O vexame brasileiro na formação de seus professores
Vimos sempre falando em nossa coluna sobre os problemas que envolvem a educação do nosso país, trazendo fatos e números que constatam que o Brasil precisa de medidas fortes e eficazes para o setor. Vimos apontando também possíveis caminhos para uma melhoria nos rumos da educação, sendo que alguns deles passam, sem dúvida, por uma maior qualidade na formação dos professores e por uma maior valorização da classe docente. Hoje trago mais uma má notícia que causa perplexidade e tristeza a quem vive e trabalha no ambiente educacional.
O Ministério da Educação (MEC) está supervisionando 49 cursos superiores de pedagogia e 11 cursos da modalidade Normal que apresentaram conceitos insatisfatórios no último Exame Nacional de Avaliação do Desempenho de Estudante (Enade). Uma comissão de supervisão visitou as instituições para verificar aspectos como o projeto pedagógico, a infra-estrutura e a composição do corpo docente. Foi divulgado recentemente que, destes 60 cursos sob sua supervisão, 17 deles estão em fase de extinção da oferta, o que dá um percentual de quase 30 %. Isto mesmo, mais de um quarto destas entidades de ensino, não poderão realizar vestibulares e receber novos alunos para os cursos da área da Educação !
Segundo o MEC, eles não atenderam às condições mínimas exigidas pela comissão de especialistas que avaliou as instituições. De acordo com o ministério, em 12 destes 17 cursos, o pedido de encerramento da oferta foi solicitado pelas próprias instituições, possivelmente, em minha opinião, porque eles não estavam tendo a procura esperada e/ou não estavam dando o retorno financeiro desejado, pois grande parte delas são de caráter particular. Os outros 5 cursos do grupo dos 17 estão sob processo administrativo pelo não cumprimento de antigas determinações do MEC ou porque apresentaram condições insatisfatórias de qualidade do ensino oferecido.
As demais instituições, que não tiveram que encerrar a oferta, assinarão um termo de saneamento de deficiências pelo qual se comprometem a melhorar os aspectos que foram mal avaliados pela comissão, cumprindo as recomendações determinadas pela Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC, necessárias para que continuem em funcionamento.
A primeira conclusão a que podemos chegar é realmente a falta de qualidade dos cursos Normal e Pedagogia em todo o país, formando profissionais que estão aquém das necessidades básicas do setor, o que certamente faz com que nossos índices piorem, ao invés de melhorarem. Neste ponto realmente é necessária uma maior rigidez no controle destes cursos, fechando-os se necessário, de forma a privilegiar os que permanecem e buscam a qualidade de seu ensino.
A segunda conclusão é que é necessária uma urgente revisão da política de remuneração da classe dos docentes, de forma a incentivar nossos jovens a se interessarem novamente pelo ofício de professor. O que vemos atualmente é uma possível vocação ser prejudicada e deixada de lado pelo aspecto financeiro não compensador da profissão. Antigamente, a pessoa sentia orgulho em ser professor, pois além de ter reconhecimento e grande credibilidade, os profissionais gozavam de melhores condições de trabalho e de vida. Hoje em dia, os salários são, em muitos casos, tão baixos que os docentes são obrigados a ter vários empregos em várias escolas diferentes, para chegar a um patamar satisfatório de remuneração. Trabalhando tento, muitas vezes falta tempo para planejar e preparar boas aulas, o que pode refletir na qualidade do ensino oferecido aos alunos.
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