sábado, 11 de julho de 2009

Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 12 – 11 de Julho de 2009

A morte de Michael Jackson e nossas aulas desinteressantes

Existe uma parábola que conta a história de um sujeito que dormiu por 30 anos, ainda no século XX, e acordou no século XXI. Estranhou tantas novidades e ficou impressionado com o mundo de hoje: muita tecnologia, construções, equipamentos, carros. Tudo para ele era novidade, após o seu duradouro sono. Apenas se sentiu confortável quando entrou numa escola, ao reparar que lá, nada havia mudado, tudo continuava como 30 anos atrás.

Como se pode reparar, não sou bom contador de histórias ou parábolas, mas tomei coragem de narrar esta para concluir que trata-se de uma grande verdade. A escola foi uma das entidades que menos mudou ao longo do tempo, não acompanhando, nem de longe, a evolução da sociedade em que vivemos. Como conseqüência, os alunos reclamam cada vez mais de falta de vontade em ir à escola e falta de interesse em assistir as aulas. Aí surge a inevitável pergunta: o que podemos fazer para mudar este quadro? Como tornar nossas aulas mais atraentes e passar o conteúdo necessário de maneira agradável aos estudantes?

Talvez uma das respostas a esta questão seja a contextualização das nossas aulas. Trazer assuntos do cotidiano para dentro da sala de aula tem-se mostrado uma boa estratégia para prender a atenção dos jovens e fazê-los se interessar pela aula, ou pelo menos, permanecer dentro da sala e prestar atenção nas palavras do professor e naquilo que está acontecendo dentro do ambiente da classe.

Tomemos como exemplo a grande notícia do momento: a morte do rei do pop, Michael Jackson. Desde semana passada, quando veio a público que o cantor norte-americano partiu para outro palco, não se fala em outra coisa. De manhã, de tarde e de noite, todos os programas, de fim noticioso ou não, falam sobre este assunto, que ainda vai render muito mais. Primeiro, a morte, depois o enterro e o show. A partir de agora vamos assistir a briga pela herança, a guarda dos filhos e outras tantas notícias e fofocas que virão a respeito do mais genial, misterioso e bizarro artista dos últimos tempos.

E a mídia já notou que todos, quase sem exceção, se interessam pelo assunto: os fãs, os apenas admiradores e até mesmo os mais jovens, que o conheciam pouco ou mesmo não o conheciam, agora tomam contato com o criador do passo mais criativo da dança pop, o “moon-walk”.

Será que podemos “aproveitar” este interesse dos nossos pelo assunto para diversificarmos nossas aulas ? Vejamos: para os professores de inglês, as letras originais e para os de português, as traduções de suas mais belas canções são ótimas ideias para se trabalhar dentro da classe. Professores de história, filosofia e sociologia têm um rico filão de discussão a respeito da história recente americana, com o papel do negro na sociedade daquele país e também a questão do negro, do preconceito e do racismo na história e na sociedade brasileira. Ciências, química e biologia, entre outras, podem ser trabalhadas tocando em assuntos como o corpo humano, pigmentação e doenças da pele (como o vitiligo, que o cantor dizia ter), cirurgias plásticas, remédios, dependência química, etc. Até a física talvez tenha lugar quando passamos a analisar os movimentos do dançarino no palco, seus malabarismos, rodopios e os passos que o tornaram famoso.

A adoção de novas metodologias do processo de ensino é, sem dúvida, uma questão que envolve criatividade e inovação por parte de escolas e professores. Assim com este, outros fatos e acontecimentos podem ser trabalhados em sala, de forma a tornar as aulas mais atraentes e agradáveis para os nossos alunos.

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