sábado, 23 de janeiro de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 37 – 23 de Janeiro de 2010

As escolas não sabem usar a tecnologia que têm disponível !

Há tempos atrás, as pesquisas que eram realizadas nas escolas públicas apontavam para a infra-estrutura como um dos principais problemas vivenciados na educação nacional. Faltavam desde cadeiras, carteiras e quadros até os materiais de consumo para os trabalhos administrativos e pedagógicos. Não havia na maioria das escolas quadras de esportes e bibliotecas bem montadas e laboratório de informática era coisa para poucos.

Com o passar do tempo, o cenário melhorou bastante com relação ao quesito infra-estrutura e pudemos constatar uma grande evolução em praticamente todo o território nacional. Não digo que a questão dos equipamentos, prédios e instalações já esteja completamente resolvido de norte a sul do país, pois existem escolas sem o mínimo necessário a uma educação de qualidade e até mesmo para as escolas que já dispõem de razoável infra-estrutura, principalmente computacional, ela precisa ser constantemente revista e ampliada.

Porém, é fato que boa parte das escolas públicas estão recebendo verba para reformas e realização de novas obras, além de insumos, livros e computadores. Isto fez com que uma pesquisa realizada no segundo semestre do ano passado indicasse ainda a existência do problema de infra-estrutura das escolas, mas em uma posição inferior a outros problemas, no momento mais preocupantes, como a falta de motivação, falta de atenção e indisciplina por parte dos alunos e falta de participação dos pais na vida escolar de seus filhos.

Quanto à questão da tecnologia, gostaria de apresentar uma outra pesquisa realizada em 400 escolas públicas em 13 capitais brasileiras, que mostrou que o tradicional problema de falta de infra-estrutura está sendo superado pela falta de preparo das pessoas para lidar com as novas tecnologias. As escolas possuem máquinas e equipamentos, mas os recursos não estão sendo utilizados de forma eficiente, pois falta, principalmente, treinamento de funcionários, gestores e professores de forma a melhorar o seu uso e tornar o computador um aliado na tarefa de ensinar.

A pesquisa apontou que 98% das instituições públicas de ensino têm computador e 83% têm acesso à internet com conexão banda larga. As máquinas se concentram em áreas administrativas ou no laboratório de informática e em apenas 4% delas há máquinas nas salas de aula. O que mais impressiona é que 74% dos professores entrevistados declararam ter recebido pouco ou nenhum treinamento para o uso da tecnologia.

Isto nos remete a novos problemas que são a formação inicial deficiente recebida pela maioria dos novos professores e a falta de formação continuada. Poucas faculdades ou universidades se preocupam em preparar os futuros educadores para usar tecnologia na sala de aula como ferramenta pedagógica. Já nas escolas, poucas são aquelas que oferecem algum tipo de curso de atualização em relação às novas tecnologias. É certo que as escolas têm muito a ganhar explorando o potencial do computador e da Internet e precisam acompanhar o ritmo rápido dos dias atuais e dos próprios alunos.

Especialistas são unânimes em destacar que é importante que os professores dominem não só o uso de ferramentas, mas saibam como utilizá-las na transmissão de conteúdos de forma a motivar o aprendizado. Os jovens estão muito avançados no uso do computador e da Internet, eles se comunicam em redes sociais, usam blogs e twitter. Neste cenário, a escola e os docentes precisam acompanhar este processo, utilizando a tecnologia efetivamente para proporcionar a aprendizagem dos conteúdos.

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