domingo, 3 de janeiro de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano I – Número 34 – 26 de Dezembro de 2009

Os principais problemas da educação brasileira – parte II

Na semana passada, iniciamos uma análise acerca de uma pesquisa realizada em escolas de todo o país, que divulgou serem os seguintes os principais problemas que afligem os educadores brasileiros:
1) Falta de motivação dos alunos
2) Falta de estrutura da escolas
3) Falta de atenção e indisciplina por parte dos alunos
4) Falta de participação dos pais na vida escolar dos filhos

Hoje discutiremos dois graves problemas: a preocupante falta de atenção dos estudantes e a muito mais preocupante indisciplina de nossas crianças e jovens, que tem chegado a níveis impensados e absurdos. Constatamos desde simples brigas e desentendimentos entre jovens ou turmas de jovens até fatos da maior gravidade como agressões, ameaças e tentativas de seqüestro de familiares, professores, coordenadores e diretores. Algumas das conseqüências destes fatos são o assustador aumento do número de afastamentos e licenças de docentes e o ambiente de constante pressão e medo que muitas vezes ronda as escolas e as comunidades onde elas se inserem.

Uma excelente matéria sobre o assunto foi publicada pela Revista Nova Escola, da Editora Abril, em Outubro deste ano, que trata exatamente do problema da indisciplina no ambiente escolar. Na referida reportagem, o autor constata que os conflitos nunca deixarão de existir na vida em sociedade, inclusive nas escolas. Trata-se, segundo ele, de uma manifestação natural de crianças e jovens, que pode e deve ser controlada. Deixa claro também que a formação moral dos educandos deve ser realizada pela família e pela escola. Este é um outro tema bastante delicado, que será abordado em nossa próxima coluna, semana que vem.

Em um determinado ponto, a matéria cita que “as relações entre crianças e adultos devem ser baseadas na cooperação e no entendimento do que é ou não moralmente aceito e por quê”. Isto nos permite concluir ser a indisciplina muito mais um reflexo dos problemas enfrentados pelo sistema educacional. A indisciplina é sintoma, e não causa ...

Foram listadas como possíveis causas da indisciplina escolar as regras impostas (e não combinadas com os alunos); a falta de autoridade do professor (faz sentido, pois se a aula está um tédio, o aluno vai procurar algo mais interessante para fazer, o que muitas vezes é confundido como indisciplina); a incompetência (o que se espera da escola é o conhecimento. É isto que faz o aluno respeitar o ambiente à sua volta) e a didática inadequada (se o assunto não diz nada ao aluno e a estratégia de ensino é equivocada, não adianta exigir que os alunos cumpram suas tarefas e seus deveres).

Realmente podemos verificar que as estratégias usadas hoje em dia para lidar com a indisciplina têm sido absolutamente desastrosas. Se repreensão funcionasse, não seria tão difícil lidar com a indisciplina em sala de aula. Alguns problemas de comportamento podem ser um jeito de as crianças mostrarem que “uma regra é desnecessária ou que não está funcionando a contento”.

Voltando à reportagem, foram sugeridas possíveis soluções para a questão da indisciplina. Entre elas estão: distinguir as regras morais das convencionais, definí-las, discutí-las e negociá-las; equilibrar de maneira justa a reação a um problema; conquistar a autoridade com o saber e o respeito ao aluno; ter como objetivo construir um ambiente cooperativo, onde o aluno tenha voz, onde todos se respeitam e são respeitados; agir na hora certa e sempre manter a calma; ficar sempre alerta porque a indisciplina nunca acaba e ainda incentivar e respeitar a autonomia do aluno, de forma a torná-lo mais apto a tomar decisões responsáveis.

É evidente que se trata de um assunto polêmico e complexo e que não há solução mágica e fácil. Considera-se, entretanto, que é essencial trabalhar como conteúdos de ensino as questões relacionadas à moral e ao convívio social e criar um ambiente de cooperação, onde o respeito ao outro, seja ele um colega de sala, um funcionário, professor ou gestor da escola esteja constantemente presente.

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