A carga excessiva de conhecimentos do Ensino Médio no Brasil
Semana passada discutimos aqui em nossa coluna sobre a distância existente entre a Educação Básica e a Universidade, destacando alguns posicionamentos do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Carlos Alberto Aragão, que afirmou que as instituições de ensino superior do país precisam começar a lidar mais com o que ele chamou de "pré-universidade". Segundo ele, os problemas da universidade começam no ensino fundamental, que não consegue ensinar bem às crianças as duas linguagens mais importantes para o desenvolvimento científico do país: matemática e português.
Na ocasião, Aragão também criticou o fato de o estudante precisar escolher precocemente, ao final do ensino médio, a carreira que pretende seguir. Ele propôs que os cursos de graduação ofereçam, nos dois primeiros anos, uma formação mais básica para que após esse período o estudante possa escolher que área pretende seguir, pois, desta forma, ele fará uma escolha madura que terá depois de dois anos na universidade. Destacamos, na coluna, que o grande desafio seria a organização de cursos superiores de graduação que possam promover esta formação um tanto quanto genérica, para só depois entrar na parte específica de cada curso, de acordo com a escolha do estudante.
Esta semana, toco em outro grande problema que aflige o ensino do brasileiro, que é a carga excessiva de conteúdo do ensino médio. Li uma vez que o Brasil se destaca como o país que mais exige de seu jovem durante o ensino médio conhecimentos que, na grande parte das vezes, não serão “úteis” no futuro, na profissão que escolher. Falando de outra forma: o ensino médio brasileiro, de modo geral, exige do estudante uma carga de conhecimentos imensa de Física, Química e Biologia, seja qual for a profissão a ser escolhida por ele. Desta forma, um aluno que vai prestar vestibular para Direito, por exemplo, terá que estudar todo o conteúdo destas disciplinas, da mesma forma que um aluno disposto a fazer vestibular para Engenharia ou Medicina. Até nos países mais desenvolvidos, como nos EUA e na Europa, os alunos do ensino médio não são bombardeados com tamanha carga de estudos.
Uma possível saída para o problema seria fazer com que, durante os dois primeiros anos do ensino médio, os alunos estudassem apenas o básico de cada uma destas disciplinas, ou seja, aquilo que necessitam saber, independente da carreira ou profissão a ser escolhida. Após este perídio, um tanto mais maduros, de acordo com suas escolhas, estudariam a “parte mais profunda e específica”, por assim dizer, das disciplinas que são mais importantes para sua futura profissão.
Me lembro muito bem das aulas de Física que assistia quando fazia o ensino médio. Gostava da parte de ótica, quando aprendi coisas importantes sobre reflexão, refração, espelhos côncavos e convexos. Foram lições que guardei para a vida toda, muito úteis quando olho no espelhos retrovisores de meu carro. Entretanto, nunca precisei calcular a distância focal do espelho a partir do foco e do vértice, por exemplo.
Devo ser capaz de, até hoje, tanto tempo depois, desenhar uma tabela periódica dos elementos químicos, com um percentual de erro que não chega a 10%. Isto porque fui obrigado a decorar elemento por elemento, toda a tabela criada pelo russo Dmitri Ivanovich Mendeleev (nunca esqueci o nome deste cara, mas nunca foi necessário usar este conhecimento até o dia de hoje !). Na época, não era fornecida a tabela periódica no final da prova do vestibular e o jeito era decorar tudo mesmo. Minha estratégia era fazer frases com os elementos de cada coluna, de forma a ficar mais fácil a memorização. A primeira coluna, por exemplo, tinha a seguinte frase: “Hoje Lili só pode roubar cenouras frescas”. Isto correspondia aos elementos Hidrogênio = hoje / Lítio = Lili / Sódio = só / Potássio = pode / Rubídio = roubar / Césio = Cenouras / Frâncio = Frescas. Tem base isto ?
Este Blog foi concebido para que sejam publicadas as colunas mensais de nome "Filosofia & Cia", escritas para o Jornal Cultural "Conhece-te a ti mesmo", as colunas mensais "Gestão e Liderança" escritas para a Revista Ideia e a coluna semanal "Falando de Educação", do Jornal Expressão Regional, todas publicações veiculadas na cidade de Conselheiro Lafaiete - MG.
sábado, 31 de julho de 2010
Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 60 – 24 de Julho de 2010
A distância existente entre a Educação Básica e a Universidade
Há muito se discute que as faculdades e universidades brasileiras vêm perdendo qualidade ao longo do tempo e os jovens formados por estas instituições não atendem às expectativas do mercado e estão longe do mínimo necessário ao exercício das diversas profissões por eles escolhidas. É sabido também que uma das explicações clássicas para o problema, segundo o ponto de vista de quem trabalha no ensino superior, é a fraca educação básica que é oferecida às nossas crianças e adolescentes, que faz com que o jovem esteja bastante despreparado e sem conhecimento ao terminar o nível médio. Na minha opinião, este argumento traz o problema de volta ao ensino superior, que não têm formado de maneira adequada os diversos profissionais, principalmente os da educação, muitos deles, justamente, professores da educação básica de nosso país.
Neste mês de julho, o futuro das universidades e da pós-graduação brasileiras foi debatido durante a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em São Paulo. Com relação ao assunto exposto acima, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Carlos Alberto Aragão afirmou que as instituições de ensino superior do país precisam começar a lidar mais com o que ele chamou de "pré-universidade".
Na avaliação de Aragão, "os problemas da universidade começam no ensino fundamental", que não consegue ensinar bem às crianças as duas linguagens mais importantes para o desenvolvimento científico: matemática e português. "Nós precisamos de professores bem formados, qualificados e cujos salários sejam dignos. A universidade tem o papel de contribuir para formar bons professores", defendeu.
Aragão também criticou o fato de o estudante precisar escolher precocemente, ao final do ensino médio, a carreira que pretende seguir. Ele propôs que os cursos de graduação ofereçam, nos dois primeiros anos, uma formação mais básica para que após esse período o estudante possa escolher que área pretende seguir. "Assim ele fará uma escolha madura que terá depois de dois anos na universidade", disse.
Nesta questão, acredito que ele tenha razão. O desafio é a organização de cursos superiores de graduação que possam promover esta formação um tanto quanto genérica, para só depois entrar na parte específica de cada curso, de acordo com a escolha do estudante. Como ficaria a questão do curso a ser escolhido? O aluno optaria por áreas do conhecimento, como saúde, humanidades, letras ou ciências exatas, para depois optar por um curso em especial? Como seria a seleção destes estudantes? São questões importantes a serem debatidas, sabendo-se de antemão que, qualquer que seja a solução a ser adotada, irá modificar radicalmente toda a sistemática de acesso ao ensino superior existente hoje em dia. Mas, com toda certeza, estas modificações seriam para melhor.
Os participantes do debate criticaram também a "compartimentalização" das instituições de ensino superior em departamentos fechados que não interagem na produção de conhecimento. "É uma coisa altamente prejudicial, que vai na contramão da história. A tendência moderna é a multidisciplinaridade e a organização em torno de temas. É pensar muito mais o problema em vez do rótulo", afirmou Aragão.
Já o professor Luiz Bevilacqua, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defendeu que a universidade precisa de mais "coragem, criatividade e ousadia" para romper com os modelos antigos, sem necessidade de copiar "o resto do mundo". Talvez seja exatamente através de coragem, criatividade e ousadia que se descortine o caminho a ser seguido para revolucionar a educação do Brasil.
Há muito se discute que as faculdades e universidades brasileiras vêm perdendo qualidade ao longo do tempo e os jovens formados por estas instituições não atendem às expectativas do mercado e estão longe do mínimo necessário ao exercício das diversas profissões por eles escolhidas. É sabido também que uma das explicações clássicas para o problema, segundo o ponto de vista de quem trabalha no ensino superior, é a fraca educação básica que é oferecida às nossas crianças e adolescentes, que faz com que o jovem esteja bastante despreparado e sem conhecimento ao terminar o nível médio. Na minha opinião, este argumento traz o problema de volta ao ensino superior, que não têm formado de maneira adequada os diversos profissionais, principalmente os da educação, muitos deles, justamente, professores da educação básica de nosso país.
Neste mês de julho, o futuro das universidades e da pós-graduação brasileiras foi debatido durante a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em São Paulo. Com relação ao assunto exposto acima, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Carlos Alberto Aragão afirmou que as instituições de ensino superior do país precisam começar a lidar mais com o que ele chamou de "pré-universidade".
Na avaliação de Aragão, "os problemas da universidade começam no ensino fundamental", que não consegue ensinar bem às crianças as duas linguagens mais importantes para o desenvolvimento científico: matemática e português. "Nós precisamos de professores bem formados, qualificados e cujos salários sejam dignos. A universidade tem o papel de contribuir para formar bons professores", defendeu.
Aragão também criticou o fato de o estudante precisar escolher precocemente, ao final do ensino médio, a carreira que pretende seguir. Ele propôs que os cursos de graduação ofereçam, nos dois primeiros anos, uma formação mais básica para que após esse período o estudante possa escolher que área pretende seguir. "Assim ele fará uma escolha madura que terá depois de dois anos na universidade", disse.
Nesta questão, acredito que ele tenha razão. O desafio é a organização de cursos superiores de graduação que possam promover esta formação um tanto quanto genérica, para só depois entrar na parte específica de cada curso, de acordo com a escolha do estudante. Como ficaria a questão do curso a ser escolhido? O aluno optaria por áreas do conhecimento, como saúde, humanidades, letras ou ciências exatas, para depois optar por um curso em especial? Como seria a seleção destes estudantes? São questões importantes a serem debatidas, sabendo-se de antemão que, qualquer que seja a solução a ser adotada, irá modificar radicalmente toda a sistemática de acesso ao ensino superior existente hoje em dia. Mas, com toda certeza, estas modificações seriam para melhor.
Os participantes do debate criticaram também a "compartimentalização" das instituições de ensino superior em departamentos fechados que não interagem na produção de conhecimento. "É uma coisa altamente prejudicial, que vai na contramão da história. A tendência moderna é a multidisciplinaridade e a organização em torno de temas. É pensar muito mais o problema em vez do rótulo", afirmou Aragão.
Já o professor Luiz Bevilacqua, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defendeu que a universidade precisa de mais "coragem, criatividade e ousadia" para romper com os modelos antigos, sem necessidade de copiar "o resto do mundo". Talvez seja exatamente através de coragem, criatividade e ousadia que se descortine o caminho a ser seguido para revolucionar a educação do Brasil.
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segunda-feira, 19 de julho de 2010
Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 59 – 17 de Julho de 2010
Globalização: estamos mais próximos ou ainda mais distantes ?
No mês passado, o Brasil sediou o III Fórum da Aliança das Civilizações, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro e teve as presenças ilustres do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, além de outros líderes mundiais.
Na véspera do início do fórum, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) divulgou um relatório de divulgação mundial denominado "Investir na diversidade cultural e no diálogo intercultural", apresentado pela diretora geral da entidade, Irina Bokova. No evento de apresentação, o órgão alertou para a extensão de uma nova forma de "analfabetismo" entre as diferentes culturas do mundo, que impede o diálogo e o entendimento, causando conflitos. "Entender outras culturas é crucial para o sucesso das relações internacionais e muito importante para um futuro pacífico", afirmou Bokova.
A diretora do organismo cultural das Nações Unidas assinalou que embora os povos diferentes estejam "mais próximos do que nunca" devido ao amplo processo de globalização, pela mobilidade geográfica e pela internet, ainda é preciso ter "flexibilidade, abertura e humildade" para tratar com os indivíduos de outras culturas. O documento também diz que embora o processo de globalização seja visto frequentemente como algo negativo, também pode contribuir para "reconfigurar" algumas formas de diversidade cultural graças a ferramentas como a internet.
Por outro lado, o relatório alertou que nem todas as culturas respondem da mesma maneira perante estes processos, por isso é preciso fazer esforços para salvaguardar as expressões culturais ameaçadas. A internet contribuiu para aprofundar a preponderância de poucas línguas, ao mesmo tempo em que ajuda a reviver línguas agonizantes ou mortas.
O relatório considera que isto é uma evidência de que a decadência de uma língua é consequência de sua categoria política, social, cultural e administrativa. Ele traz como exemplo o islandês que, embora seja falado apenas por 350 mil pessoas, não está ameaçado, enquanto línguas africanas como o pulaar e o fulfulde, com quatro vezes mais falantes na África, está em perigo devido ao avanço do inglês e a falta de transmissão entre gerações.
A Unesco também reiterou a necessidade de incorporar novos interlocutores, especialmente mulheres e jovens, no diálogo entre as diferentes culturas, além da possibilidade de criação de um observatório mundial das repercussões da globalização sobre a diversidade cultural, que deveria ser estudada, como propõe o texto em suas conclusões.
No mês passado, o Brasil sediou o III Fórum da Aliança das Civilizações, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro e teve as presenças ilustres do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, além de outros líderes mundiais.
Na véspera do início do fórum, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) divulgou um relatório de divulgação mundial denominado "Investir na diversidade cultural e no diálogo intercultural", apresentado pela diretora geral da entidade, Irina Bokova. No evento de apresentação, o órgão alertou para a extensão de uma nova forma de "analfabetismo" entre as diferentes culturas do mundo, que impede o diálogo e o entendimento, causando conflitos. "Entender outras culturas é crucial para o sucesso das relações internacionais e muito importante para um futuro pacífico", afirmou Bokova.
A diretora do organismo cultural das Nações Unidas assinalou que embora os povos diferentes estejam "mais próximos do que nunca" devido ao amplo processo de globalização, pela mobilidade geográfica e pela internet, ainda é preciso ter "flexibilidade, abertura e humildade" para tratar com os indivíduos de outras culturas. O documento também diz que embora o processo de globalização seja visto frequentemente como algo negativo, também pode contribuir para "reconfigurar" algumas formas de diversidade cultural graças a ferramentas como a internet.
Por outro lado, o relatório alertou que nem todas as culturas respondem da mesma maneira perante estes processos, por isso é preciso fazer esforços para salvaguardar as expressões culturais ameaçadas. A internet contribuiu para aprofundar a preponderância de poucas línguas, ao mesmo tempo em que ajuda a reviver línguas agonizantes ou mortas.
O relatório considera que isto é uma evidência de que a decadência de uma língua é consequência de sua categoria política, social, cultural e administrativa. Ele traz como exemplo o islandês que, embora seja falado apenas por 350 mil pessoas, não está ameaçado, enquanto línguas africanas como o pulaar e o fulfulde, com quatro vezes mais falantes na África, está em perigo devido ao avanço do inglês e a falta de transmissão entre gerações.
A Unesco também reiterou a necessidade de incorporar novos interlocutores, especialmente mulheres e jovens, no diálogo entre as diferentes culturas, além da possibilidade de criação de um observatório mundial das repercussões da globalização sobre a diversidade cultural, que deveria ser estudada, como propõe o texto em suas conclusões.
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segunda-feira, 12 de julho de 2010
Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 58 – 10 de Julho de 2010
Como funciona a Educação à Distância
Há algumas semanas estamos falando aqui em nossa coluna sobre Educação à Distância. Primeiro, mostrando ser a EAD uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até escolas, faculdades e universidades e que também possibilita a aprendizagem de um número maior de pessoas. Depois, destacamos mitos e verdades que envolvem o assunto e discutimos de forma mais conceitual sobre esta modalidade de ensino que permite que o aprendiz não esteja fisicamente presente em um ambiente formal de ensino-aprendizagem, assim como, permite também que faça seu auto-estudo em tempo distinto.
Para finalizar o tema, hoje destacamos a sistemática da EAD e as várias metodologias existentes de Educação à Distância. Por mais avançada que esteja a tecnologia e por mais virtualizada que esteja nossa sociedade, o ensino à distância por correspondência ainda sobrevive e forma milhares de alunos todos os anos. Fruto da primeira geração, o Instituto Universal Brasileiro, por exemplo, ainda existe até hoje e envia seu material de estudo pelo correio para seus alunos. Acompanhando a tendência tecnológica, possui um site na Internet onde o interessado pode verificar o conteúdo dos vários cursos oferecidos e fazer sua opção. Mas o curso propriamente dito é basicamente por correspondência, através de material impresso.
Outra modalidade existente oferece aos alunos o material de estudo em mídias de armazenamento de dados mais modernas como CD e DVD e propicia a eles a entrega de trabalho e provas através da Internet ou através de encontros presenciais. Uma outra modalidade, representada pelos Telecursos usa como recurso os programas radiofônicos e televisivos, vídeos e também material impresso.
Mais modernos são os ambientes interativos e as aulas transmitidas ao vivo por satélite. Nos cursos de pós-graduação oferecidos pela SIGMA Cursos & Concursos através do Sistema EADCON de ensino, por exemplo, há um misto destas tecnologias. O aluno que se matricula em um dos cursos oferecidos nas áreas de Educação e Administração faz um primeiro módulo de cinco disciplinas básicas na SIGMA, que duram aproximadamente cinco meses, assistindo a aulas que são transmitidas ao vivo dos estúdios da Faculdade Educacional da Lapa (FAEL), entidade que certifica todos os cursos, diretamente do Paraná. Após cada aula o aluno acessa o site com seu usuário e senha para pegar o conteúdo das aulas e verificar quais trabalhos estão sendo propostos. O aluno faz os trabalhos, discute com o tutor e os envia pela Internet para correção e nota.
Nos próximos sete meses de curso, o aluno tem mais flexibilidade para estudar o conteúdo específico, de acordo com o curso de pós-graduação escolhido, pois não precisa mais frequentar a escola para assistir a aulas ao vivo. Os materiais são todos disponibilizados na Internet e, neste ambiente, o aluno interage com o tutor da disciplina e com os demais alunos de curso, participando de chats e fóruns de discussão. Da mesma forma que a fase anterior, o aluno deve fazer os trabalhos nos prazos determinados e postá-los no site, de forma a ser realizado o processo de avaliação. Após estes doze meses de estudo, o aluno tem seis meses, no máximo, para entregar seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), de forma a obter sua aprovação e o seu diploma.
Há algumas semanas estamos falando aqui em nossa coluna sobre Educação à Distância. Primeiro, mostrando ser a EAD uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até escolas, faculdades e universidades e que também possibilita a aprendizagem de um número maior de pessoas. Depois, destacamos mitos e verdades que envolvem o assunto e discutimos de forma mais conceitual sobre esta modalidade de ensino que permite que o aprendiz não esteja fisicamente presente em um ambiente formal de ensino-aprendizagem, assim como, permite também que faça seu auto-estudo em tempo distinto.
Para finalizar o tema, hoje destacamos a sistemática da EAD e as várias metodologias existentes de Educação à Distância. Por mais avançada que esteja a tecnologia e por mais virtualizada que esteja nossa sociedade, o ensino à distância por correspondência ainda sobrevive e forma milhares de alunos todos os anos. Fruto da primeira geração, o Instituto Universal Brasileiro, por exemplo, ainda existe até hoje e envia seu material de estudo pelo correio para seus alunos. Acompanhando a tendência tecnológica, possui um site na Internet onde o interessado pode verificar o conteúdo dos vários cursos oferecidos e fazer sua opção. Mas o curso propriamente dito é basicamente por correspondência, através de material impresso.
Outra modalidade existente oferece aos alunos o material de estudo em mídias de armazenamento de dados mais modernas como CD e DVD e propicia a eles a entrega de trabalho e provas através da Internet ou através de encontros presenciais. Uma outra modalidade, representada pelos Telecursos usa como recurso os programas radiofônicos e televisivos, vídeos e também material impresso.
Mais modernos são os ambientes interativos e as aulas transmitidas ao vivo por satélite. Nos cursos de pós-graduação oferecidos pela SIGMA Cursos & Concursos através do Sistema EADCON de ensino, por exemplo, há um misto destas tecnologias. O aluno que se matricula em um dos cursos oferecidos nas áreas de Educação e Administração faz um primeiro módulo de cinco disciplinas básicas na SIGMA, que duram aproximadamente cinco meses, assistindo a aulas que são transmitidas ao vivo dos estúdios da Faculdade Educacional da Lapa (FAEL), entidade que certifica todos os cursos, diretamente do Paraná. Após cada aula o aluno acessa o site com seu usuário e senha para pegar o conteúdo das aulas e verificar quais trabalhos estão sendo propostos. O aluno faz os trabalhos, discute com o tutor e os envia pela Internet para correção e nota.
Nos próximos sete meses de curso, o aluno tem mais flexibilidade para estudar o conteúdo específico, de acordo com o curso de pós-graduação escolhido, pois não precisa mais frequentar a escola para assistir a aulas ao vivo. Os materiais são todos disponibilizados na Internet e, neste ambiente, o aluno interage com o tutor da disciplina e com os demais alunos de curso, participando de chats e fóruns de discussão. Da mesma forma que a fase anterior, o aluno deve fazer os trabalhos nos prazos determinados e postá-los no site, de forma a ser realizado o processo de avaliação. Após estes doze meses de estudo, o aluno tem seis meses, no máximo, para entregar seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), de forma a obter sua aprovação e o seu diploma.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 57 – 03 de Julho de 2010
Ensino à Distância ou Educação à Distância ?
Há duas semanas estamos falando aqui em nossa coluna sobre Educação à Distância. Primeiro, mostrando ser a EAD uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até escolas, faculdades e universidades e que também possibilita a aprendizagem de um número maior de pessoas. Depois, destacamos mitos e verdades que envolvem o assunto. Esta semana, discutiremos, de forma um pouco mais conceitual a respeito desta modalidade de ensino, por vezes designada erradamente de ensino à distância, que permite que o aprendiz não esteja fisicamente presente em um ambiente formal de ensino-aprendizagem, assim como, permite também que faça seu auto-estudo em tempo distinto.
A interligação (conexão) entre professor e aluno se dá por meio de tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet, em especial as hipermídias, mas também podem ser utilizados os Correios, o rádio e a TV, entre tantas outras tecnologias existentes. Na expressão ensino a distância a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). O termo educação é preferido por ser mais abrangente, embora nenhuma das expressões, segundo alguns especialistas, seja plenamente completa.
O desenvolvimento da EaD pode ser descrito basicamente em três gerações, conforme os avanços e recursos tecnológicos e de comunicação de cada época. Na primeira geração, o ensino por correspondência, caracterizada pelo material impresso iniciado no século XIX. Nesta modalidade, por exemplo, o pioneiro no Brasil é o Instituto Monitor, que, em 1939, ofereceu o primeiro curso por correspondência, de Radiotécnico. Em seguida, temos o Instituto Universal Brasileiro, atuando há mais de dezenas de anos nesta modalidade educativa no país.
A segunda geração veio com a Teleducação e os Telecursos, com o recurso dos programas radiofônicos e televisivos, aulas expositivas, fitas de vídeo e material impresso. A comunicação síncrona predominou neste período. Nesta fase, por exemplo, destacaram-se a Telescola (Portugal) e o Projeto Minerva, no Brasil. A terceira geração nos apresentou os ambientes interativos, com a eliminação do tempo fixo para o acesso à educação, a comunicação é assíncrona em tempos diferentes e as informações são armazernadas e acessadas em tempos diferentes sem perder a interatividade. As inovações da World Wide Web possibilitaram avanços na educação a distância nesta geração do século XXI. Hoje, os meios disponíveis são: teleconferência, chat, fóruns de discussão, correio eletrônico, blogues, espaços wiki, plataformas de ambientes virtuais que possibilitam interação multidirecional entre alunos e tutores.
Na educação à distância, mudam completamente os papéis do aluno e do professor, conforme acontece há muitos anos dentro das salas de aula e com os quais estamos muito acostumados. Nesse processo de aprendizagem, o orientador, ou tutor, atua como "mediador", isto é, aquele que estabelece uma rede de comunicação e aprendizagem multidirecional, através de diferentes meios e recursos da tecnologia da comunicação, não podendo assim, se desvincular do sistema educacional e deixar de cumprir funções pedagógicas no que se refere à construção da ambiência de aprendizagem. Esta mediação tem a tarefa adicional de vencer a distância física entre educador e o educando.
Já o aluno, deverá ser auto-disciplinado e auto-motivado, para que possa superar os desafios e as dificuldades que surgirem durante o processo de ensino-aprendizagem. Atualmente, a educação a distância possibilita a inserção do aluno como sujeito de seu processo de aprendizagem, com a vantagem de que ele também descobre formas de tornar-se sujeito ativo da pesquisa e do compartilhar de conteúdos.
Há duas semanas estamos falando aqui em nossa coluna sobre Educação à Distância. Primeiro, mostrando ser a EAD uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até escolas, faculdades e universidades e que também possibilita a aprendizagem de um número maior de pessoas. Depois, destacamos mitos e verdades que envolvem o assunto. Esta semana, discutiremos, de forma um pouco mais conceitual a respeito desta modalidade de ensino, por vezes designada erradamente de ensino à distância, que permite que o aprendiz não esteja fisicamente presente em um ambiente formal de ensino-aprendizagem, assim como, permite também que faça seu auto-estudo em tempo distinto.
A interligação (conexão) entre professor e aluno se dá por meio de tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet, em especial as hipermídias, mas também podem ser utilizados os Correios, o rádio e a TV, entre tantas outras tecnologias existentes. Na expressão ensino a distância a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). O termo educação é preferido por ser mais abrangente, embora nenhuma das expressões, segundo alguns especialistas, seja plenamente completa.
O desenvolvimento da EaD pode ser descrito basicamente em três gerações, conforme os avanços e recursos tecnológicos e de comunicação de cada época. Na primeira geração, o ensino por correspondência, caracterizada pelo material impresso iniciado no século XIX. Nesta modalidade, por exemplo, o pioneiro no Brasil é o Instituto Monitor, que, em 1939, ofereceu o primeiro curso por correspondência, de Radiotécnico. Em seguida, temos o Instituto Universal Brasileiro, atuando há mais de dezenas de anos nesta modalidade educativa no país.
A segunda geração veio com a Teleducação e os Telecursos, com o recurso dos programas radiofônicos e televisivos, aulas expositivas, fitas de vídeo e material impresso. A comunicação síncrona predominou neste período. Nesta fase, por exemplo, destacaram-se a Telescola (Portugal) e o Projeto Minerva, no Brasil. A terceira geração nos apresentou os ambientes interativos, com a eliminação do tempo fixo para o acesso à educação, a comunicação é assíncrona em tempos diferentes e as informações são armazernadas e acessadas em tempos diferentes sem perder a interatividade. As inovações da World Wide Web possibilitaram avanços na educação a distância nesta geração do século XXI. Hoje, os meios disponíveis são: teleconferência, chat, fóruns de discussão, correio eletrônico, blogues, espaços wiki, plataformas de ambientes virtuais que possibilitam interação multidirecional entre alunos e tutores.
Na educação à distância, mudam completamente os papéis do aluno e do professor, conforme acontece há muitos anos dentro das salas de aula e com os quais estamos muito acostumados. Nesse processo de aprendizagem, o orientador, ou tutor, atua como "mediador", isto é, aquele que estabelece uma rede de comunicação e aprendizagem multidirecional, através de diferentes meios e recursos da tecnologia da comunicação, não podendo assim, se desvincular do sistema educacional e deixar de cumprir funções pedagógicas no que se refere à construção da ambiência de aprendizagem. Esta mediação tem a tarefa adicional de vencer a distância física entre educador e o educando.
Já o aluno, deverá ser auto-disciplinado e auto-motivado, para que possa superar os desafios e as dificuldades que surgirem durante o processo de ensino-aprendizagem. Atualmente, a educação a distância possibilita a inserção do aluno como sujeito de seu processo de aprendizagem, com a vantagem de que ele também descobre formas de tornar-se sujeito ativo da pesquisa e do compartilhar de conteúdos.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 56 – 26 de Junho de 2010
Mitos e Verdades em relação à Educação à Distância
Semana passada começamos a falar sobre Educação à Distância (EAD), mostrando ser esta modalidade de ensino uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até escolas, faculdades e universidades. Também destacamos que a EAD já se tornou uma formidável ferramenta que as corporações estão utilizando para a capacitação de seus colaboradores, com economia de tempo, esforço e dinheiro.
Na coluna anterior, destacamos também que a Justiça determinou que a Prefeitura de São Paulo não pode mais recusar ou negar validade a diplomas e certificados de cursos e programas a distância nos concursos públicos para preenchimento de cargos de magistério, nos processos de atribuição de turnos e de classes e aulas docentes. Esta semana vamos colocar algumas questões à respeito da EAD e esclarecer mitos e verdades sobre o assunto.
o Na modalidade EAD, a dedicação exigida nos estudos é menor ? Este é um dos grandes mitos que deve ser combatido. No caso dos cursos de pós-graduação nas áreas da Educação e Administração que oferecemos na SIGMA, por exemplo, que são muito bem planejados e ricos em material didático e em atividades, é exigida do aluno dedicação ao estudo e à pesquisa. Não é verdade que em um curso à distância os alunos aprendem menos do que em um curso presencial.
o Quem é muito disperso, pode ter mais dificuldade nos estudos ? É verdade. A EAD não é feita para quem é pouco comprometido ou necessita de alguém cobrando seus estudos o tempo todo. É necessário um compromisso pessoal com a própria aprendizagem. Controlar o seu próprio tempo e dedicar-se com afinco aos estudos é pré-requisito para fazer um bom curso à distância.
o Dizem que para fazer um curso à distância, não é preciso sair de casa. É mito. Tomando novamente como base os cursos de pós-graduação nas áreas da Educação e Administração oferecidos pela SIGMA, durante a primeira fase dos cursos, que dura aproximadamente 5 meses, os alunos devem comparecer à escola semanalmente ou quinzenalmente, dependendo do curso, em datas previamente marcadas, para assistir às aulas. Em uma segunda fase, que dura cerca de 7 meses, ele terá mais flexibilidade de horário, podendo estudar até em casa, se quiser. Durante a terceira fase, que pode ser feita em até seis meses, ele elabora o seu Trabalho de Conclusão de Curso.
o No Ensino à Distância, é possível estudar quando quiser ou tiver vontade ? Depende. Existe uma boa margem para que o aluno monte seu próprio horário, mas também é necessário participar de discussões on-line com professores e colegas, em horários previamente marcados. É preciso ter muito cuidado com esta questão, pois deve-se ter disciplina para manter um bom ritmo de estudos, traçar uma rotina que inclua pesquisas, leituras obrigatórias e algumas complementares. Quem acha que pode estudar quando quiser, muitas vezes não encontra horário para estudar nunca. É importante ficar atento a isto !
Semana passada começamos a falar sobre Educação à Distância (EAD), mostrando ser esta modalidade de ensino uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até escolas, faculdades e universidades. Também destacamos que a EAD já se tornou uma formidável ferramenta que as corporações estão utilizando para a capacitação de seus colaboradores, com economia de tempo, esforço e dinheiro.
Na coluna anterior, destacamos também que a Justiça determinou que a Prefeitura de São Paulo não pode mais recusar ou negar validade a diplomas e certificados de cursos e programas a distância nos concursos públicos para preenchimento de cargos de magistério, nos processos de atribuição de turnos e de classes e aulas docentes. Esta semana vamos colocar algumas questões à respeito da EAD e esclarecer mitos e verdades sobre o assunto.
o Na modalidade EAD, a dedicação exigida nos estudos é menor ? Este é um dos grandes mitos que deve ser combatido. No caso dos cursos de pós-graduação nas áreas da Educação e Administração que oferecemos na SIGMA, por exemplo, que são muito bem planejados e ricos em material didático e em atividades, é exigida do aluno dedicação ao estudo e à pesquisa. Não é verdade que em um curso à distância os alunos aprendem menos do que em um curso presencial.
o Quem é muito disperso, pode ter mais dificuldade nos estudos ? É verdade. A EAD não é feita para quem é pouco comprometido ou necessita de alguém cobrando seus estudos o tempo todo. É necessário um compromisso pessoal com a própria aprendizagem. Controlar o seu próprio tempo e dedicar-se com afinco aos estudos é pré-requisito para fazer um bom curso à distância.
o Dizem que para fazer um curso à distância, não é preciso sair de casa. É mito. Tomando novamente como base os cursos de pós-graduação nas áreas da Educação e Administração oferecidos pela SIGMA, durante a primeira fase dos cursos, que dura aproximadamente 5 meses, os alunos devem comparecer à escola semanalmente ou quinzenalmente, dependendo do curso, em datas previamente marcadas, para assistir às aulas. Em uma segunda fase, que dura cerca de 7 meses, ele terá mais flexibilidade de horário, podendo estudar até em casa, se quiser. Durante a terceira fase, que pode ser feita em até seis meses, ele elabora o seu Trabalho de Conclusão de Curso.
o No Ensino à Distância, é possível estudar quando quiser ou tiver vontade ? Depende. Existe uma boa margem para que o aluno monte seu próprio horário, mas também é necessário participar de discussões on-line com professores e colegas, em horários previamente marcados. É preciso ter muito cuidado com esta questão, pois deve-se ter disciplina para manter um bom ritmo de estudos, traçar uma rotina que inclua pesquisas, leituras obrigatórias e algumas complementares. Quem acha que pode estudar quando quiser, muitas vezes não encontra horário para estudar nunca. É importante ficar atento a isto !
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 55 – 19 de Junho de 2010
As conquistas e o avanço da Educação à Distância
Depois de uma ação movida pela promotoria do Patrimônio Público e Social de São Paulo, julgada há algumas semanas, a Justiça determinou que a Prefeitura daquela cidade não pode recusar ou negar validade a diplomas e certificados de cursos e programas a distância nos concursos públicos para preenchimento de cargos de magistério, nos processos de atribuição de turnos e de classes e aulas docentes.
A sentença ainda proíbe a Prefeitura paulista de inserir cláusula restritiva em editais de concurso para o magistério, no sentido de somente aceitar diplomas obtidos em cursos presenciais, e de impedir a posse de candidatos aprovados em cargos de magistério sob o fundamento de que os diplomas não foram obtidos em cursos presenciais, o que acontecia sistematicamente. O poder municipal da maior cidade do país vinha impedindo e negando a posse de candidatos portadores de diplomas de curso a distância, sob a justificativa de que são válidos apenas os diplomas obtidos em cursos presenciais.
Em junho do ano passado, a Promotoria já havia conseguido uma liminar que obrigava a Prefeitura a aceitar os diplomas obtidos por meio de cursos a distância, agora confirmada com a sentença. A decisão foi fundamentada, segundo o juiz, no fato de que "a legislação educacional em vigor confere validade e reconhecimento aos diplomas expedidos pela realização de cursos superiores pela via do ensino à distância. E, por conta disso, não pode haver qualquer discriminação, sob pena de vulnerar o princípio da igualdade". Ainda segundo a sentença, "diante da regulamentação federal, os diplomas de cursos superiores a distância, emitido por instituições de educação superior devidamente credenciadas pelo MEC para esta modalidade, estão amparados pela lei e não se distinguem de diplomas de cursos presenciais".
De fato, os números da Educação à Distância no Brasil impressionam. Mais de 2,5 milhões de brasileiros estudaram em cursos com metodologias a distância no ano de 2007, segundo levantamento feito pelo Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD), em sua edição 2008. A publicação também destaca o crescimento do número de brasileiros educados dentro das próprias empresas onde trabalham. Foram 582.985 pessoas em 2007. Em resumo, temos quem em cada 73 brasileiros estuda a distância. É obvio que estes dados já se modificaram com o tempo e a edição de 2010 do Anuário com os dados relativos a 2009 estão sendo aguardados com expectativa.
A Educação à Distância se apresenta como uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até as escolas, faculdades e universidades. Como visto anteriormente, a EAD também já se tornou uma formidável ferramenta que as corporações estão utilizando para a capacitação de seus colaboradores, com economia de tempo, esforço e dinheiro. Além disso, há sempre os casos em que o aluno faz a opção de estudar no conforto de seu lar ou de seu trabalho, evitando o desgaste das aulas e provas presenciais.
Na próxima coluna, abordaremos mitos e verdades com relação à Educação à Distância. Provaremos que está muito enganado aquele que acha que a EAD é mais fácil ou que tem um nível menor de exigência com relação ao ensino presencial. Até semana que vem.
Depois de uma ação movida pela promotoria do Patrimônio Público e Social de São Paulo, julgada há algumas semanas, a Justiça determinou que a Prefeitura daquela cidade não pode recusar ou negar validade a diplomas e certificados de cursos e programas a distância nos concursos públicos para preenchimento de cargos de magistério, nos processos de atribuição de turnos e de classes e aulas docentes.
A sentença ainda proíbe a Prefeitura paulista de inserir cláusula restritiva em editais de concurso para o magistério, no sentido de somente aceitar diplomas obtidos em cursos presenciais, e de impedir a posse de candidatos aprovados em cargos de magistério sob o fundamento de que os diplomas não foram obtidos em cursos presenciais, o que acontecia sistematicamente. O poder municipal da maior cidade do país vinha impedindo e negando a posse de candidatos portadores de diplomas de curso a distância, sob a justificativa de que são válidos apenas os diplomas obtidos em cursos presenciais.
Em junho do ano passado, a Promotoria já havia conseguido uma liminar que obrigava a Prefeitura a aceitar os diplomas obtidos por meio de cursos a distância, agora confirmada com a sentença. A decisão foi fundamentada, segundo o juiz, no fato de que "a legislação educacional em vigor confere validade e reconhecimento aos diplomas expedidos pela realização de cursos superiores pela via do ensino à distância. E, por conta disso, não pode haver qualquer discriminação, sob pena de vulnerar o princípio da igualdade". Ainda segundo a sentença, "diante da regulamentação federal, os diplomas de cursos superiores a distância, emitido por instituições de educação superior devidamente credenciadas pelo MEC para esta modalidade, estão amparados pela lei e não se distinguem de diplomas de cursos presenciais".
De fato, os números da Educação à Distância no Brasil impressionam. Mais de 2,5 milhões de brasileiros estudaram em cursos com metodologias a distância no ano de 2007, segundo levantamento feito pelo Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD), em sua edição 2008. A publicação também destaca o crescimento do número de brasileiros educados dentro das próprias empresas onde trabalham. Foram 582.985 pessoas em 2007. Em resumo, temos quem em cada 73 brasileiros estuda a distância. É obvio que estes dados já se modificaram com o tempo e a edição de 2010 do Anuário com os dados relativos a 2009 estão sendo aguardados com expectativa.
A Educação à Distância se apresenta como uma excelente oportunidade para aqueles que não têm condições, sejam elas econômicas ou de transporte, de se deslocar até as escolas, faculdades e universidades. Como visto anteriormente, a EAD também já se tornou uma formidável ferramenta que as corporações estão utilizando para a capacitação de seus colaboradores, com economia de tempo, esforço e dinheiro. Além disso, há sempre os casos em que o aluno faz a opção de estudar no conforto de seu lar ou de seu trabalho, evitando o desgaste das aulas e provas presenciais.
Na próxima coluna, abordaremos mitos e verdades com relação à Educação à Distância. Provaremos que está muito enganado aquele que acha que a EAD é mais fácil ou que tem um nível menor de exigência com relação ao ensino presencial. Até semana que vem.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 54 – 12 de Junho de 2010
O MEC quer criar um ENEM para os professores
Foi recebida com uma boa dose de preocupação a ideia do Ministério da Educação (MEC) de criar um Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente. O modelo deverá funcionar de forma semelhante ao novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ou seja, os professores farão a prova e as secretarias de educação municipais e estaduais poderão utilizar a nota para selecionar os profissionais que irão trabalhar na rede pública de ensino.
Em 2011, a prova será destinada aos docentes que tenham interesse em trabalhar com alunos dos primeiros anos do ensino fundamental e da educação infantil. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) será responsável pelo exame. A matriz dos conteúdos que serão cobrados na prova estará disponível para consulta pública no site do Inep. Professores, universidades, estados e municípios podem opinar sobre o modelo da prova durante 45 dias. Logo depois, terá início o período de adesão das redes de ensino.
O Ministro da Educação, Fernando Haddad, em entrevista concedida, disse acreditar que o instrumento pode ajudar a melhorar as condições salariais dos professores da rede pública. "O objetivo é aumentar o salário do professor, porque o professor bem formado vai ser disputado. Todo mundo quer atrair para sua rede os professores que tenham condição de mudar a realidade da escola pública do Brasil. Todo o projeto visa a valorização da carreira", defendeu o ministro.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, a ideia é "em tese" interessante porque contribui para a formação de uma carreira nacional do magistério, antiga revindicação da categoria. Ele teme, entretanto, que o novo instrumento sirva para criar rankings nacionais de avaliação dos docentes. "Isso é muito preocupante e nós não concordamos. Esse projeto deveria ter sido melhor discutido, ele não foi debatido como deveria", critica. Alguns estados utilizam a avaliação de desempenho de alunos e de professores para estabelecer políticas de bônus ou aumento de salário para aqueles docentes que obtêm o melhor resultado, o que os sindicatos são contra. "Os estados e municípios não podem culpar o professor por todos os problemas da educação", diz Roberto Leão.
Entretanto, segundo o ministro da Educação, não há intenção de criar rankings. Ele destaca ainda que as notas obtidas pelo professores não serão divulgadas o que afasta a possibilidade de classificação. "O resultado é um exame exclusivo do professor", disse. Haddad ressaltou que o exame "é endereçado a pessoas que queiram ingressar na rede, não para quem já está na rede pública", por isso não há porquê os professores que já estão atuando temerem a avaliação. "A não ser que o professor queira mudar de rede porque, por exemplo, está insatisfeito com o seu salário. O objetivo do projeto é ampliar o horizonte do profissional. E uma prova é obrigatória para a entrada no concurso público", afirma.
Foi recebida com uma boa dose de preocupação a ideia do Ministério da Educação (MEC) de criar um Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente. O modelo deverá funcionar de forma semelhante ao novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ou seja, os professores farão a prova e as secretarias de educação municipais e estaduais poderão utilizar a nota para selecionar os profissionais que irão trabalhar na rede pública de ensino.
Em 2011, a prova será destinada aos docentes que tenham interesse em trabalhar com alunos dos primeiros anos do ensino fundamental e da educação infantil. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) será responsável pelo exame. A matriz dos conteúdos que serão cobrados na prova estará disponível para consulta pública no site do Inep. Professores, universidades, estados e municípios podem opinar sobre o modelo da prova durante 45 dias. Logo depois, terá início o período de adesão das redes de ensino.
O Ministro da Educação, Fernando Haddad, em entrevista concedida, disse acreditar que o instrumento pode ajudar a melhorar as condições salariais dos professores da rede pública. "O objetivo é aumentar o salário do professor, porque o professor bem formado vai ser disputado. Todo mundo quer atrair para sua rede os professores que tenham condição de mudar a realidade da escola pública do Brasil. Todo o projeto visa a valorização da carreira", defendeu o ministro.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, a ideia é "em tese" interessante porque contribui para a formação de uma carreira nacional do magistério, antiga revindicação da categoria. Ele teme, entretanto, que o novo instrumento sirva para criar rankings nacionais de avaliação dos docentes. "Isso é muito preocupante e nós não concordamos. Esse projeto deveria ter sido melhor discutido, ele não foi debatido como deveria", critica. Alguns estados utilizam a avaliação de desempenho de alunos e de professores para estabelecer políticas de bônus ou aumento de salário para aqueles docentes que obtêm o melhor resultado, o que os sindicatos são contra. "Os estados e municípios não podem culpar o professor por todos os problemas da educação", diz Roberto Leão.
Entretanto, segundo o ministro da Educação, não há intenção de criar rankings. Ele destaca ainda que as notas obtidas pelo professores não serão divulgadas o que afasta a possibilidade de classificação. "O resultado é um exame exclusivo do professor", disse. Haddad ressaltou que o exame "é endereçado a pessoas que queiram ingressar na rede, não para quem já está na rede pública", por isso não há porquê os professores que já estão atuando temerem a avaliação. "A não ser que o professor queira mudar de rede porque, por exemplo, está insatisfeito com o seu salário. O objetivo do projeto é ampliar o horizonte do profissional. E uma prova é obrigatória para a entrada no concurso público", afirma.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 53 – 29 de Maio de 2010
Direitos e Deveres em uma Educação de Qualidade
O governador de São Paulo, Alberto Goldman, e o secretário de Estado da Educação, Paulo Renato Souza, divulgam na quarta-feira desta semana os resultados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) nas redes municipais de ensino do estado de São Paulo. Acredito ser válida uma olhada mais cautelosa nos resultados, pois a realidade da educação brasileira acaba sendo muito semelhante entre os vários estados da federação, e as conseqüentes preocupações com os números apresentados acabam sendo as mesmas de norte a sul do Brasil.
O Saresp avalia os resultados de alunos da 2ª, 4ª, 6ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio em 3 disciplinas - língua portuguesa, matemática e ciências humanas - além da redação. A secretaria do Estado destacou a alta adesão dos municípios este ano, chegando a 82,5% do total - ou 532 cidades. Esta adesão expressiva deveu-se ao fato de que as escolas municipais tiveram acesso gratuito ao sistema que pela primeira vez foi custeado pelo Governo do Estado de São Paulo. O total de alunos avaliados foi de 582.778 em 3.226 escolas.
Os índices apontam para deficiências na base do ensino, nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Na 2ª série, o percentual de alunos que tiveram desempenho regular ou insuficiente em matemática foi de 34,1% e em português, chegou a 41%. Outro problema pode ser verificado na 3ª série do Ensino Médio, onde 44,20% dos alunos mostra rendimento insuficiente em matemática. Esta disciplina, inclusive, mostra-se como a de maior dificuldade dos alunos em todas as séries avaliadas. Em porcentagem, 33,10% dos alunos da 6ª série apresentou resultados insuficientes na disciplina; 28,9% tiveram este baixo aproveitamento na 4ª série e 21,9% na 8ª série.
A explicação para este fenômeno pode estar na deficiência generalizada de número de docentes na área das exatas, em especial em matemática e física, em todo o país. Como resultado da baixa remuneração e o pouco “status” do professor na sociedade moderna, há pouca procura pela carreira e aperfeiçoamento na área, consequentemente, a qualidade do ensino tem decaído.
Talvez para nós, professores, mais frustrante do que os números apresentados na pesquisa seja a posição do secretário de estado de São Paulo, Paulo Renato de Souza, que em entrevista afirmou que “apesar de apresentar índices preocupantes, a educação fundamental não é de responsabilidade do estado, e sim de cada município”. O secretário afirmou ainda ser a favor da municipalização completa do ensino de 1ª a 4ª série.
Como a educação é um direito de todos, conforme reza nossa constituição, torna-se também um dever de todos trabalhar para que ela aconteça, e, principalmente, que seja de qualidade. A meu ver, se um município não tem condições, sejam elas financeiras, técnicas, ou administrativas, para oferecer ensino de qualidade a suas crianças, o estado pode (e deve) ajudá-los de alguma forma. Talvez o dinheiro não seja o único meio de favorecimento. Apoio logístico, estratégico e ajuda no desenvolvimento de políticas públicas municipais voltadas para a melhoria da aprendizagem dos alunos também devem ser consideradas.
O governador de São Paulo, Alberto Goldman, e o secretário de Estado da Educação, Paulo Renato Souza, divulgam na quarta-feira desta semana os resultados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) nas redes municipais de ensino do estado de São Paulo. Acredito ser válida uma olhada mais cautelosa nos resultados, pois a realidade da educação brasileira acaba sendo muito semelhante entre os vários estados da federação, e as conseqüentes preocupações com os números apresentados acabam sendo as mesmas de norte a sul do Brasil.
O Saresp avalia os resultados de alunos da 2ª, 4ª, 6ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio em 3 disciplinas - língua portuguesa, matemática e ciências humanas - além da redação. A secretaria do Estado destacou a alta adesão dos municípios este ano, chegando a 82,5% do total - ou 532 cidades. Esta adesão expressiva deveu-se ao fato de que as escolas municipais tiveram acesso gratuito ao sistema que pela primeira vez foi custeado pelo Governo do Estado de São Paulo. O total de alunos avaliados foi de 582.778 em 3.226 escolas.
Os índices apontam para deficiências na base do ensino, nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Na 2ª série, o percentual de alunos que tiveram desempenho regular ou insuficiente em matemática foi de 34,1% e em português, chegou a 41%. Outro problema pode ser verificado na 3ª série do Ensino Médio, onde 44,20% dos alunos mostra rendimento insuficiente em matemática. Esta disciplina, inclusive, mostra-se como a de maior dificuldade dos alunos em todas as séries avaliadas. Em porcentagem, 33,10% dos alunos da 6ª série apresentou resultados insuficientes na disciplina; 28,9% tiveram este baixo aproveitamento na 4ª série e 21,9% na 8ª série.
A explicação para este fenômeno pode estar na deficiência generalizada de número de docentes na área das exatas, em especial em matemática e física, em todo o país. Como resultado da baixa remuneração e o pouco “status” do professor na sociedade moderna, há pouca procura pela carreira e aperfeiçoamento na área, consequentemente, a qualidade do ensino tem decaído.
Talvez para nós, professores, mais frustrante do que os números apresentados na pesquisa seja a posição do secretário de estado de São Paulo, Paulo Renato de Souza, que em entrevista afirmou que “apesar de apresentar índices preocupantes, a educação fundamental não é de responsabilidade do estado, e sim de cada município”. O secretário afirmou ainda ser a favor da municipalização completa do ensino de 1ª a 4ª série.
Como a educação é um direito de todos, conforme reza nossa constituição, torna-se também um dever de todos trabalhar para que ela aconteça, e, principalmente, que seja de qualidade. A meu ver, se um município não tem condições, sejam elas financeiras, técnicas, ou administrativas, para oferecer ensino de qualidade a suas crianças, o estado pode (e deve) ajudá-los de alguma forma. Talvez o dinheiro não seja o único meio de favorecimento. Apoio logístico, estratégico e ajuda no desenvolvimento de políticas públicas municipais voltadas para a melhoria da aprendizagem dos alunos também devem ser consideradas.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 52 – 22 de Maio de 2010
Usando a Copa do Mundo para tornar as aulas mais interessantes
Sempre falamos que a escola e, principalmente, o professor, devem estar em sintonia com o mundo de seus alunos, falando a sua língua e compartilhando com eles as alegrias e problemas do mundo moderno. Destacamos sempre também que existe um mundo de “coisas boas” do lado de fora dos muros da escola e se as aulas não forem “tão boas” quanto estas atrações exteriores, nada irá fazer o estudante ficar em sala de aula e gostar da escola. Trabalhar o lúdico, realizar atividades externas à escola e trazer assuntos do dia-a-dia para dentro da sala de aula sempre são colocadas como formas de se atrair os alunos e se realizar aulas mais atrativas para os estudantes. Pois bem, a coluna de hoje mostra como algumas iniciativas envolvendo a Copa do Mundo, que se inicia agora no mês de Junho estão animando e diversificando as aulas em diversas escolas do estado do Rio de Janeiro.
Na Escola Municipal General Mitre, no bairro carioca de Santo Cristo, os 430 alunos de 4 a 11 anos estão conhecendo tudo sobre o continente africano, que sediará as partidas. Eles aprendem dialetos, hinos e bandeiras de cada país da África. A Copa está sendo aproveitada para ensinar temas como escravidão, preconceito e grandes personagens da História africana. A diretora da escola explica que os alunos estão escrevendo sobre como os sonhos de Martin Luther King de igualdade poderiam ser aplicados à vida deles, como entrar numa loja e não sofrer com olhares desconfiados, por exemplo.
Não falta criatividade na hora de envolver os alunos na aprendizagem. Os times de futebol do Rio de Janeiro servem de desculpa para estudar a geografia da cidade. Os grandes acontecimentos ligados à Copa viram pano de fundo para aprender o contexto histórico do Brasil na época. Datas de nascimento dos jogadores escalados são "desculpa" para fazer contas. As professores dizem que as tarefas que são passadas para casa sempre voltam prontas, o que não é acontecimento comum em outras épocas do ano.
No Centro Interescolar Miécimo da Silva, em Campo Grande, a disputa esportiva é pretexto para estudar a globalização, pois a Copa em si é um exemplo do que é a globalização. Nem todos os países participam, sempre no fim as potências ganham, como o Brasil, que está se transformando em uma delas. Os alunos entendem que os EUA gostam de dominar; que a Coreia do Norte é polêmica; e qual a influência de um país no outro. A maioria nunca ouviu falar desses países. Além de mostrar para eles que o mundo é grande, os professores ensinam que, pela internet e as comunicações, o mundo pode ser pequeno. Eles podem ver como os países são desiguais, assim como o Rio, e o que pode ser feito para mudar essa realidade.
No Colégio Estadual André Maurois, no Leblon, os 2.400 alunos entraram em campo para pesquisar a localização dos países participantes em mapas e livros. O vocabulário dos jogos incentiva a garotada nas aulas de Espanhol e Inglês. A escola está passando filmes sobre a África e montando exposições artísticas. Já no Colégio Santa Mônica, na Taquara, a Copa do Mundo virou gancho para estudar doenças sexualmente transmissíveis. Como a epidemia de aids é grave na África, os professores aproveitam para fazer um alerta. São estudadas a visão histórica, as relações sociais e de poder nos países africanos e participantes da Copa. A garotada está fazendo painel e analisando matérias de jornais e revistas
Como conclusão, observa-se que os jovens alunos nunca tiveram tanta vontade de estudar Geografia, História, Português e Matemática quanto agora, quando a competição virou tema das atividades. Tudo bem que a Copa do Mundo acontece apenas de 4 em 4 anos, mas a fórmula pode ser usada todos os dias, durante todo o ano. Com um pouquinho de criatividade, alcança-se a aprendizagem. É tudo uma questão de querer e arregaçar as mangas.
Sempre falamos que a escola e, principalmente, o professor, devem estar em sintonia com o mundo de seus alunos, falando a sua língua e compartilhando com eles as alegrias e problemas do mundo moderno. Destacamos sempre também que existe um mundo de “coisas boas” do lado de fora dos muros da escola e se as aulas não forem “tão boas” quanto estas atrações exteriores, nada irá fazer o estudante ficar em sala de aula e gostar da escola. Trabalhar o lúdico, realizar atividades externas à escola e trazer assuntos do dia-a-dia para dentro da sala de aula sempre são colocadas como formas de se atrair os alunos e se realizar aulas mais atrativas para os estudantes. Pois bem, a coluna de hoje mostra como algumas iniciativas envolvendo a Copa do Mundo, que se inicia agora no mês de Junho estão animando e diversificando as aulas em diversas escolas do estado do Rio de Janeiro.
Na Escola Municipal General Mitre, no bairro carioca de Santo Cristo, os 430 alunos de 4 a 11 anos estão conhecendo tudo sobre o continente africano, que sediará as partidas. Eles aprendem dialetos, hinos e bandeiras de cada país da África. A Copa está sendo aproveitada para ensinar temas como escravidão, preconceito e grandes personagens da História africana. A diretora da escola explica que os alunos estão escrevendo sobre como os sonhos de Martin Luther King de igualdade poderiam ser aplicados à vida deles, como entrar numa loja e não sofrer com olhares desconfiados, por exemplo.
Não falta criatividade na hora de envolver os alunos na aprendizagem. Os times de futebol do Rio de Janeiro servem de desculpa para estudar a geografia da cidade. Os grandes acontecimentos ligados à Copa viram pano de fundo para aprender o contexto histórico do Brasil na época. Datas de nascimento dos jogadores escalados são "desculpa" para fazer contas. As professores dizem que as tarefas que são passadas para casa sempre voltam prontas, o que não é acontecimento comum em outras épocas do ano.
No Centro Interescolar Miécimo da Silva, em Campo Grande, a disputa esportiva é pretexto para estudar a globalização, pois a Copa em si é um exemplo do que é a globalização. Nem todos os países participam, sempre no fim as potências ganham, como o Brasil, que está se transformando em uma delas. Os alunos entendem que os EUA gostam de dominar; que a Coreia do Norte é polêmica; e qual a influência de um país no outro. A maioria nunca ouviu falar desses países. Além de mostrar para eles que o mundo é grande, os professores ensinam que, pela internet e as comunicações, o mundo pode ser pequeno. Eles podem ver como os países são desiguais, assim como o Rio, e o que pode ser feito para mudar essa realidade.
No Colégio Estadual André Maurois, no Leblon, os 2.400 alunos entraram em campo para pesquisar a localização dos países participantes em mapas e livros. O vocabulário dos jogos incentiva a garotada nas aulas de Espanhol e Inglês. A escola está passando filmes sobre a África e montando exposições artísticas. Já no Colégio Santa Mônica, na Taquara, a Copa do Mundo virou gancho para estudar doenças sexualmente transmissíveis. Como a epidemia de aids é grave na África, os professores aproveitam para fazer um alerta. São estudadas a visão histórica, as relações sociais e de poder nos países africanos e participantes da Copa. A garotada está fazendo painel e analisando matérias de jornais e revistas
Como conclusão, observa-se que os jovens alunos nunca tiveram tanta vontade de estudar Geografia, História, Português e Matemática quanto agora, quando a competição virou tema das atividades. Tudo bem que a Copa do Mundo acontece apenas de 4 em 4 anos, mas a fórmula pode ser usada todos os dias, durante todo o ano. Com um pouquinho de criatividade, alcança-se a aprendizagem. É tudo uma questão de querer e arregaçar as mangas.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 51 – 15 de Maio de 2010
Protestando e tentando nadar contra a correnteza ...
Alunos do ensino médio que estudam para prestar vestibular já vêm acompanhando desde o ano passado uma novela chamada Novo ENEM. Os seus principais capítulos envolveram, primeiramente, o lançamento desta nova ideia por parte do governo federal, que indicou a possibilidade de as universidades particulares e, principalmente, as grandes universidades federais, adotarem as notas do novo exame (novo não no sentido de ser lançado recentemente, mas novo na ideia de se privilegiar nas provas mais o raciocínio do que a memorização) no processo de seleção de seus novos alunos.
Em seguida, no segundo capítulo, as principais universidades do país tiveram um prazo para decidirem se iriam ou não aderir ao programa. Algumas optaram por não aderir, como foi o caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); outras aderiram completamente ao programa, usando a nota do exame com critério de classificação para a aceitação dos estudantes; e a grande maioria, optou por considerar as notas obtidas pelos candidatos apenas na fase inicial dos exames, a fase eliminatória, mantendo a fase classificatória exatamente como a tradição de cada uma destas universidades.
O terceiro capítulo da novela deu-se em função do vazamento das provas e suspeita de fraude no exame, o que provocou o cancelamento e adiamento dos testes. Este lamentável fato atrapalhou a programação de grandes faculdades e universidades, que não tiveram outra alternativa senão o cancelamento da adesão ao programa, visto que, a época da nova prova do Novo ENEM coincidiria com a época das provas classificatórias programadas por estas instituições. Como conseqüência da saída das grandes instituições, muitos estudantes simplesmente desistiram de realizar as provas, o que provocou baixa presença de candidatos e números pífios para um exame que prometera revolucionar a entrada de alunos nos cursos superiores de todo o país.
Em 5 de maio passado, o Conselho Universitário da UFMG decidiu, por 32 votos a 18, que substituirá a primeira etapa do Vestibular 2011 pelo Enem em todos os seus cursos. As provas do ENEM têm datas programadas de realização nos dias 6 e 7 de novembro, segundo o Ministério da Educação (MEC).
Esta decisão motivou um movimento por parte de estudantes de cursos preparatórios para o vestibular, que protestaram, na semana passada, no campus da Pampulha, contra a adoção do ENEM no vestibular da UFMG. De acordo com a assessoria da universidade, seis representantes do movimento se reuniram com o reitor Clélio Campolina para tratar do assunto. Ainda segundo a assessoria, o processo de adesão ao Enem já era discutido e estudado dentro da universidade desde o ano passado, sendo que a medida é definitiva. Considera também que a decisão se tornou inevitável e coerente em função da política de avaliação para ingresso no ensino superior nas universidades federais, que privilegia a utilização do Enem.
Em entrevista concedida durante a manifestação, uma estudante afirmou: "Estudamos durante cinco meses esperando um tipo de prova e agora vamos fazer outra com um estilo completamente diferente, outros enfoques e outro modelo".
Considerando que o saber é universal e o conhecimento é único, acredito não existir esta coisa de “estilos” ou “modelos”. Se o conteúdo foi estudado e realmente aprendido, não importa o tipo de prova. Pelo contrário, para quem estuda de verdade e se prepara pra valer, a prova do ENEM é muito melhor do que o Vestibular tradicional. Mas para quem tem apenas o dom de “decorar” a matéria e o uso de fórmulas, “memorizar” datas, nomes e fatos, realmente a medida é motivo de preocupação. Eles realmente vão ter problemas, pois trata-se de um teste mais inteligente, que privilegia os mais inteligentes. O protesto é livre, mas acho que estão perdendo o seu tempo, pois poderiam estar estudando e se preparando melhor. Estão, na verdade, nadando (e se cansando, desnecessariamente) contra a correnteza.
Alunos do ensino médio que estudam para prestar vestibular já vêm acompanhando desde o ano passado uma novela chamada Novo ENEM. Os seus principais capítulos envolveram, primeiramente, o lançamento desta nova ideia por parte do governo federal, que indicou a possibilidade de as universidades particulares e, principalmente, as grandes universidades federais, adotarem as notas do novo exame (novo não no sentido de ser lançado recentemente, mas novo na ideia de se privilegiar nas provas mais o raciocínio do que a memorização) no processo de seleção de seus novos alunos.
Em seguida, no segundo capítulo, as principais universidades do país tiveram um prazo para decidirem se iriam ou não aderir ao programa. Algumas optaram por não aderir, como foi o caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); outras aderiram completamente ao programa, usando a nota do exame com critério de classificação para a aceitação dos estudantes; e a grande maioria, optou por considerar as notas obtidas pelos candidatos apenas na fase inicial dos exames, a fase eliminatória, mantendo a fase classificatória exatamente como a tradição de cada uma destas universidades.
O terceiro capítulo da novela deu-se em função do vazamento das provas e suspeita de fraude no exame, o que provocou o cancelamento e adiamento dos testes. Este lamentável fato atrapalhou a programação de grandes faculdades e universidades, que não tiveram outra alternativa senão o cancelamento da adesão ao programa, visto que, a época da nova prova do Novo ENEM coincidiria com a época das provas classificatórias programadas por estas instituições. Como conseqüência da saída das grandes instituições, muitos estudantes simplesmente desistiram de realizar as provas, o que provocou baixa presença de candidatos e números pífios para um exame que prometera revolucionar a entrada de alunos nos cursos superiores de todo o país.
Em 5 de maio passado, o Conselho Universitário da UFMG decidiu, por 32 votos a 18, que substituirá a primeira etapa do Vestibular 2011 pelo Enem em todos os seus cursos. As provas do ENEM têm datas programadas de realização nos dias 6 e 7 de novembro, segundo o Ministério da Educação (MEC).
Esta decisão motivou um movimento por parte de estudantes de cursos preparatórios para o vestibular, que protestaram, na semana passada, no campus da Pampulha, contra a adoção do ENEM no vestibular da UFMG. De acordo com a assessoria da universidade, seis representantes do movimento se reuniram com o reitor Clélio Campolina para tratar do assunto. Ainda segundo a assessoria, o processo de adesão ao Enem já era discutido e estudado dentro da universidade desde o ano passado, sendo que a medida é definitiva. Considera também que a decisão se tornou inevitável e coerente em função da política de avaliação para ingresso no ensino superior nas universidades federais, que privilegia a utilização do Enem.
Em entrevista concedida durante a manifestação, uma estudante afirmou: "Estudamos durante cinco meses esperando um tipo de prova e agora vamos fazer outra com um estilo completamente diferente, outros enfoques e outro modelo".
Considerando que o saber é universal e o conhecimento é único, acredito não existir esta coisa de “estilos” ou “modelos”. Se o conteúdo foi estudado e realmente aprendido, não importa o tipo de prova. Pelo contrário, para quem estuda de verdade e se prepara pra valer, a prova do ENEM é muito melhor do que o Vestibular tradicional. Mas para quem tem apenas o dom de “decorar” a matéria e o uso de fórmulas, “memorizar” datas, nomes e fatos, realmente a medida é motivo de preocupação. Eles realmente vão ter problemas, pois trata-se de um teste mais inteligente, que privilegia os mais inteligentes. O protesto é livre, mas acho que estão perdendo o seu tempo, pois poderiam estar estudando e se preparando melhor. Estão, na verdade, nadando (e se cansando, desnecessariamente) contra a correnteza.
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 50 – 08 de Maio de 2010
A ética e a educação na escola
“Pensar a relação entre ética e educação significa valorizar a centralidade do humano em todas as dimensões do processo pedagógico, incluindo entre estas as que se referem aos aspectos organizacionais e administrativos.
Reconhecemos hoje que a escola é uma organização, uma unidade social com identidade própria e não apenas um serviço local do Estado. Uma organização específica, necessariamente articulada num sistema, mas uma organização. Neste sentido, e tendo em conta os fins da organização escola, a sua responsabilidade social, não podemos deixar de assumir com seriedade a reflexão em torno dos meios que garantem o seu funcionamento.
Não basta invocar valores como dignidade, liberdade, solidariedade e justiça, como se de simples slogans se tratasse. Não basta advogar o ideal de uma escola humanista e democrática, é necessário também cuidar da qualidade ética das mediações institucionais que garantem a sua viabilização. Neste sentido, e porque é a humanidade do homem que temos em referência, os “quês” e os “porquês” da organização escolar deverão ser articulados numa rede de sentido assente, obrigatoriamente, na primordialidade do «quem». De forma mais ou menos assumida, a ética está presente nos diferentes documentos que traduzem o rumo de cada organização e nos seus modos concretos de viver a tarefa educativa. Quem é a escola, qual a sua identidade, a sua memória e o seu projecto? Quem são os sujeitos que lhe dão vida? Quem a dirige, quem a gere e quem a avalia? Para quem se destinam as diferentes propostas de trabalho?
Num mundo complexo e carente de referências, a escola deverá assumir uma estratégia de desenvolvimento autônoma, não abdicando de tomar posição sobre o futuro desejado e sobre as condições objetivas que o podem tornar possível. Inscreve-se nesta lógica de preocupações a valorização do Projeto Educativo de Escola que, em articulação dinâmica com outros instrumentos organizacionais, permite dar expressão à singularidade de cada cultura escolar. Ancorada numa consciência profissional exigente, a problematização de carácter ético não pode ficar confinada ao plano das relações interpessoais, ela deverá ser prolongada nos espaços institucionais e normativos que configuram as práticas. Pensamos até que é esse o lugar privilegiado para a afirmação de uma moral profissional, de uma deontologia. Reconhecemos que, por mais relevantes que sejam, não são suficientes os princípios, os grandes ideais, ou uma consciência pessoal suficientemente inquieta com os males que dificultam a responsabilidade de ensinar a ser adulto num mundo tão problemático e incerto.
É necessário comprometermo-nos no processo permanente de construção de referências balizadoras do viver em comum, persistindo em definir comportamentos considerados moralmente adequados. Ora esta construção passa, em grande medida, por uma tomada de posição nos diferentes espaços de participação potenciados no âmbito de uma cultura organizacional democrática. Acreditamos que é sobretudo nestes contextos, através de uma decisão partilhada e colegial, tornando explícitos os valores tradicionalmente implícitos, que a ética profissional ganha sentido e credibilidade e não na simples adoção de códigos de conduta de caráter corporativista.Precisamos de escolas com alma, com identidade e com rosto. Precisamos de escolas que se constituam em lugares antropológicos, de acordo com a noção defendida por Marc Augé. Precisamos de escolas que sejam, efetivamente, lugares de hospitalidade.
A aprendizagem de uma cidadania ativa e responsável, reclamada pela sociedade do novo século, depende muito da qualidade relacional e emocional que conseguirmos imprimir nas dinâmicas de participação ao nível da vida escolar. No entanto, e importa lembrá-lo, esse não é um fator exclusivo. Quando radicalizada, a retórica da participação pode, perversamente, derivar numa ideologia de responsabilização subordinada a lógicas alheias ao ideal que anunciam. Por esse motivo também, o grande desafio ético que nos é colocado, concretamente em termos de organização e administração escolar, passa por saber equilibrar o respeito pela singularidade dos contextos e pela irredutibilidade própria do enigma humano com a salvaguarda das leis sociais comuns requeridas pelos imperativos de justiça e de solidariedade.
Extraído da Internet: http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/1782840
“Pensar a relação entre ética e educação significa valorizar a centralidade do humano em todas as dimensões do processo pedagógico, incluindo entre estas as que se referem aos aspectos organizacionais e administrativos.
Reconhecemos hoje que a escola é uma organização, uma unidade social com identidade própria e não apenas um serviço local do Estado. Uma organização específica, necessariamente articulada num sistema, mas uma organização. Neste sentido, e tendo em conta os fins da organização escola, a sua responsabilidade social, não podemos deixar de assumir com seriedade a reflexão em torno dos meios que garantem o seu funcionamento.
Não basta invocar valores como dignidade, liberdade, solidariedade e justiça, como se de simples slogans se tratasse. Não basta advogar o ideal de uma escola humanista e democrática, é necessário também cuidar da qualidade ética das mediações institucionais que garantem a sua viabilização. Neste sentido, e porque é a humanidade do homem que temos em referência, os “quês” e os “porquês” da organização escolar deverão ser articulados numa rede de sentido assente, obrigatoriamente, na primordialidade do «quem». De forma mais ou menos assumida, a ética está presente nos diferentes documentos que traduzem o rumo de cada organização e nos seus modos concretos de viver a tarefa educativa. Quem é a escola, qual a sua identidade, a sua memória e o seu projecto? Quem são os sujeitos que lhe dão vida? Quem a dirige, quem a gere e quem a avalia? Para quem se destinam as diferentes propostas de trabalho?
Num mundo complexo e carente de referências, a escola deverá assumir uma estratégia de desenvolvimento autônoma, não abdicando de tomar posição sobre o futuro desejado e sobre as condições objetivas que o podem tornar possível. Inscreve-se nesta lógica de preocupações a valorização do Projeto Educativo de Escola que, em articulação dinâmica com outros instrumentos organizacionais, permite dar expressão à singularidade de cada cultura escolar. Ancorada numa consciência profissional exigente, a problematização de carácter ético não pode ficar confinada ao plano das relações interpessoais, ela deverá ser prolongada nos espaços institucionais e normativos que configuram as práticas. Pensamos até que é esse o lugar privilegiado para a afirmação de uma moral profissional, de uma deontologia. Reconhecemos que, por mais relevantes que sejam, não são suficientes os princípios, os grandes ideais, ou uma consciência pessoal suficientemente inquieta com os males que dificultam a responsabilidade de ensinar a ser adulto num mundo tão problemático e incerto.
É necessário comprometermo-nos no processo permanente de construção de referências balizadoras do viver em comum, persistindo em definir comportamentos considerados moralmente adequados. Ora esta construção passa, em grande medida, por uma tomada de posição nos diferentes espaços de participação potenciados no âmbito de uma cultura organizacional democrática. Acreditamos que é sobretudo nestes contextos, através de uma decisão partilhada e colegial, tornando explícitos os valores tradicionalmente implícitos, que a ética profissional ganha sentido e credibilidade e não na simples adoção de códigos de conduta de caráter corporativista.Precisamos de escolas com alma, com identidade e com rosto. Precisamos de escolas que se constituam em lugares antropológicos, de acordo com a noção defendida por Marc Augé. Precisamos de escolas que sejam, efetivamente, lugares de hospitalidade.
A aprendizagem de uma cidadania ativa e responsável, reclamada pela sociedade do novo século, depende muito da qualidade relacional e emocional que conseguirmos imprimir nas dinâmicas de participação ao nível da vida escolar. No entanto, e importa lembrá-lo, esse não é um fator exclusivo. Quando radicalizada, a retórica da participação pode, perversamente, derivar numa ideologia de responsabilização subordinada a lógicas alheias ao ideal que anunciam. Por esse motivo também, o grande desafio ético que nos é colocado, concretamente em termos de organização e administração escolar, passa por saber equilibrar o respeito pela singularidade dos contextos e pela irredutibilidade própria do enigma humano com a salvaguarda das leis sociais comuns requeridas pelos imperativos de justiça e de solidariedade.
Extraído da Internet: http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/1782840
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Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 49 – 01 de Maio de 2010
Voltando ao assunto da violência na escola ...
Já tivemos chances de discutir, por algumas vezes, aqui nesta coluna, sobre o assunto violência dentro das escolas. Na última oportunidade, destacamos uma matéria publicada na revista Nova Escola de 2009 que concluía ser a indisciplina muito mais um reflexo dos problemas enfrentados pelo sistema educacional do que circunstâncias de momento. A indisciplina seria então sintoma, e não causa destes problemas. Em um determinado ponto, a matéria citava que “as relações entre crianças e adultos devem ser baseadas na cooperação e no entendimento do que é ou não moralmente aceito e porquê”.
Voltamos ao assunto esta semana devido a mais dois novos episódios de violência em duas escolas municipais do Rio de Janeiro, nas últimas semanas, e que deixaram pais e professores apreensivos.
Uma psicóloga foi entrevistada e deu declarações importantes sobre os casos. Segundo a especialista, o maior erro que pode ser cometido pelas pessoas responsáveis pela questão da violência nas instituições é fingir que nada aconteceu. O ideal, segundo ela, é se ter um espaço de discussão para que os estudantes possam falar de suas angústias, dores e medos, mas sem tentar dar lições de moral e bronca, pois adolescente “não curte muito isso", diz ela.
Quanto aos alunos diretamente envolvidos nos episódios violentos, a especialista recomenda que sejam responsabilizados pelo que fizeram e, se possível, que reparem o dano feito ao bem público. Segundo ela, o estudante precisa saber que seus atos têm conseqüências. Entretanto, o melhor é “não usar punições extremas, pois eles não são criminosos e não se trata de um problema de bandido dentro da escola", afirma.
Para os professores de instituições que foram alvo de violência, a grande dificuldade encontrada é controlar os adolescentes em momentos de agitação. Segundo eles, a falta de uma equipe para auxiliar os docentes dentro das escolas e dar assistência aos alunos complica ainda mais a situação. Professores afirmam que a falta de uma relação de confiança em que o estudante se sinta confortável para “se abrir” pode levar o adolescente a não denunciar atos de violência sofridos, testemunhados ou até mesmo motivar novas agressões. Além disso, está constatado que o maior número de casos acontece com alunos com problemas de aprendizado, que não conseguem acompanhar o ensino e se revoltam contra o sistema.
A psicóloga também orienta professores de instituições de ensino que sofrem com dificuldades estruturais, como a falta de profissionais e de condições adequadas em suas instalações a conversar com os alunos e responsáveis sobre os problemas. A partir do diálogo, ela propõe que sejam organizados mutirões para consertar o que for possível. "É típico da adolescência funcionar mais pela ação do que pela palavra. Então, é uma boa ideia substituir o fazer destrutivo por uma ação construtiva." Ela também recomenda que alunos, pais e educadores se unam para cobrar do poder público melhorias nas condições da escola, ao invés de entrar em conflito entre si.
Para sinalizar que não existe rivalidade entre educadores e a comunidade, o Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro propôs para a Escola Municipal José Veríssimo, no Rocha, Rio de Janeiro, apedrejada na última semana, um ato simbólico em que professores distribuíram flores aos alunos.
Já tivemos chances de discutir, por algumas vezes, aqui nesta coluna, sobre o assunto violência dentro das escolas. Na última oportunidade, destacamos uma matéria publicada na revista Nova Escola de 2009 que concluía ser a indisciplina muito mais um reflexo dos problemas enfrentados pelo sistema educacional do que circunstâncias de momento. A indisciplina seria então sintoma, e não causa destes problemas. Em um determinado ponto, a matéria citava que “as relações entre crianças e adultos devem ser baseadas na cooperação e no entendimento do que é ou não moralmente aceito e porquê”.
Voltamos ao assunto esta semana devido a mais dois novos episódios de violência em duas escolas municipais do Rio de Janeiro, nas últimas semanas, e que deixaram pais e professores apreensivos.
Uma psicóloga foi entrevistada e deu declarações importantes sobre os casos. Segundo a especialista, o maior erro que pode ser cometido pelas pessoas responsáveis pela questão da violência nas instituições é fingir que nada aconteceu. O ideal, segundo ela, é se ter um espaço de discussão para que os estudantes possam falar de suas angústias, dores e medos, mas sem tentar dar lições de moral e bronca, pois adolescente “não curte muito isso", diz ela.
Quanto aos alunos diretamente envolvidos nos episódios violentos, a especialista recomenda que sejam responsabilizados pelo que fizeram e, se possível, que reparem o dano feito ao bem público. Segundo ela, o estudante precisa saber que seus atos têm conseqüências. Entretanto, o melhor é “não usar punições extremas, pois eles não são criminosos e não se trata de um problema de bandido dentro da escola", afirma.
Para os professores de instituições que foram alvo de violência, a grande dificuldade encontrada é controlar os adolescentes em momentos de agitação. Segundo eles, a falta de uma equipe para auxiliar os docentes dentro das escolas e dar assistência aos alunos complica ainda mais a situação. Professores afirmam que a falta de uma relação de confiança em que o estudante se sinta confortável para “se abrir” pode levar o adolescente a não denunciar atos de violência sofridos, testemunhados ou até mesmo motivar novas agressões. Além disso, está constatado que o maior número de casos acontece com alunos com problemas de aprendizado, que não conseguem acompanhar o ensino e se revoltam contra o sistema.
A psicóloga também orienta professores de instituições de ensino que sofrem com dificuldades estruturais, como a falta de profissionais e de condições adequadas em suas instalações a conversar com os alunos e responsáveis sobre os problemas. A partir do diálogo, ela propõe que sejam organizados mutirões para consertar o que for possível. "É típico da adolescência funcionar mais pela ação do que pela palavra. Então, é uma boa ideia substituir o fazer destrutivo por uma ação construtiva." Ela também recomenda que alunos, pais e educadores se unam para cobrar do poder público melhorias nas condições da escola, ao invés de entrar em conflito entre si.
Para sinalizar que não existe rivalidade entre educadores e a comunidade, o Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro propôs para a Escola Municipal José Veríssimo, no Rocha, Rio de Janeiro, apedrejada na última semana, um ato simbólico em que professores distribuíram flores aos alunos.
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