quarta-feira, 1 de julho de 2009

Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 10 – 27 de Junho de 2009

Nossos problemas educacionais ganhando o mundo

Há algumas semanas atrás, assistimos a um encontro histórico dos representantes do “BRIC”. Trata-se de uma sigla “inventada” por um economista americano para designar países emergentes (no caso, Brasil, Rússia, Índia e China) que despontam, na opinião dos especialistas, como potências do século XXI e passarão a ter um papel fundamental no mundo pós-crise financeira que estamos vivenciando.

Não há dúvidas de que o Brasil passa por grandes avanços, devido a grandes investimentos e progressos em setores como política e economia, mas em termos de educação, o país está bem abaixo de muitos outros países em desenvolvimento e de todos os demais países emergentes que compõem a sigla. Embora os índices brasileiros apresentem alguma melhoria no setor, são ainda sofríveis e a evolução se dá de forma bastante vagarosa, inadmissível para um país que deseja um melhor lugar no cenário internacional.

Um artigo mais recente da revista britânica “The Economist” traça um panorama da situação da educação no Brasil e afirma que a má qualidade das escolas, talvez mais do que qualquer outra coisa, é o que freia o desenvolvimento do país. A publicação baseia seus argumentos citando os maus resultados do Brasil no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), realizado a cada três anos pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), órgão da ONU.

A revista compara a situação do Brasil à da Coreia do Sul, que vem apresentando bons resultados no PISA, afirmando que até a década de 1970 o país era praticamente tão próspero quanto o nosso, mas, ajudada por seu sistema escolar superior, saltou à frente e agora tem uma renda per capita cerca de quatro vezes maior que a brasileira. Para a revista, entre os principais motivos para a má qualidade da educação no país está o fato de muitos professores faltarem por diversas vezes às aulas e os altos índices de repetência, que estimulam a evasão escolar.

Na opinião da Economist, o governo precisa investir mais na educação básica. Assim como a Índia, afirma a revista, o Brasil gasta muito com suas universidades ao invés de se preocupar mais com a alfabetização das crianças. A publicação afirma ainda que o Brasil precisa de professores mais qualificados, pois muitos têm três ou quatro empregos diferentes e reclamam que as condições de trabalho são intimidadoras e os salários muito baixos.

Finalmente, a publicação defende que a receita para melhorar a educação no país seria continuar reformando o sistema escolar, enfrentar os sindicatos dos professores e gastar mais em educação básica. Termina a matéria dizendo que: "A conquista do mundo - mesmo a amigável e sem confrontos que o Brasil busca - não virá para um País onde 45% dos chefes de famílias pobres têm menos de um ano de escolaridade".

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