserva vagas para deficientes, a UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), que adota uma reserva de 10%, são poucos os que, na prática, se beneficiam do sistema. Eles somam apenas 12, ou 0,5% do total de 2.410 estudantes. Apenas 20 deficientes se candidataram a uma das 64 vagas destinadas a eles no último exame, ou seja, havia mais vagas reservadas do que candidatos aptos a elas.
Enquanto isso, o Congresso Nacional debate a aprovação de cotas de 10% das vagas em todas as universidades públicas para deficientes. Porém, a realidade das que já adotam esse sistema mostra que a inclusão dessa população no ensino superior é mais complexa do que o simples estabelecimento de um percentual em lei. O que a experiência dessas universidades mostra é que o principal filtro não está no vestibular. A inclusão passa antes por um esforço na educação básica, o que é evidenciado também pelo Censo Escolar do MEC (Ministério da Educação). Em 2007, o levantamento identificou apenas 16 mil deficientes no ensino médio, de um total de 8 milhões de estudantes, nesse nível de ensino.
Um dos desafios a serem vencidos quando o aluno consegue ingressar em uma universidade pública é a questão da acessibilidade a prédios e instalações no campus. Outro desafio é dar condições para que eles concluam o curso, pois a evasão destes estudantes é bastante alta, acima da média normal das instituições, o que faz com que o percentual de concluintes nesse grupo ainda seja muito baixo. Outro problema detectado é que grande parte deles não conseguem integralizar o curso no tempo mínimo permitido. Algumas universidades estão desenvolvendo projetos de acompanhamento de cada aluno deficiente, trabalhando diretamente com as unidades acadêmicas a que eles estão vinculados, numa tentativa de minimizar os problemas encontrados e dar reais condições de aprendizagem a este grupo de alunos.
Este Blog foi concebido para que sejam publicadas as colunas mensais de nome "Filosofia & Cia", escritas para o Jornal Cultural "Conhece-te a ti mesmo", as colunas mensais "Gestão e Liderança" escritas para a Revista Ideia e a coluna semanal "Falando de Educação", do Jornal Expressão Regional, todas publicações veiculadas na cidade de Conselheiro Lafaiete - MG.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
sábado, 15 de agosto de 2009
Filosofia & Cia - Ano I - Número 8 - Agosto de 2009
A ousadia de Erasmo e o fim do Vestibular
Um pouco de história: No período de transição da Idade Média para a Idade Moderna, o pensamento nascente defendia a liberação da criatividade e da vontade do ser humano, em oposição ao pensamento escolástico, segundo o qual todas as questões terrenas deviam subordinar-se à religião. O antropocentrismo, predomínio do humano sobre o transcendente, era o eixo desta nova filosofia, que seria posteriormente conhecida como Humanismo. Embora fosse profundamente cristão, o filósofo holandês Erasmo de Roterdã (1469-1536) entrou para a história justamente por se opor ao domínio da Igreja sobre a educação, a cultura e a ciência. Era necessária uma boa dose de ousadia para ir contra a influência religiosa que dominava sua época, e era justamente a ousadia que fazia parte das atitudes que um número crescente de intelectuais começava a enaltecer naquele período de profundas transformações.
De volta ao século XXI: O Ministério da Educação (MEC) divulgou nas últimas semanas medidas que devem mudar radicalmente a educação em nosso país. Primeiro anunciou o fim do Vestibular, nos moldes que conhecemos hoje, que será substituído pelo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Depois, anunciou um projeto piloto a ser realizado em 100 escolas estaduais a partir do ano que vem, cujo objetivo é acabar com o currículo escolar fragmentado e terminar com a divisão do saber em disciplinas, trabalhadas de forma isolada e sem nenhum contexto com a realidade do mundo.
Reflexão: Vamos começar nossa reflexão pelo fim da fragmentação do currículo, que é uma atitude louvável, embora complexa e de difícil implementação. O saber é único e as disciplinas não são conhecimentos isolados. Muito pelo contrário, a Química “conversa” o tempo todo com a Física, assim como a História está “intimamente ligada” ao Português. Mas não basta acabar com as disciplinas, ou agrupá-las em grandes grupos, como por exemplo, línguas, raciocínio lógico, humanidades e saúde. Os professores devem ser treinados e capacitados a esta nova realidade, pois estão muito acostumados a atuar de forma isolada, sem interagir com outros professores e outras matérias, pois é assim que aprenderam em sua época de estudantes e é assim que praticam no seu dia-a-dia escolar. A partir de agora, deverão transmitir seu conteúdo de forma integrada, trabalhando em equipe com outros docentes. O conceito de projetos e a interdisciplinaridade ganham muita força com esta nova ideia.
Quanto ao fim anunciado do velho e tradicional Vestibular, o novo ENEM, como está sendo chamada a prova que o irá substituir na grande maioria das faculdades e universidades do país, é uma prova que valoriza muito mais o raciocínio, a comparação, o poder de síntese, de análise e a observação do aluno. Tudo muito diferente das provas que acontecem hoje em dia, onde o estudante precisa decorar um grande volume de informações, privilegiando mais o processo de memorização de fórmulas, datas, nomes e fatos históricos, o que acarreta uma carga de estresse muito elevada para nossos jovens. Trata-se de uma excelente medida, que tende a modificar toda a educação no país, pois os ensinos fundamental e médio fluem muito em função do acesso ao nível superior e, mudando o estilo do processo seletivo, a tendência é uma revisão geral, de cima para baixo, das estratégias de ensino.
Diferentemente de Erasmo, cuja ousadia maior foi lutar contra o domínio da Igreja sobre a educação, nos dias atuais, a grande ousadia do MEC é mexer em um processo tradicional e enraizado, mas que, a olhos vistos, já não é adequado a nossa realidade. Estas medidas ousadas e corajosas são muito necessárias e tendem a causar uma grande revolução na educação do Brasil. Como, infelizmente, não é raro ver em nosso país ótimas ideias se transformarem em grandes fracassos, resta-nos torcer para que sejam bem implementadas e que possam fazer surtir os efeitos tão desejados por todos nós. Nos vemos em Setembro. Um abraço a todos e até lá.
Um pouco de história: No período de transição da Idade Média para a Idade Moderna, o pensamento nascente defendia a liberação da criatividade e da vontade do ser humano, em oposição ao pensamento escolástico, segundo o qual todas as questões terrenas deviam subordinar-se à religião. O antropocentrismo, predomínio do humano sobre o transcendente, era o eixo desta nova filosofia, que seria posteriormente conhecida como Humanismo. Embora fosse profundamente cristão, o filósofo holandês Erasmo de Roterdã (1469-1536) entrou para a história justamente por se opor ao domínio da Igreja sobre a educação, a cultura e a ciência. Era necessária uma boa dose de ousadia para ir contra a influência religiosa que dominava sua época, e era justamente a ousadia que fazia parte das atitudes que um número crescente de intelectuais começava a enaltecer naquele período de profundas transformações.
De volta ao século XXI: O Ministério da Educação (MEC) divulgou nas últimas semanas medidas que devem mudar radicalmente a educação em nosso país. Primeiro anunciou o fim do Vestibular, nos moldes que conhecemos hoje, que será substituído pelo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Depois, anunciou um projeto piloto a ser realizado em 100 escolas estaduais a partir do ano que vem, cujo objetivo é acabar com o currículo escolar fragmentado e terminar com a divisão do saber em disciplinas, trabalhadas de forma isolada e sem nenhum contexto com a realidade do mundo.
Reflexão: Vamos começar nossa reflexão pelo fim da fragmentação do currículo, que é uma atitude louvável, embora complexa e de difícil implementação. O saber é único e as disciplinas não são conhecimentos isolados. Muito pelo contrário, a Química “conversa” o tempo todo com a Física, assim como a História está “intimamente ligada” ao Português. Mas não basta acabar com as disciplinas, ou agrupá-las em grandes grupos, como por exemplo, línguas, raciocínio lógico, humanidades e saúde. Os professores devem ser treinados e capacitados a esta nova realidade, pois estão muito acostumados a atuar de forma isolada, sem interagir com outros professores e outras matérias, pois é assim que aprenderam em sua época de estudantes e é assim que praticam no seu dia-a-dia escolar. A partir de agora, deverão transmitir seu conteúdo de forma integrada, trabalhando em equipe com outros docentes. O conceito de projetos e a interdisciplinaridade ganham muita força com esta nova ideia.
Quanto ao fim anunciado do velho e tradicional Vestibular, o novo ENEM, como está sendo chamada a prova que o irá substituir na grande maioria das faculdades e universidades do país, é uma prova que valoriza muito mais o raciocínio, a comparação, o poder de síntese, de análise e a observação do aluno. Tudo muito diferente das provas que acontecem hoje em dia, onde o estudante precisa decorar um grande volume de informações, privilegiando mais o processo de memorização de fórmulas, datas, nomes e fatos históricos, o que acarreta uma carga de estresse muito elevada para nossos jovens. Trata-se de uma excelente medida, que tende a modificar toda a educação no país, pois os ensinos fundamental e médio fluem muito em função do acesso ao nível superior e, mudando o estilo do processo seletivo, a tendência é uma revisão geral, de cima para baixo, das estratégias de ensino.
Diferentemente de Erasmo, cuja ousadia maior foi lutar contra o domínio da Igreja sobre a educação, nos dias atuais, a grande ousadia do MEC é mexer em um processo tradicional e enraizado, mas que, a olhos vistos, já não é adequado a nossa realidade. Estas medidas ousadas e corajosas são muito necessárias e tendem a causar uma grande revolução na educação do Brasil. Como, infelizmente, não é raro ver em nosso país ótimas ideias se transformarem em grandes fracassos, resta-nos torcer para que sejam bem implementadas e que possam fazer surtir os efeitos tão desejados por todos nós. Nos vemos em Setembro. Um abraço a todos e até lá.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 17 – 15 de Agosto de 2009
Criatividade: a chave do sucesso !
Uma palavra. Doze letras. Criatividade. Na Sociedade da Informação e do Conhecimento em que vivemos, talvez nada seja mais importante do que a criatividade, que já se tornou imprescindível em muitas atividades. Junto da inovação, com a qual anda de mãos dadas, vem fazendo toda a diferença entre o sucesso e o fracasso de pessoas e organizações. Com as escolas, obviamente, não é diferente, pois o fenômeno é o mesmo e acontece de forma global.
De modo geral, em todas as atividades humanas existem muitas opções para se realizar uma tarefa. Algumas maneiras são mais atraentes que outras. Algumas dão mais certo do que outras. Mas uma coisa é certa: é necessário cada vez mais ser criativo para vencer os obstáculos atuais.
Se em tudo é necessário criatividade, imagine então em um ambiente de sala de aula, ilhada em um mundo cheio de atrativos, todos localizados do lado de fora da escola! O professor, além de instrutor e transmissor do conhecimento, precisa ser amigo e conselheiro. Mas são tantas turmas, tantos alunos, tantos pais, tantos problemas, tantas dificuldades. Os conteúdos precisam ser planejados, desenvolvidos e trabalhados. Todos e tudo em volta exigindo do professor muito de sua atenção e sua capacidade.
Como dar conta disso tudo? Segundo nos contam alguns professores da rede pública, muitas vezes a escola não oferece sequer o álcool para o mimeógrafo (sim, é verdade, ele ainda existe!), as folhas para uma resenha, os recursos tecnológicos, etc. Quem sabe se usarmos ela, a criatividade? Para se planejar e realizar uma aula criativa talvez não seja necessário tirar dinheiro do próprio bolso, como parece que alguns fazem. Claro que tendo dinheiro fica tudo muito mais fácil, mas nem sempre (diria até, na grande maioria das vezes) esta não é a realidade. Mas sabendo usar a criatividade pode-se tentar competir com os atrativos que estão ao alcance dos jovens fora da escola. Desse jeito, há alguma possibilidade de os alunos despertarem o interesse pelo estudo. E certamente os professores se sentirão mais recompensados e valorizados.
Ao se substituir a velha pedagogia tradicional, as aulas tradicionais de “cuspe e giz”, os ditados e os escritos no quadro verde da sala, por atividades mais próximas da vivência diária dos alunos, aumenta-se consideravelmente a chance de se ter um maior interesse dos alunos. Talvez uma boa dica seja saber incentivar e estimular os alunos, criando aulas diferentes e divertidas. Usar jogos educativos e atividades lúdicas é uma ótima ideia. Outras são introduzir cada novo conteúdo de forma diferente, mudar a disposição das cadeiras ou trocar de ambiente dar uma aula, como no pátio da escola, por exemplo.
Sugeriria também explorar vídeos e filmes, instigar e provocar a curiosidade sobre os conteúdos a serem dados, levar jornais e revistas para sala de aula e debater sobre o tema escolhido por cada um. Procurar realizar diversos trabalhos em pequenos grupos ou grupos sucessivos para que os alunos possam trocar experiências, pedir sugestões a eles no momento de preparar as aulas, de forma que suas opiniões possam ser valorizadas também nos parece boas práticas.
Uma palavra. Doze letras. Interessante. É assim que deve ser uma boa aula. Que tal tentar?
Colaborou com esta coluna Daniela Lidiane Gonçalves, terapeuta ocupacional.
Uma palavra. Doze letras. Criatividade. Na Sociedade da Informação e do Conhecimento em que vivemos, talvez nada seja mais importante do que a criatividade, que já se tornou imprescindível em muitas atividades. Junto da inovação, com a qual anda de mãos dadas, vem fazendo toda a diferença entre o sucesso e o fracasso de pessoas e organizações. Com as escolas, obviamente, não é diferente, pois o fenômeno é o mesmo e acontece de forma global.
De modo geral, em todas as atividades humanas existem muitas opções para se realizar uma tarefa. Algumas maneiras são mais atraentes que outras. Algumas dão mais certo do que outras. Mas uma coisa é certa: é necessário cada vez mais ser criativo para vencer os obstáculos atuais.
Se em tudo é necessário criatividade, imagine então em um ambiente de sala de aula, ilhada em um mundo cheio de atrativos, todos localizados do lado de fora da escola! O professor, além de instrutor e transmissor do conhecimento, precisa ser amigo e conselheiro. Mas são tantas turmas, tantos alunos, tantos pais, tantos problemas, tantas dificuldades. Os conteúdos precisam ser planejados, desenvolvidos e trabalhados. Todos e tudo em volta exigindo do professor muito de sua atenção e sua capacidade.
Como dar conta disso tudo? Segundo nos contam alguns professores da rede pública, muitas vezes a escola não oferece sequer o álcool para o mimeógrafo (sim, é verdade, ele ainda existe!), as folhas para uma resenha, os recursos tecnológicos, etc. Quem sabe se usarmos ela, a criatividade? Para se planejar e realizar uma aula criativa talvez não seja necessário tirar dinheiro do próprio bolso, como parece que alguns fazem. Claro que tendo dinheiro fica tudo muito mais fácil, mas nem sempre (diria até, na grande maioria das vezes) esta não é a realidade. Mas sabendo usar a criatividade pode-se tentar competir com os atrativos que estão ao alcance dos jovens fora da escola. Desse jeito, há alguma possibilidade de os alunos despertarem o interesse pelo estudo. E certamente os professores se sentirão mais recompensados e valorizados.
Ao se substituir a velha pedagogia tradicional, as aulas tradicionais de “cuspe e giz”, os ditados e os escritos no quadro verde da sala, por atividades mais próximas da vivência diária dos alunos, aumenta-se consideravelmente a chance de se ter um maior interesse dos alunos. Talvez uma boa dica seja saber incentivar e estimular os alunos, criando aulas diferentes e divertidas. Usar jogos educativos e atividades lúdicas é uma ótima ideia. Outras são introduzir cada novo conteúdo de forma diferente, mudar a disposição das cadeiras ou trocar de ambiente dar uma aula, como no pátio da escola, por exemplo.
Sugeriria também explorar vídeos e filmes, instigar e provocar a curiosidade sobre os conteúdos a serem dados, levar jornais e revistas para sala de aula e debater sobre o tema escolhido por cada um. Procurar realizar diversos trabalhos em pequenos grupos ou grupos sucessivos para que os alunos possam trocar experiências, pedir sugestões a eles no momento de preparar as aulas, de forma que suas opiniões possam ser valorizadas também nos parece boas práticas.
Uma palavra. Doze letras. Interessante. É assim que deve ser uma boa aula. Que tal tentar?
Colaborou com esta coluna Daniela Lidiane Gonçalves, terapeuta ocupacional.
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sábado, 8 de agosto de 2009
Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 16 – 08 de Agosto de 2009
Qual a melhor escola para crianças portadoras de deficiências ?
Escola Especial ? Escola Comum ? Qual a melhor opção quando uma criança necessita de cuidados especiais por ser portadora de alguma deficiência ? Esta polêmica vem ganhando novos capítulos nos últimos dias e, pelo que parece, ainda está longe de um desenlace final.
Um parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação), mas que ainda não foi homologado pelo MEC (Ministério da Educação), indica como obrigatória a matrícula de alunos com deficiências em escolas comuns. O documento não tem força de lei, mas, caso seja realmente homologado, servirá para orientar o MEC e os Sistemas de Educação na interpretação da legislação já em vigor no país, inclusive no caso de distribuição de recursos do FUNDEB (Fundo de Financiamento da Educação Básica).
O parecer reforça a posição da Secretaria de Educação Especial do MEC que, apoiada por algumas entidades, entende ser dever dos pais e do governo garantir matrícula de crianças deficientes em escolas comuns. Os atendimentos especiais seriam realizados de forma complementar, no contraturno, e não substituiriam os da rede regular.
As entidades do setor têm opiniões diversas acerca do assunto. A Federação Nacional das APAEs divulgou na semana passada nota de repúdio ao parecer, dizendo que ele extrapola a legislação em vigor, que as escolas públicas ainda não estão preparadas para receber todos os alunos com deficiência e que, no fundo, o objetivo da medida seria o de extinguir as escolas especiais. A Federação se declara a favor da inclusão, mas considera que não se pode tornar a medida obrigatória do dia para a noite. Segundo ela, nem todas as famílias concordam e há casos de deficientes intelectuais severos que, se incluídos na escola comum, seriam prejudicados em seu desenvolvimento.
Por outro lado, em resposta, a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down fez abaixo-assinado de apoio à resolução. Um de seus argumentos é que, sob o pretexto de que as escolas públicas não estão preparadas, a matrícula em escolas especiais reforça a segregação e adia o processo de inclusão dos deficientes em classes regulares. O órgão considera que há muito a avançar no atendimento na rede pública, mas o cenário está melhorando e cabe à sociedade cobrar mais do poder público. Segundo a entidade, o parecer apenas reforça um direito inquestionável, que está na Constituição e na convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
A polêmica ressuscitou no país a discussão sobre os limites da inclusão e está opondo entidades de defesa de pessoas com deficiência. O mais importante de tudo isto, a meu ver, é que os questionamentos estão surgindo e sendo discutidos, primeiro passo para que soluções sejam encontradas. Resta-nos cobrar do governo que medidas efetivas sejam tomadas, de forma a garantir às pessoas que portam algum tipo de deficiência um atendimento digno e um ensino compatível com as suas limitações.
Escola Especial ? Escola Comum ? Qual a melhor opção quando uma criança necessita de cuidados especiais por ser portadora de alguma deficiência ? Esta polêmica vem ganhando novos capítulos nos últimos dias e, pelo que parece, ainda está longe de um desenlace final.
Um parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação), mas que ainda não foi homologado pelo MEC (Ministério da Educação), indica como obrigatória a matrícula de alunos com deficiências em escolas comuns. O documento não tem força de lei, mas, caso seja realmente homologado, servirá para orientar o MEC e os Sistemas de Educação na interpretação da legislação já em vigor no país, inclusive no caso de distribuição de recursos do FUNDEB (Fundo de Financiamento da Educação Básica).
O parecer reforça a posição da Secretaria de Educação Especial do MEC que, apoiada por algumas entidades, entende ser dever dos pais e do governo garantir matrícula de crianças deficientes em escolas comuns. Os atendimentos especiais seriam realizados de forma complementar, no contraturno, e não substituiriam os da rede regular.
As entidades do setor têm opiniões diversas acerca do assunto. A Federação Nacional das APAEs divulgou na semana passada nota de repúdio ao parecer, dizendo que ele extrapola a legislação em vigor, que as escolas públicas ainda não estão preparadas para receber todos os alunos com deficiência e que, no fundo, o objetivo da medida seria o de extinguir as escolas especiais. A Federação se declara a favor da inclusão, mas considera que não se pode tornar a medida obrigatória do dia para a noite. Segundo ela, nem todas as famílias concordam e há casos de deficientes intelectuais severos que, se incluídos na escola comum, seriam prejudicados em seu desenvolvimento.
Por outro lado, em resposta, a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down fez abaixo-assinado de apoio à resolução. Um de seus argumentos é que, sob o pretexto de que as escolas públicas não estão preparadas, a matrícula em escolas especiais reforça a segregação e adia o processo de inclusão dos deficientes em classes regulares. O órgão considera que há muito a avançar no atendimento na rede pública, mas o cenário está melhorando e cabe à sociedade cobrar mais do poder público. Segundo a entidade, o parecer apenas reforça um direito inquestionável, que está na Constituição e na convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
A polêmica ressuscitou no país a discussão sobre os limites da inclusão e está opondo entidades de defesa de pessoas com deficiência. O mais importante de tudo isto, a meu ver, é que os questionamentos estão surgindo e sendo discutidos, primeiro passo para que soluções sejam encontradas. Resta-nos cobrar do governo que medidas efetivas sejam tomadas, de forma a garantir às pessoas que portam algum tipo de deficiência um atendimento digno e um ensino compatível com as suas limitações.
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sábado, 1 de agosto de 2009
Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 15 – 01 de Agosto de 2009
MEC autoriza prova especial depois do pôr do sol
Terminado o prazo de inscrições para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), foram contabilizados 4.576.126 (quatro milhões, quinhentos e setenta e seis mil, cento e vinte e seis) estudantes inscritos para a prova, que irá substituir, total ou parcialmente, o vestibular, em cerca de 40 universidades federais. O número pode variar um pouco devido a uma parcela de alunos oriundos de escolas particulares que se inscreveram e que, por algum motivo, não pagaram a taxa na rede bancária. Os alunos das escolas públicas ficaram isentos do pagamento.
Apesar do grande número de inscritos, o número ficou abaixo da expectativa do MEC (Ministério da Educação), que fazia contas com algo em torno de 6 milhões de interessados em fazer as provas, que têm a previsão de serem realizadas nos dias 3 e 4 de outubro, em 1619 municípios em todo o Brasil. A prova do ENEM também é obrigatória para todos que desejam concorrer a bolsas de estudo em faculdades e universidades particulares através do Programa Universidade para Todos (PROUNI), do governo federal.
Como houve alteração da metodologia de seleção e, a partir de agora, as provas terão a duração de dois dias, ao invés de apenas um, como era na maneira tradicional, um problema foi detectado: estudantes religiosos que guardam o sábado e não podem realizar as provas neste dia.
A solução para a questão chegou através de um comunicado do INEP (órgão do MEC responsável pelo Enem), informando que dará a estes estudantes religiosos a oportunidade de fazerem as provas no próprio sábado, apenas depois do pôr do sol. A medida deve beneficiar principalmente vestibulandos adventistas e judeus. No dia do exame, todos os inscritos entrarão no local de prova juntos, até as 12:55 h. Os candidatos que solicitarem o horário especial esperarão em uma sala separada, sem acesso a livros ou meios eletrônicos durante a espera.
Mesmo com estas medidas, a comunidade judaica apontou novos problemas. De acordo com as normas da religião, os judeus não podem andar de carro, pegar ônibus ou metrô, carregar objetos ou escrever, entre outras proibições, do pôr do sol de sexta ao pôr do sol de sábado. Desta forma, os estudantes não poderão carregar nada, nenhum documento e nenhuma comida para o local da prova, já que têm que esperar esse tempo todo. Outro problema é que a comunidade comemora, entre os dias 2 a 8 de outubro, um feriado religioso (Sucot), que também impõe restrições às atividades, o que inviabiliza a prova tanto no sábado quanto no domingo.
Terminado o prazo de inscrições para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), foram contabilizados 4.576.126 (quatro milhões, quinhentos e setenta e seis mil, cento e vinte e seis) estudantes inscritos para a prova, que irá substituir, total ou parcialmente, o vestibular, em cerca de 40 universidades federais. O número pode variar um pouco devido a uma parcela de alunos oriundos de escolas particulares que se inscreveram e que, por algum motivo, não pagaram a taxa na rede bancária. Os alunos das escolas públicas ficaram isentos do pagamento.
Apesar do grande número de inscritos, o número ficou abaixo da expectativa do MEC (Ministério da Educação), que fazia contas com algo em torno de 6 milhões de interessados em fazer as provas, que têm a previsão de serem realizadas nos dias 3 e 4 de outubro, em 1619 municípios em todo o Brasil. A prova do ENEM também é obrigatória para todos que desejam concorrer a bolsas de estudo em faculdades e universidades particulares através do Programa Universidade para Todos (PROUNI), do governo federal.
Como houve alteração da metodologia de seleção e, a partir de agora, as provas terão a duração de dois dias, ao invés de apenas um, como era na maneira tradicional, um problema foi detectado: estudantes religiosos que guardam o sábado e não podem realizar as provas neste dia.
A solução para a questão chegou através de um comunicado do INEP (órgão do MEC responsável pelo Enem), informando que dará a estes estudantes religiosos a oportunidade de fazerem as provas no próprio sábado, apenas depois do pôr do sol. A medida deve beneficiar principalmente vestibulandos adventistas e judeus. No dia do exame, todos os inscritos entrarão no local de prova juntos, até as 12:55 h. Os candidatos que solicitarem o horário especial esperarão em uma sala separada, sem acesso a livros ou meios eletrônicos durante a espera.
Mesmo com estas medidas, a comunidade judaica apontou novos problemas. De acordo com as normas da religião, os judeus não podem andar de carro, pegar ônibus ou metrô, carregar objetos ou escrever, entre outras proibições, do pôr do sol de sexta ao pôr do sol de sábado. Desta forma, os estudantes não poderão carregar nada, nenhum documento e nenhuma comida para o local da prova, já que têm que esperar esse tempo todo. Outro problema é que a comunidade comemora, entre os dias 2 a 8 de outubro, um feriado religioso (Sucot), que também impõe restrições às atividades, o que inviabiliza a prova tanto no sábado quanto no domingo.
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