segunda-feira, 12 de julho de 2010

Coluna “Falando de Educação” - Ano II – Número 52 – 22 de Maio de 2010

Usando a Copa do Mundo para tornar as aulas mais interessantes

Sempre falamos que a escola e, principalmente, o professor, devem estar em sintonia com o mundo de seus alunos, falando a sua língua e compartilhando com eles as alegrias e problemas do mundo moderno. Destacamos sempre também que existe um mundo de “coisas boas” do lado de fora dos muros da escola e se as aulas não forem “tão boas” quanto estas atrações exteriores, nada irá fazer o estudante ficar em sala de aula e gostar da escola. Trabalhar o lúdico, realizar atividades externas à escola e trazer assuntos do dia-a-dia para dentro da sala de aula sempre são colocadas como formas de se atrair os alunos e se realizar aulas mais atrativas para os estudantes. Pois bem, a coluna de hoje mostra como algumas iniciativas envolvendo a Copa do Mundo, que se inicia agora no mês de Junho estão animando e diversificando as aulas em diversas escolas do estado do Rio de Janeiro.

Na Escola Municipal General Mitre, no bairro carioca de Santo Cristo, os 430 alunos de 4 a 11 anos estão conhecendo tudo sobre o continente africano, que sediará as partidas. Eles aprendem dialetos, hinos e bandeiras de cada país da África. A Copa está sendo aproveitada para ensinar temas como escravidão, preconceito e grandes personagens da História africana. A diretora da escola explica que os alunos estão escrevendo sobre como os sonhos de Martin Luther King de igualdade poderiam ser aplicados à vida deles, como entrar numa loja e não sofrer com olhares desconfiados, por exemplo.

Não falta criatividade na hora de envolver os alunos na aprendizagem. Os times de futebol do Rio de Janeiro servem de desculpa para estudar a geografia da cidade. Os grandes acontecimentos ligados à Copa viram pano de fundo para aprender o contexto histórico do Brasil na época. Datas de nascimento dos jogadores escalados são "desculpa" para fazer contas. As professores dizem que as tarefas que são passadas para casa sempre voltam prontas, o que não é acontecimento comum em outras épocas do ano.

No Centro Interescolar Miécimo da Silva, em Campo Grande, a disputa esportiva é pretexto para estudar a globalização, pois a Copa em si é um exemplo do que é a globalização. Nem todos os países participam, sempre no fim as potências ganham, como o Brasil, que está se transformando em uma delas. Os alunos entendem que os EUA gostam de dominar; que a Coreia do Norte é polêmica; e qual a influência de um país no outro. A maioria nunca ouviu falar desses países. Além de mostrar para eles que o mundo é grande, os professores ensinam que, pela internet e as comunicações, o mundo pode ser pequeno. Eles podem ver como os países são desiguais, assim como o Rio, e o que pode ser feito para mudar essa realidade.

No Colégio Estadual André Maurois, no Leblon, os 2.400 alunos entraram em campo para pesquisar a localização dos países participantes em mapas e livros. O vocabulário dos jogos incentiva a garotada nas aulas de Espanhol e Inglês. A escola está passando filmes sobre a África e montando exposições artísticas. Já no Colégio Santa Mônica, na Taquara, a Copa do Mundo virou gancho para estudar doenças sexualmente transmissíveis. Como a epidemia de aids é grave na África, os professores aproveitam para fazer um alerta. São estudadas a visão histórica, as relações sociais e de poder nos países africanos e participantes da Copa. A garotada está fazendo painel e analisando matérias de jornais e revistas

Como conclusão, observa-se que os jovens alunos nunca tiveram tanta vontade de estudar Geografia, História, Português e Matemática quanto agora, quando a competição virou tema das atividades. Tudo bem que a Copa do Mundo acontece apenas de 4 em 4 anos, mas a fórmula pode ser usada todos os dias, durante todo o ano. Com um pouquinho de criatividade, alcança-se a aprendizagem. É tudo uma questão de querer e arregaçar as mangas.

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