domingo, 3 de janeiro de 2010

Filosofia & Cia - Ano I - Número 12 - Dezembro de 2009

Os ’ensaios” de Sir Francis Bacon e os jovens empreendedores brasileiros

Um pouco de história: O inglês Francis Bacon (1561-1626) foi político, filósofo e ensaísta e é considerado o iniciador do Empirismo. Desde cedo, sua educação o orientou para a vida política, na qual exerceu posições elevadas. Como filósofo, destacou-se com uma obra onde a ciência era exaltada como benéfica para o homem. Em suas investigações, ocupou-se especialmente da metodologia científica, sendo muitas vezes chamado de "fundador da ciência moderna". A produção intelectual de Bacon foi vasta e variada. De modo geral, pode ser dividida em três partes: jurídica, literária e filosófica. Sua obra literária fundamental são os Essays (Ensaios), publicados em 1597,1612 e 1625, cujo tema é familiar e prático. Alguns de seus ditos tornaram-se proverbiais e os “Ensaios” tornaram-se mundialmente famosos.

No ensaio “Da junventude e da Idade”, Bacon escreveu: "Os jovens são mais aptos para inventar do que para julgar, mais aptos para a execução do que para o assessoramento, e mais aptos para novos projetos do que para atividades já estabelecidas. (...) Os jovens, na conduta e na administração dos atos, abraçam mais do que podem segurar, agitam mais do que podem acalmar; voam para o fim sem consideração para com os meios e os graus; perseguem absurdamente alguns princípios com que toparam por acaso; não se importam em inovar, o que provoca transtornos desconhecidos. (...) Os homens maduros fazem objeções demais, demoram-se demais em consultas, arriscam-se muito pouco, arrependem-se cedo demais e raramente levam o empreendimento até o fim, mas se contentam com uma mediocridade de sucesso.”

De volta ao século XXI: O Brasil é campeão no ranking dos países onde os habitantes mais abrem seus próprios negócios. Por isso, é considerado um país de empreendedores, um país cujo povo sempre enxerga uma possibilidade de negócio em todas as coisas, onde as pessoas olham longe e sabem como desenvolver oportunidades. Porém, ao mesmo tempo, o país também é campeão em um outro quesito, pois muitas empresas abrem e fecham depois de pouco tempo de atuação. Em três anos, 56 de cada 100 negócios que são abertos fecham suas portas, sendo que as empresas criadas por pessoas jovens contribuem com mais da metade desta estatística.

Reflexão: Pode-se dizer, genericamente, que empreender é uma tarefa fácil. O difícil é transformar o empreendimento em empresa. E mais difícil ainda é fazer com que ela sobreviva ao longo do tempo, enfrentando os problemas que foram vislumbrados na época do seu planejamento e, principalmente, enfrentando os problemas que não foram visualizados nesta fase. E há ainda os casos (que não são poucos) de empreendimentos que iniciaram as atividades sem sequer um mínimo de planejamento ! O que mais se exige no mundo de hoje, tanto dos jovens empreendedores quanto das pessoas mais maduras, é que eles têm que ser competentes para manter suas empresas. Normalmente, o empreendedor é movido pelo seguinte pensamento: "Gosto de uma coisa, então vou trabalhar com isso". Talvez por isto, os jovens empreendedores, por serem mais ousados e, talvez, menos responsáveis, falham tanto. Na prática, não basta o dono do novo negócio gostar da ideia, tem que saber fazer bem feito e, principalmente, os consumidores e clientes têm que gostar dos produtos e dos serviços oferecidos.

Uma boa prática talvez seja aliar o dinamismo, a ousadia e a vontade dos mais jovens com a experiência, a calma e a maturidade dos mais velhos em um mesmo negócio. Como diria ainda Sir Francis Bacon: “Não há dúvida de que é bom forçar o emprego de ambos, porque as virtudes de qualquer um deles poderão corrigir os defeitos dos dois”. Desejo a todos um 2010 melhor que 2009, com muitas realizações pessoais e profissionais. Nos vemos em Janeiro. Um abraço a todos e até lá.

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