sábado, 8 de janeiro de 2011

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 72 – 13 de Novembro de 2010

Universidades esperam o ENEM para definição sobre seus vestibulares

Me lembro que, no ano passado, nesta mesma época, aqui em nossa coluna, discutíamos sobre o adiamento das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) por motivo de vazamento de informações e quebra de sigilo. O ambiente era de ansiedade e preocupação por parte dos estudantes, que não sabiam se o exame seria utilizado pelas principais universidades federais do país que já haviam feito a opção por usar, de diferentes formas, as notas do maior exame de avaliação do ensino médio do país como parte do processo de seleção de seus alunos. No final das contas, muitos alunos saíram prejudicados pois várias faculdades e universidades desistiram de usar as notas do ENEM, pois não haveria tempo hábil devido ao apertado cronograma das instituições.

Pois bem, aconteceu de novo ! Estamos nós aqui, um ano depois, descrevendo uma situação semelhante de preocupação, ansiedade e indignação dos estudantes diante de mais problemas envolvendo o ENEM ! Desta vez, há alguns boatos sobre vazamento de informações, principalmente em relação ao tema da redação, mas eles ainda não foram confirmados. O problema mais grave detectado foi com relação aos candidatos que fizeram a prova amarela no primeiro dia, que tiveram o caderno de questões com defeito, faltando algumas questões e repetindo algumas outras. Problemas com o cabeçalho do caderno de resposta também aconteceram, mas o MEC minimizou o problema afirmando que os todos os fiscais estavam cientes do erro e alertaram os candidatos a tempo de evitar a marcação errada do gabarito. O fato é que na última segunda-feira, a Justiça Federal, a pedido do Ministério Público Federal no Ceará, determinou, em caráter liminar, a suspensão do ENEM em todo o País.

O que se depreende de mais esta confusão é que o ENEM tem tudo para ser um instrumento importante de avaliação e para ser a porta de entrada do ensino superior do país, mas vem perdendo credibilidade a cada ano devido a problemas operacionais e de logística. E a pergunta que fica é: quando o MEC vai conseguir realizar um concurso de grandes proporções com segurança, eficácia e confidencialidade ?

O que assistimos agora é uma queda de braço entre a Justiça e o MEC. A primeira quer a anulação de todo o processo, com novas provas para todos os candidatos. O segundo defende a ideia de que foram poucos os prejudicados e não há motivos para anulação e realização de um novo exame. Segundo o Ministério da Educação, apenas os cerca de 1% de candidatos prejudicados deveriam fazer novo exame. A Justiça discorda deste ponto de vista, assim como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que já se manifestou alegando que novas provas apenas para um grupo de alunos fere o princípio da isonomia que deve prevalecer em concursos com este âmbito, ou seja, desta forma não estarão sendo dadas as mesmas condições a todos aqueles que disputam as vagas para as universidades.

Seis importantes universidades, que utilizam a nota obtida pelo candidato no Exame Nacional do Ensino Médio 2010 para substituir a primeira fase dos vestibulares, aguardam uma posição definitiva do Ministério da Educação e da Justiça para decidirem se o desempenho no Enem será usado no processo de seleção. Por enquanto, afirmam que não há alteração nos critérios anteriormente estabelecidos. São elas: a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Trazendo o problema para mais perto de nós, A Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), que utiliza o ENEM como opção para o candidato substituir a nota de conhecimentos gerais, afirma que, até o momento, não mudará nada e irá utilizar o ENEM como programado. "Caso o MEC aplique uma nova prova, é possível que haja um atraso na divulgação dos resultados do vestibular", disse o presidente da Comissão de Vestibular da UFSJ, Hewerson Zansávio Teixeira.

Por sua vez, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também manterá adesão do ENEM ao vestibular, pois acredita que tudo será resolvido e não haverá nenhum problema. De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, o MEC deve pedir a cassação da liminar de suspensão e, provavelmente, uma parte dos alunos irá refazer a prova. Vamos esperar os próximos capítulos de mais uma novela envolvendo a educação de nosso país !

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