sábado, 8 de janeiro de 2011

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 77 – 25 de Dezembro de 2010

O drama do analfabetismo no Brasil – Parte II

Semana passada apresentamos aqui na nossa coluna alguns números da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e divulgada no início do mês de Dezembro, quando foram entrevistadas 153.837 pessoas em todo o país até setembro de 2009. Na coluna de hoje, analisamos os dados e chegamos a algumas conclusões importantes acerca da educação em nosso país.

A primeira delas é que a universalização do ensino fundamental deve estar direcionada para a conclusão dos anos escolares e não apenas para o acesso à educação, sendo a defasagem de ensino um dos problemas mais sérios da formação escolar. Isto porque em todo o país, 87,6% dos alunos concluem a quarta série do ensino fundamental, mas a taxa cai para 53,8% na conclusão da oitava série. Nestes casos, ou o estudante foi reprovado e ficou para trás ou evadiu e não volta mais para a escola. Além de ainda haver uma porcentagem residual de crianças e jovens fora da escola, entre os matriculados há os que não aprendem ou progridem lentamente, repetem o ano e acabam abandonando os estudos. Os fatores que contribuem para a dificuldade de permanência do estudante na escola estão relacionados, segundo o IPEA, à qualidade do ensino, à gestão das escolas e às desigualdades sociais dos próprios alunos e de suas famílias.

Outra conclusão importante é que o tempo médio de estudo do brasileiro cresceu 2,3 anos, alcançando 7,5 anos. Se for mantida essa média, o mínimo previsto pela Constituição (8 anos) será alcançado em cinco anos. Se compararmos por região, a situação fica mais complicada, com a região Sudeste se destacando e o Nordeste amargando o fim da lista. O hiato educacional, que é a quantidade de anos de estudo que, em média, faltam aos brasileiros que ainda não completaram o mínimo previsto na Constituição, revela que a pior faixa etária nos dados é a da população com mais de 30 anos. É verdade que houve queda no hiato em todas as faixas etárias, mas o instituto recomenda a ampliação do acesso da população de maior idade a cursos para educação de jovens e adultos.

Também ficou evidente que a renda continua sendo um diferencial na educação brasileira. Segundo o Ipea, se dividirmos a população com 15 anos ou mais por renda em cinco partes, os mais ricos estudam, em média, 10,7 anos, contra 5,5 anos da quinta parte mais pobre da população - praticamente o dobro. Segundo o insituto, há grande diferença também entre os mais ricos que vivem em área urbana e os que vivem na zona rural - os primeiros estudam, em média, 3,5 anos a mais. A diferença entre os mais pobres na cidade e no campo é menor - de 1,8 ano de estudo. É importante o crescimento econômico que permite às famílias, com o aumento da renda, manter seus filhos na escola.

Finalmente, o analfabetismo é o maior problema a ser enfrentado. Apesar da redução verificada desde o começo da década de 90, o número de analfabetos ainda gira em torno de 14 milhões de brasileiros. A educação brasileira vem avançando nos últimos 20 anos, mas anda existem muitos problemas, como o analfabetismo que ainda é muito alto no país, atingindo 9,7% da população de 15 anos ou mais, sendo que o índice está caindo muito devagar.

O ano de 2011 começa com um(a) novo(a) presidente da república e nós, educadores, renovamos nossa esperança de um ano proveitoso para a educação de nosso país, com a melhoria dos índices apresentados, que, infelizmente, colocam o Brasil bem no final da fila quando o assunto é educação em nível mundial. A vocês, leitores, desejo um ótimo Natal, com muita paz e alegria junto a seus familiares e às pessoas amadas !

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