Globalização: estamos mais próximos ou ainda mais distantes ?
No mês passado, o Brasil sediou o III Fórum da Aliança das Civilizações, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro e teve as presenças ilustres do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, além de outros líderes mundiais.
Na véspera do início do fórum, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) divulgou um relatório de divulgação mundial denominado "Investir na diversidade cultural e no diálogo intercultural", apresentado pela diretora geral da entidade, Irina Bokova. No evento de apresentação, o órgão alertou para a extensão de uma nova forma de "analfabetismo" entre as diferentes culturas do mundo, que impede o diálogo e o entendimento, causando conflitos. "Entender outras culturas é crucial para o sucesso das relações internacionais e muito importante para um futuro pacífico", afirmou Bokova.
A diretora do organismo cultural das Nações Unidas assinalou que embora os povos diferentes estejam "mais próximos do que nunca" devido ao amplo processo de globalização, pela mobilidade geográfica e pela internet, ainda é preciso ter "flexibilidade, abertura e humildade" para tratar com os indivíduos de outras culturas. O documento também diz que embora o processo de globalização seja visto frequentemente como algo negativo, também pode contribuir para "reconfigurar" algumas formas de diversidade cultural graças a ferramentas como a internet.
Por outro lado, o relatório alertou que nem todas as culturas respondem da mesma maneira perante estes processos, por isso é preciso fazer esforços para salvaguardar as expressões culturais ameaçadas. A internet contribuiu para aprofundar a preponderância de poucas línguas, ao mesmo tempo em que ajuda a reviver línguas agonizantes ou mortas.
O relatório considera que isto é uma evidência de que a decadência de uma língua é consequência de sua categoria política, social, cultural e administrativa. Ele traz como exemplo o islandês que, embora seja falado apenas por 350 mil pessoas, não está ameaçado, enquanto línguas africanas como o pulaar e o fulfulde, com quatro vezes mais falantes na África, está em perigo devido ao avanço do inglês e a falta de transmissão entre gerações.
A Unesco também reiterou a necessidade de incorporar novos interlocutores, especialmente mulheres e jovens, no diálogo entre as diferentes culturas, além da possibilidade de criação de um observatório mundial das repercussões da globalização sobre a diversidade cultural, que deveria ser estudada, como propõe o texto em suas conclusões.
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